Colunistas / Miudinhas
Tasso Franco

ELEIÇÕES 2016: A vitória de Adriano em Serrinha e o sonho de Osni (TF)

O que fará as oposições e porque o prefeito abandonou o candidato do PR, Ferreirinha, no final da campanha
09/10/2016 às 22:04
 MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Desde 1983 e durate 25 anos, a política de Serrinha viveu em função de três personagens: Josevaldo Lima (Zévaldo), Paulino Alexandre Santana (Popó) e Claudionor Ferreira da Silva (Ferreirinha). Os grupos brigavam numa eleição e se juntavam na outra. Era a valsa: ZéValdo/Popó/Ferreirinha; Popó/Zévaldo/Ferreira. Essa dança das cadeiras só terminou em 2008 com a eleição de um jovem professor distritral, Osni Cardoso (PT), embalado na onda vermelha que tomou conta do país com a eleição de Lula presidente, a partir de 2002, reeleição em 2004 e ascensão de Dilma, em 2008. 

   2. Osni venceu com uma proposta de mudança, renovação e esperança, pois, havia uma fadiga de materiais dos grupos reinantes de diversos partidos PDS-1/PDS-2/PMDB/PR/PFL/PRN/PTB,etc, uma miscelânia de partidos e gestões, quase sempre, medianas ou abaixo da critica. Nada inovador e que pudesse desenvolver o município. A rigor, o crescimento deu-se por inércia e ações da iniciativa privada, no comércio e na agropecuária.

   3. Osni fez um primeiro mandato (2009/2012) entre regular e ótimo/bom, no conceito clássico de avaliação de gestão. Na reeleição, sentiu que a onda vermelha ainda era forte com Dilma/Lula/Wagner mas precisava compor com o novo e com as tradicionais personalidades da política serrinhense e buscou um novato para ser seu vice, o empresário Gika Lopes, até então no PSB de Lidice da Mata, para fortalecer sua campanha na zona rural e aliançou-se com Ferreirinha, ex-prefeito duas vezes, detentor da legenda do PR.

   3. Passou numa eleição contra seu vice da primeira chapa, o jovem médico Adriano Lima, filho de Zévaldo. Esperava-se que Osni fizesse uma gestão em segundo mandato melhor do que a primeira. Ledo engano. Na avaliação de pesquisas, essa segunda gestão entrou na faixa regular e ruim/péssima. Houve um certo alívio, em 2014, quando Osni conseguiu eleger Gika Lopes, seu vive, a deputado estadual numa coligação com várias forças políticas de Serrinha: o PR de Ferreirinha e o PSD de Plínio Carneiro de Wardinho Serra. 

   4. A segunda gestão de Osni, no entanto, não melhorou. Só fez piorar apesar de ter em Ondina, governadores do PT: Wagner até 2014; e a partir daí Rui Costa, seu aliado, a quem votou para deputado federal, em 2010, quando pouca gente já ouvira falar em Rui. Sentiu, ainda, os efeitos da crise financeira que se abateu no país a partir de 2009 e só fez se aprofundar, incluindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

   5. Quando chegou 2016, o ano eleitoral, Osni sequer tinha preparado um candidato no âmbito do PT para sucedê-lo. Dois secretários - Jivaldo Oliveira e Edvaldo Teixeira - se ensairam e mais Gika Lopes. Promoveu-se uma prévia Gika venceu. Na semana Santa, Wardinho confidenciou ao Bahia Já que o PSD não apoiaria Gika de forma alguma. Sinalizou, assim, que faria uma aliança com Ardiano Lima, já no PMDB, e em plena pré-campanha. Ferreirinha ficou de analisar com mais cautela o quadro.

   6. Em maio, os médicos diagnosticaram um câncer de próstata no deputado Gika, em evolução, com necessidade premente de cirurgia. A operação foi marcada para o dia 18 de julho em SP e Gika adbicou da candidatura. Osni bateu na porta de Ferreirinha e este aceitou a tarefa de ser o candidato a prefeito, pelo PR numa aliança com o PT, partido que indicaria o candidato a vice (Paulo Bahia).

