A questão racial nos EUA continua muito mais complexa do que no Brasil e os negros continuam sofrendo o pão-que-o-diabo-amassou mesmo com Obama presidente
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. (Da Imprensa internacional) Não vou dizer que uma imagem valha mais que mil palavras ou que possa substituir a necessidade de respostas para complexas situações como a de Baltimore, onde na sexta-feira seis policiais foram indiciados pela morte do jovem negro Freddie Gray, que ocorreu quando ele estava sob custódia policial em abril, em mais um evento que engatilhou protestos violentos e uma nova saraivada no debate sobre mazelas urbanas, brutalidade policial e racismo nos EUA.
2. A foto serve para ilustrar (sic) a complexidade da situação e as divisões que o caso gerou. Para quem é realmente desatento ou prefere não ver as coisas com todas as cores, são três policiais negros e três policiais brancos. Em Baltimore, 2/3 dos habitantes são negros, a prefeita é negra, o presidente da Câmara dos Vereadores é negro, o chefe da polícia é negro, assim como 40% dos policiais na cidade, e a promotora encarregada do caso é negra.
3. Abaixo dessa estrutura do poder, existem impressionantes mazelas sociais. Na vizinhança em que vivia William Gray, 50% dos moradores estão desempregados e 50% dos alunos do segundo grau não aparecem rotineiramente na escola. Há uma taxa de homicídios em Baltimore seis vezes acima da média nacional. Um primo da prefeita morreu baleado e a mesma coisa ocorreu com um sobrinho do presidente da Câmara dos Vereadores. Um estudo feito pelo jornal The Washington Post mostrou que em nove bairros de Baltimore a expectativa de vida está abaixo da existente na Síria. Na cidade, a alguns quilômetros dos “bairros sírios”, a expectativa de vida salta 20 anos.
4. Vastos programas sociais foram implantados em cidades como Baltimore desde os anos 60. Fracassaram? Não, mas colocar mais dinheiro não basta para resolver problemas sociais e pode criar mais disfunções. A policia é brutal? Sim, mas a barra é pesada em Baltimore e a imensa maioria das vítimas da violência é negra. Não é mole ser policial na cidade. Existe racismo nos EUA? Sim, mas é residual, hoje misturado com estas mazelas sociais.
5. Os jovens que protestaram nos últimos dias nas ruas de Baltimore (e, imperdoável, em muitos casos recorrendo à delinquência e ao vandalismo) reclamavam mais da instituição policial do que da raça. Já a polícia reclama que muito se espera dela, com expectativas de que esteja equipada para encarar tantas patologias sociais, quando seu foco deveria ser manter lei e ordem.
6. Em um cenário por si complexo, tudo fica mais convoluto pela aparição dos mercadores da demagogia ao longo do espectro (negro ainda é tratado como escravo, negro é vagabundo), dos provocadores que se congregam em pontos de tensão e de uma imprensa (especialmente as televisões por assinatura) em busca das imagens mais sensacionalistas.
7. O fato é que gerações de jovens negros nos EUA estão condenadas ao desespero, à disfunção social (e familiar) e à delinquência por serem alvos de um draconiano sistema criminal que foi além da sua conta ao militarizar o trabalho policial e tratar qualquer transgressão como caso de polícia. São 2.3 milhões de americanos encarcerados, mais do que na China com uma população quatro vezes maior.
8. Num país polarizado, com conservadores e liberais sempre armados com os mesmos talking points, brotam alguns sementes consensuais de que é preciso romper este circulo vicioso em que jovens negros e policiais são tratados como suspeitos habituais. É preciso mudar o quadro, tirar outro retrato, mostrar outro flagrante.
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9. O jornal Libération entrevistou o professor Pap Ndiaye, da Universidade Sciences-Po Paris, para analisar a situação. Segundo ele, depois dos eventos de Ferguson, onde também houve distúrbios após o assassinato de outro jovem negro pela polícia, há um efeito de acúmulo que faz com que os negros protestem contra uma situação local, mas também nacional.
10. Ele diz que as novas violências policiais contra negros se acumulam e parecem cada vez mais intoleráveis. O professor afirma que o racismo institucional da polícia norte-americana exige uma política nacional, um diálogo com a população e o abandono da política de repressão marcada pela militarização das forças de ordem e por um sistema judiciário implacável com as minorias.
