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Tasso Franco

BOLSONARO A BEIRA DE IMPEACHEMENT E PAÍS SEM FEDERAÇÃO, p TASSO FRANCO

O Brasil perdeu a característica constitucional de Federação e cada gestor age por conta própria
24/04/2020 às 11:48
MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Ao assumir o cargo no inicio de 2019, o presidente Jair Bolsonaro, no PSL, montou o seu governo com dois alicerces principais, pelo menos no que foi divulgado na época atendendo uma exigência do seu eleitorado de 53 milhões de pessoas que baniram o PT do poder: 1) Modernizar a economia, privatizar empresas, fazer as reformas estruturais e dinamizar o agronegócio; 2) Combater a corrupção. 

   2. Daí que o presidente apresentou ao país dois super-ministros Paulo Guedes, na Economia; e Sérgio Moro, na Juriça, para comdar essas missões com "cartas-brancas".

   3. O governo deu a partida com essa configuração e os brasileiros que votaram nele acreditaram que isso seria possível, desejável, até porque estavam (e estão) cansados de tantas promessas não cumpridas e da frustração com o governo da Esperança do PT. 

   4. Aos poucos, no entanto, Bolsonaro assessorado por três filhos e um guru que mora nos EUA, começou a dar sinais de que não era bem assim e isso ficou demonstrado quando dos debates pela Reforma da Previdência que o presidente nunca se empenhou. 

   5. Não fosse o clamor da sociedade, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro da Previdência, Rogério Marinho, a RP não teria êxito. Bolsonaro protegeu os militares e outras categorias cedendo mais do que se esperava dele diante da expectativa do seu eleitorado e da camapanha de 2018.

   6. Depois, começou o troca-troca de ministros, brigas palacianas, envolvendo inclusive as pessoas que eram mais ligadas a ele como Bebiano e Onyx Lorenzoni. E, culminando, nessa inicial com a saída do presidente do PSL, ao que se disse , na disputa pelo controle da verba partidária. Bolsonaro ficou sem partido e está criando um novo.

   7. Por outro lado, o governo nunca teve uma relação cordial com o Congresso porque não tinha articuladores políticos e, também, aos poucos, Bolsonaro foi riscando do mapa pessoas ligadas ao seu circulo politico, como as deputadas Joyce Halsseman e a baiana Dayane Pimentl, Janaina Pascoal, Alexandre Frota e outros. 

   8. Depois, rifou Onyx Lorenzoni que ainda era o único a manter uma boa relação com o Congresso. As derrotas foram se seguindo de tal ordem que o presidente rompeu relação com os presidentes das duas casas, Câmara de Senado.

   9. Agora, desmorona-se um dos pilares do governo, o combate a corrupção. A maior bandeira do governo Bolsonaro, não que fosse dele, em sí, mas, que vinha das ruas contra a roubalheira do PT e foi personificada em Sérgio Moro que o presidente levou-o para o Ministério da Justiça. 

   10. Hoje, Moro, cansado, desgastado, fritado, pediu exoneração do cargo diante de uma possível interferência do presidente na Polícia Federal simbolo da anticorrupção.

   11. Moro acusou o presidente de tentar interferir em investigações desenvolvidas pela PF e Bolsonaro defendeu-se dizendo que nunca aconteceu isso insinuando que Moro teria condicionado a demissão do superintendente da PF, Mauricio Valeixo, a sua indicação para o STF. Uma lama.

   12. No balanço geral, a perna do combate a corrupção quebrou e o eleitorado 53 milhões, uma boa parte dele, já se desiludiu com Bolsonaro e agora com a saída de Moro amplia essa desiluzão. 

   13. O presidente a cada momento diz uma coisa e pratica outra. É um bate cabeça enorme no governo e o país está paralisado, as tais reformas de Guedes nunca sairam do papel, o dolar já chega a R$5,70 o presidente classifica uma pandemia que já matou quase 4.000 brasileiros de uma gripizinha, desrespeita a OMS, demite o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, não se entende com os governadores e o Brasil vai seguindo por solavancos.

   14. Desde o inicio da pandemia do coronavirus deixamos de ser uma Federação: é cada dirigente por si e Deus por nós todos. 

   15. Os governadores não querem conta com Bolsonaro e decidem o que têm que decidir nos seus estados e os prefeitos idem. Ninguém respeita o presidente até porque ele não se faz respeitar e vai na contra-mão da história e da pandemia. 

   16. O Nordeste, mesmo antes da pandemia, já tinha instituido a República do Nordeste com a direção do governador da Bahia, Rui Costa, e a participação de todos os governadores e já negociam diretamente com a China.

   17. Agora, fala-se, nos bastidores de Brasília, já em curso, uma fritação de Paulo Guedes, o único hoje que apareceu na fala do presidente a imprensa de manga de camisa e usando mascara de proteção contra o Covid. Imagina! Cancelou uma videoconferência com empresários de SP e foi a fala de Bolsonaro seu usar sapatos, só de meias. 

   18. Ora, se esse outro pilar do governo Bolsonaro desmoronar, adeus yayá. Rum com Guedes, pior sem Guedes. Esperar reformas em ano de pandemia é impossível. E Bolsonaro não quer. A TV Brasil que o diga, segue firme com audiência zero. O Correios capegando mas existindo e por ai vai. 

   19. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já tem uma ala do DEM que defende sua saida do governo. Vive como bombeira apagando incêndios. O último foi uma critica do filho de Bolsonaro a China país grande comprador de produtos agricolas do Brasil. 

   20. Hoje, até Michel Temer, sempre discreto, disse que Bolsonaro está no caminho errado. E FHC pediu sua renúnica. Na semana passada, o ex-presidente Collor também advertiu Bolsonaro dizendo que já tinha visto esse filmne, de um provável impeachment.

   21. Hoje, também, as relações de Bolsonaro com o STF são as piores possíveis. E pra completar o pandemônio há, ao menos, 18 solicitações de impeachement na mesa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Se isso acontecer, mesmo durante a pandemia, ninguém se surpreenderá.