O governador Wagner fez algumas transformações na Bahia. Este é nosso primeiro comentário. Na segunda, 29, tem mais.
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. O governador Jaques Wagner (PT), após 8 anos de mandatos, afasta-se do governo do Estado no próximo dia 31. Deixou um legado - aqulio que se transmite a gerações que seguem - importante embora não se possa dizer, como apregoava sua Comunicação, que tenha mudado a Bahia. Aconteceram algumas mudanças, o que é natural, as grandes obras estruturantes não foram concluidas - FIOL/Porto Sul/Ponte de Itaparica - o estado perdeu uma posição na economia nacional para Santa Catarina (de 6ª passou a 7ª) e ficou muito dependente do governo federal.
2. Por partes, analisamos hoje, a questão politica. O governador disse ao longo desses últimos anos que, do ponto-de-vista estrutural da politica, exerceu o poder de forma nova, mais aberta ao diálogo com os empresários, trabalhadores, movimentos sociais, base governista, oposição, cultura, etc, mudando a forma de fazer politica, o exercício da politica.
3. Em recente entrevista, Wagner destacou que essa era seu grande legado 'imaterial' o averso do averso do que existia anteriormente (os períodos de dominação de ACM - observação nossa), de forte concentração de poder, às vezes até sobre outros poderes como os Legislativo e Judiciário. De igual modo, com a imprensa.
4. Justiça seja feita que, de fato, houve uma oxigenação, a liberdade de expressão foi quase plena, seu governo foi responsável por criar um Conselho controlador e houve perseguições a jornalistas e sites em Salvador e Feira de Santana, as relações com os poderes Judiciário e Legislativo melhoraram, com os segmentos empresarias e de cultura, idem; com os movimentos sociais mais ainda, porém, alguns métodos praticados pelo governo foram idênticos em forma aos praticados nos períodos de ACM, quer sejam com o Judiciário, o Legislativo e os trabalhadores.
5. Vamos a alguns exemplos do que falamos: A base governista 'wagneriana' (exceto os deputados do PT) se queixara muito da maneira como era tratada pelo governo, aconteceram algumas manifestações públicas nesse sentido, e a bancada do PSD, de Otto Alencar, chegou a comentar com os jornalistas que 'cobrem' a Assembleia, que sequer era recebida pelo secretário de Relações Institucionais do Governo, César Lisboa.
5. O PRB, da mesma forma, queixava-se demais e até apoiou Paulo Souto nas últimas eleições. PSB, nem se fala.Os deputados capitão Tadeu e o sgt Isidório foram oposição ao governo na Assembleia em determinado momento. A bancada da oposição não recebeu as emendas parlamentares prometidas, em obras nos seus municípios.
6. Todos os projetos de lei importantes do Poder Executivo enviados à Assembleia tinham a rubrica de 'urgentes', o que não permitia uma discussão mais consequente, nem da base; nem da oposição. Todas as solicitações de empréstimos junto a Caixa e/ou organismo internacionais, da mesma forma, carimbo de 'urgência'.
7. Portanto, a forma, a maneira, o jeito de aprovação desses projetos seguiram o mesmo estilo do sistema anterior, ou seja, o chamado 'rolo compressor' da maioria. Para beneficiar aliados, o governador fez o mesmo 'jogo' na colocação de nomes no TCE e no TCM. Nada diferenciado do período ACM.
8. As relações com o Poder Judiciário diria que foram mais elegantes do que nos períodos ACM. Este jactava-se em reunir-se com desembargadores para almoços e encontros e manteve o PJ/TRE sob controle. Há, ainda hoje, uma discussão eterna sobre a 'validade' da eleição de Waldeck Ornelas, senador; contra Waldir Pires, em 1994.
9. Wagner, de fato, manteve-se mais distante desse tipo de comportamento, mas, nada de acusações contra seu governo (e foram muitas as representações junto ao MP e ao PJ) prosperaram. Teria havido uma inversão de valores com Dultra Cintra, desembargador que 'quebrou' o ciclo de dominação 'carlista' no PJ, este sendo cooptado por Wagner.
10. A atitude do governador junto aos municípios melhorou bastante, pois, ACM chegava a 'bicar' canelas de prefeitos, mas, alguns métodos usados pelo atual governo seguiram a 'cartilha carlista' via Conder.
11. Nenhuma obra estruturante realizada pelos governos federal/estadual em Salvador, por exemplo - via Expressa, Viadutos da Luiz Viana, duplicação da Pinto de Aguiar, Curralinho, etc - tiveram a participação da Prefeitura, nem com João Henrique; nem com ACM Neto. ACM fazia o mesmo com a Conder dirigida por Sônia Fontes e Waldeck Ornelas. Mudou o que, então? Nada.