   7. A essa altura, já passando do São João, os estudos de pesquisas indicavam que a candidatura Adriano estava disparado à frente. Ferreirinha, no entanto, não se intimidou. Médico, 70 anos, experiente, carismático, foi a luta e seu nome deslanchou. Tinha contra sí, dois adentos: fora prefeito duas vezes e passara os cargos para os vices, Hamilton Safira e Tânia Lopes. E enfrentaria a dicotomia velho x jovem.

  8. Encontrei nessa época, Adelson Nogueira, ex-vereador, conhecedor da politica serrinhense e este me disse: "Ferreirinha vai ganhar a eleição. Além de ser bom de voto, imbatível em eleições, precisa, no entando do apoio do prefeito Osni, o qual mesmo desgastado, tem bom trabalho na zona rural e há um programa de cisternas e aguadas em curso e o reacll do Minha Casa".

  9. Quando chegou na Vaquejada de Serrinha, 7 de setembro, faltando 27 dias para o pleito, Osni foi a festa que é organizada por Wardinho Serra (PSD) e faz fotos com o empresário. Aí deu-se uma enorme polêmica. Na ótica petista, era apenas uma visita formal, do gestor municipal a festa; na ótica dos peerepistas (PR de Serrinha) era uma traição. Os adeptos da campanha Ferreirinha postaram nas redes sociais as fotos e sentaram a madeira em Osni. O prefeito viu e não gostou. Retraiu-se.

   10. Houve um comício na Cidade Nova, Ferreirinha usando o minitrio de Osni/Gika, e aí, de viva voz, segundo fontes petistas, anarquisou Osni. A partir desse episódio, o prefeito saiu de vez da campanha de Ferreirinha e ainda tirou o carro de som.

   11. Mas, a essa altura dos acontecimentos, Ferreirinha em jogada de marketing ensaiou abandonar a candidatura, apresentou-se fortissimo nas ruas em caminhadas enormes. O sinal amarelo bateu na campanha de Adriano que, a essa altura, já não estava tão disparado nas pesquisas e poderia enfrentar ume eleição duríssima no dia 2 de outubro. 

   12. Comentamos aqui neste site, que a eleição estava superpolarizada e quem tivesse mais organização no dia pleito, ganhava. Quem assistiu as duas caminhadas/carretas de Adriano (PMDB) x Ferreirinha (PR) no domingo anterior a eleição achava que daria empate. Uma vibração fora do comum dos dois lados, entusiasmo, paixões. 

   13. Mas, a essa altura o PT havia abandonado Ferreirinha e quando as urnas foram abertas, Adriano teve 55.49% dos votos (23.235);  Ferreirinha 41.69 dos votos (17.455); e Gerson Avelino (Gerson das Fitas) 2.82% (1.181 votos). 

   14. Diria, que mesmo assim, representou uma eleição disputadissima, voto a voto, e se o candidato não fosse Ferreirinha, e sim um dos petistas que participaram da prévia, exceto Gika, a vitória de Adriano seria ainda maior.

  O QUE ACONTECERRÁ DORAVANTE

   15. Quem ganha vira administração e cuidará do município; quem perde, integra a oposição. A partir de janeiro de 2017 esse será o compasso da música: Osni (PT), Ferreirinha (PR) e Gerson Avelino (Gerson das Fitas) PSOL farão oposição; e Adriano (PMDB), Adalberto Dutra (Berg da Aragon) PMN, seu vive; Plínio Carneiro e Wardinho Serra (PSD); e mais integrantes do DEM/PSDB/PP/PV/SD/PSDC/PTdoB, governarão.

   16. Uma coligação tão grande é sempre problema na hora de 'dividir o bolo' e formatar o goveno. Esse será o primeiro desafio de Adriano, um jovem politico, que embora seja filho de ZéValdo, não tem experiência administrativa.