11. O professor afirma que o presidente norte-americano Barack Obama, o primeiro afro-americano a assumir o cargo nos Estados Unidos, se recusou a enfrentar o problema gravíssimo e antigo das relações entre as forças de ordem e os negros do país. Ele critica a decisão de Obama de não ter ido a Ferguson em 2014, quando explodiram os confrontos após a morte do jovem Michael Brown pela polícia e diz que o presidente paga hoje o preço pelo seu distanciamento estratégico do mundo negro e das questões que preocupam essa população.
12. Para finalizar, o professor da Sciences-Po avalia que, de maneira geral, é a questão das desigualdades crescentes entre brancos e negros que Obama jamais encarou de frente. Ele afirma que essas desigualdades têm um componente social, mas também racial, que deve ser abordado.
13. O jornal Le Figaro destaca que os confrontos são um forte golpe para o projeto "My Brother's Keeper", lançado por Obama no ano passado e que visa estreitar os laços entre as minorias e as forças de ordem, contando com a colaboração de membros das comunidades e das prefeituras.
14. O conselheiro municipal de Baltimore, Brandon Scott, conta, em entrevista ao jornal, que os distúrbios refletem um problema antigo e espinhoso, o dos jovens negros norte-americanos em zonas urbanas. Para ele, os confrontos são o resultado de décadas de desconfiança e de infortúnio que levam à toda essa violência. Scott diz que não há nenhum sentido em queimar a cidade, como fizeram os manifestantes, mas é essa a consequência da grave revolta da comunidade negra do país.
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15. O presidente do EC Vitória, Raimundo Dias Viana, externa seu mais profundo pesar à família Tanajura pelo falecimento de D. Marta, mãe do inesquecível ex-presidente do clube, Manoel Tanajura Filho, ocorrido neste sábado.
16. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) apresenta boletim da “Operação Chuva 2015” neste sábado (2). Até as 17h43 o órgão tinha recebido 146 ocorrências. Foram 17 alagamentos de imóvel, 24 ameaças de desabamento de imóvel, três ameaças de desabamento de muro, 15 ameaças de deslizamento de terra, nove avaliações de imóvel alagado, dois desabamentos de muro, um desabamento parcial, 72 deslizamentos de terra, duas infiltrações e uma pista rompida. Não há registro de feridos.
17. O bairro com maior número de chamados foi Boca do Rio. A Codesal permanece com o plantão 24 horas atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo deve permanecer nublado a parcialmente nublado com pancadas de chuva. A temperatura deve variar entre 22ºC a 28ºC.
18. A Secom do governo do estado homenageou Mãe Stela com uma página institucional em A Tarde por seus 90 anos. Bom para Stela, melhor para o centenário. Agora, abre um precedente para fazer o mesmo com outros lideres religiosos.
19. Falar em A Tarde, o articulista Dimitri Ganzelevitch esqueceu de citar o Bahia Já onde mandava suas crônicas antes de A Tarde. Pão comido não é lembrado.
20. Lula diz que a elite é masoquista e que, nos seus governos, nunca banqueiros e empresários ganharam tanto capilé. Taí uma verdade falada por Lula.
21. Diz-se que a dimensão de São Paulo em relação a Salvador é a seguinte: no 1º de maio, as centrais sindicais em SP sortearam 19 veiculos; em Salvador, 19 ventiladores.
22. O voto distrital avança com sucesso na reforma politica. Uma boa seria acabar logo com a reeleição de prefeitos, em 2016.
23. Segundo a rádio corredor, a determinação do prefeito Ademar Delgado, PT, Camaçari, é não responder as provocações da deputada Luiza Maia, PT.
24. Descuple a nossa falha! Era de se esperar uma mensagem do governador Rui Costa no dia do trabalhador. Afinal, ele veio da base, do Sindiquimica.
25. PMDB baiano estaria de olho na Codevasf, mas, Geddel nega.
26. Começou o segundo ano da Campanha Maio Amarelo que tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito. A intenção do
movimento é colocar em pauta a segurança viária e mobilizar toda a sociedade para discutir o tema.
27. Similar aos movimentos Outubro Rosa (em prevenção ao câncer de mama) e Novembro Azul (prevenção do câncer de próstata), o Maio Amarelo - cujo símbolo é um fitilho amarelo usado
na lapela, consiste em um movimento internacional de mobilização e conscientização para a redução de acidentes e para um trânsito seguro em qualquer situação.
28. João Henrique foi um prefeito que ficou a desejar. Mas, era democrático e os blogs estão com uma saudade dele enorme, pois, pagava em dia e não discriminava.
29. Choveu no Litoral Norte na noite passada que não foi brincadeira.