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Tasso Franco

ORONAVIRUS, NOVAS TECNOLOGIAS E AS RELIGIÕES: O QUE ESTÁ MUDANDO (TF)

Mudanças profundas já estão acontecendo nas relações ciência x fé em religiões e crenças
30/06/2020 às 09:43
   MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. A pandemia do coronavirus trouxe um dado novo nas relações ciência e fé fazendo com que muitas pessoas ficassem mais céticas, mais incrédulas em realção ao que pregam os religiosos de todas as matizes. 

   2. Esse fenômeno já vinha se aprofundando com o avanço da internet. Nos útimos 20 anos estima-se que 25 milhões de norte americanos disseram não ter qualquer religião. Scott Galloway, professor da UCLA, NY, diz que a maior causa da descrença é o acesso à informação via internet (especialmente o Google) e uma mlhor qualidade na educação, que reduz a crença das pessoas.

   3. A fé e as religiões, seitas e outras, vão continuar existindo. Mas, o que estamos presenciando no momento desta pandemia e graças às informações proporcionadas pela internet por inúmeros portais é a perda de forças das crenças.

   4. Quando o papa, lider da Igreja Católica, os kardecistas, os evangélicos, os religiosos de matrizes africanas e indus, os xamãs e outros se recolhem temendo o coronavirus os fiéis e seguidores dessas religiões sentem que o furo é mais embaixo e o divino, o dogmático, o milagre e outras narrativas passam para um plano de incertezas. Muitas narrativas religiosas são ficcionais.

   5. E ai, a fé, se concentra noutra dimensão, mais real, ciência de um lado x Deus do outro, uma busca que atravessa séculos e que, agora, o homem tendo níveis de informações mais precisas e rápidas das coisas e uma educação mais abalizada, a crença no que falam os religiosos diminui. E a força deles junto à sociedade também. 

   6. Recentemente, em Salvador, tomou posse o novo arcebispo primaz do Brasil, dom Sérgio da Rocha, e nunca houve uma solenidade e recepção tão mixórdias, isso diante da ameaça do coronavirus que forçou um afastamento dos católicos. Cremos que 90% dos católicos da Salvador ainda não sabem que é seu arcebispo, o que ele pensa e o que pretende realizar.
 
   7. Ora, mas, se o padroeiro de Salvador, São Francisco Xavier curou uma peste, sanou uma matança no século XVIII com orações, por que esse padroeiro não protegeu os féis para irem abraçar dom Sérgio? 

   8. Porque no século XVIII a informação era outra e os jesuitas espalharam na sociedade que esse santo espanhol, missionário na Ásia, havia feito esse milagre e influenciaram para que a Câmara de Salvador trocasse o padroado de Santo Antônio, que era franciscano, para um jesuita. Hoje, seria impossível porque o nivel de informação é outro. Trocar São Francisco Xavier por um santo que cure coronavirus não existe. Ninguém acredita.

   9. O Google fornece informações com uma agilidade e precisão que muda muita coisa. Sabemos sobre o coronavirus com um clicar no mouse do computador, na África, nos EUA, na Alemanha, no Brasil. E essa informação é extremamente democrática e acessível aos ricos, aos médios e aos pobres. Ou seja, ao CEO de uma empresa, a um professor, a um gari com o mesmo grau de conhecimento.

   10. No meu tempo de universitário, anos 1960, final desta década, a enciclopédia mais valiosa era a Britânica. Mas, pouca gente tinha acesso porque era cara e volumosa. Se você fosse pesquisar sobre o tigre de Bengala, por exemplo, tinha que pegar o volume da letra T e procurar no Ti. Havia uma informação resumida. Hoje, você tecla no Google "Tigre de Bengala" e tem uma gama de informações imensas, fotos, videos, história, aventuras, filmes, etc.

   11. Isso vale também para as religiões. Recentemente, um pastor evangélico no Brasil estava oferecendo à venda uma poção que curava Covid. Foi denunciado à Polícia. Fosse no século XIX venderia bastante a poção e ainda difundiria a cura. 

   12. Santo Antônio (adoro esse santo) conersava com os peixes. Mas, isso foi no século XIII. Quando ele morreu o papa Gregório IX canonizou-o com menos de 1 ano. Hoje, vocês viram quanto demorou a canonização da irma Dulce? Há mais critérios da Igreja e até uma Congregação. Menos milagre e mais abnegação com o próximo.

   13. Depois da pandemia do coronavirus e com a expansão da internet as religiões vão mudar e muito. Já estão mudando. Veja a quantidade de programas nos meios eletrônicos e nas TVs em todo mundo. Na Bahia foram suprimidas as festas para Santo Antônio, São João e São Pedro. Milhares de templos evangélicos estão fechados.

   14. Pregadores estão mais antenados com a revolução provocada pelas novas tecnologias, mas, os fiéis também. Nada vai acabar: Vão ter os oradores a Deus cristão, a Alah, a Buda, aos espíritos, as folhas e animais. O homem, no entanto, está mais conssciente, mais esclarecido e a pandemia pôs luz nessa direção entre a ciência e a fé.
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