   17. Fontes da oposição disseram ao BJÁ que a primeira dessavença na coligação "Serrinha Compromisso com o Progresso" (PMDB) será entre Adriano e seu vice Berg, entendendo-se que Berg é impetuoso, empresário com a visão mais prática do que política, vai querer fazer projetos na PMS e não haverá dinheiro para isso. Daí - essa é a aposta do PT - haverá um choque. Nunca se sabe. Adriano tem um bom assessor em política, seu pai ZéValdo, que poderá lhe orientar nessas questões.

  18. Osni deverá deixar o Consisal passando o bastão para o prefeito de Coité, Assis (PT) releito, e pretende candidatar-se a deputado federal tendo como parceiro em dobradinha na região do Sisal, Gika Lopes. É um projeto bom, ambicioso, uma vez que a última vez (e única) que Serrinha teve um deputado federal foi com Rubem Nogueira, no inicio da década de 1960. 

   19. Osni, no entanto, terá dificuldades, primeiro porque estará fora do poder (salvo se Rui Costa se arrumar um cargo regional como Luis Viana Filho fez com Luis Viana Neto/ Plínio Carneiro em tempos idos) e a praça do PT, hoje, Coité, tem o deputado Alex da Piatã (PSD), o qual cresceu bastante na região do Sisal e sertão de Euclides da Cunha ingresando no PSD e deverá ser candidato a deputado federal.

   20. Na campanha passada, Coité/Assis deu 11.000 votos a Emiliano José, não eleito deputado federal pelo PT. Vê-se, pois, a importância de Coité para Osni/ou/Alex da Piatã. Se o nome de Coité for Alex, Osni tá fora. Tem que arrumar votos noutra praça. Como deu mais de 5.000 a Moema Gramacho, em 2014, agora eleita prefeita de Lauro de Freitas, pode ser que ela lhe ajude. Duvida-se.

   21. Outra questão é que Gika não terá mais os apoios de Ferreirinha/Wardinho/Plínio Carneiro o que é um complicador para ele. Além disso, está ainda endividado com a campanha de 2014 e teme pulverizar seu patrimônio numa nova campanha. 

   22. Na situação, o prefeito Adriano deverá votar em candidatos do PMDB. Fala-se em Lúcio Vieira Lima (federal) e Luciano Simões Filho (estadual); Ferreirinha deve seguir João Bacelar (PR), federal  e um estadual ainda indefino; e o grupo do PSD também votar nos candidatos do PSD (Otto Alencar). Berg, PMN, pode sonhar ser candidato a deputado estadual.

   A ESPERANÇA

   23. O prefeito Adriano chega a PMS como uma nova esperança. Não pode falhar como o fez Osni senão será apeado do poder. A população, nos dias atuais, está mais atenta. Tem que fazer uma administração política mas com gente gabaritada, um secretariado de qualidade. Tem a ser favor o fato do PMDB está no poder central com Temer/Geddel e uma possibilidade do fim da crise financeira, em 2017.

   24. E, se quiser ter sucesso, precisa retirar Serrinha do antigo ciclo mais do que vicioso de calçar ruas, fazer escolas nos distritos e promover festas - São João e Micareta. Serrinha está a exigir um projeto mais ambicioso no segmento emprego e renda, na área industrial e de serviços.

   25. Trabalhar para consolidar Serrinha como pólo regional de serviços médicos, de comércio e de tecnologia da informação; e usar toda sua força no desenvolvimento industrial. O Sudic de Feira está saturado e Serrinha pode aproveitar muita coisa que poderia ir para lá. Além disso, tem vocação no segmento alimentos, bebidas e agropecuária, e uma galera jovem querendo trabalhar.

   26. Se optar pelo miúdo, como fizeram a maioria dos gestores de Serrinha, dança a marcha de retirada. 

   27. Uma outra questão para fechar esse comentário é que precisa ser transparente. Essa é uma nova exigência da sociedade. Trabalhar muito e abrir as contas, divulgar isso para a população.