12. Em Itabuna, na época da gestão do prefeito capitão Azevedo (DEM) este chorava aos pés do secretário Solla, da Saúde, eleito deputado federal pelo PT, e nada conseguia. Em Feira de Santana, tanto na gestão Tarcizio Pimenta (vários partidos); quanto na de Zé Ronaldo (DEM), quem autou como 'prefeito' do governo foi o deputado Zé Neto (PT), líder da Maioria na Assembleia. Todas as obras - saneamento, HEC, Av Noide Cerqueira, etc- passaram ao largo da Prefeitura. Mudou o que, em termos de métodos para o sistema anterior? Nada.
13. No segmento empresarial, os governos Wagner optaram por atuar junto as grandes empreiteiras baianas - Odebrecht e OAS, preferencialmente - concedendo a elas as obras mais importantes na capital e no interior, destacando-se em Salvador a Arena Fonte Nova e a Via Expressa.
14. A OAS era combatida pelos petistas nas épocas de ACM como 'Obras Arranjadas pelo Sogro' numa referência do seu acionista majoritário casado com uma filha de ACM; e a Odebrecht sempre teve ligações com os govrnadores baianos de todas as épocas, e também foi duramente criticada pelos petistas quando dos contratos do emissário submarino da Boca do Rio, no apagar da gestão de Paulo Souto, em 2006.
15. Com os sevidores estaduais, o primeiro governo Wagner adotou as camâras setorias e uma Câmara Central para debater as questões relacionadas a salários e PCVs. Funcionou bem e houve ganhos. Já no segundo governo esses mecanismos praticamente desapareceram e o governo passou a tratar os servidores com a mesma metodologia anterior a 2006, sendo que o último reajuste foi abaixo da inflação e parcelado em duas vezes (abril/novembro) na base de 5.4%.
16. Aconteceram as três greves mais violentas já ocorridas na Bahia: a dos professores com mais de 100 dias de paralisações o que redundou no ano letivo perdido e na baixa qualidade do ensino no estado, até hoje; e duas da PM, uma das quais, bastante violenta, com ocupação da ALBA, transferência de um general da 6 RM para Brasília e desgaste enorme do governador com a tropa.
17. Visto à luz da razão, da realidade, diriamos que, de fato aconteceram alguns avanços nas relações institucionais do governo com a sociedade, a Bahia respira hoje um ar mais democrático, a imprensa livre poder falar o que deseja com responsabilidade sem ser molestada, com exceções de comprometimento já deveras conhecidos, e o governador Wagner encerra seus dois mandatos com esse legado.
18. Poderia ter sido melhor um pouco. Governar, no entanto, tem alguns momentos em que o exercício do poder exige ações mais vigorosas, sem perder a ternura, com fez Wagner nesses oito anos.
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19. A partir de quinta-feira, 1º, começa o período de divulgação dos reajustes de tudo. A energia elétrica vai ficar mais 8.3% mais cara.
20. A presidente Dilma foi citada na ação da Labatan Sucharow, escritório de advocacia dos EUA, no caso da Petrobras.
21. O Correio está sendo entregue aos seus assinantes envelopado num plástico. Deve ser mais prático fazer a entrega dessas forma. Mas, os assinantes recebem um jornal todo 'machucado'.
22. Alarmista. Paulo Mota, da Federação do Comércio, diz que vai haver 20% de demissões no setor, em janeiro.
23. Antártica SubZero deu 3.000 latinhas de cerveja numa promoção em Salvador. Só assim pra tomar 'aquilo'.
24. George Hilton, novo ministro do Esporte, foi detido no Aeroporto da Pampulha, em 2006, com R$600 mil em dinheiro vivo na 'algibeira'.
25. O PT do Rio reinvindica um Ministério. Diz que Dilma ganhou a eleição por lá e até agora está com zero Ministério. Enquanto isso, SP, onde Dilma perdeu a eleição, está com 9 Ministérios. E a Bahia? ô coitada. Mas, já tem 1 Ministério.
26. Deputado Lúcio Vieira Lima é candidato a liderança do PMDB na Câmara.
27. Governador Wagner recebe na segunda, 29, relatório da Comissão da Verdade.
28. Presidente Dilma retorna a BSB nesta segunda, 29, depois de descansar em Inema, Base Naval de Aratu.
29. A Escola de Samba Mangueira lança linha de produtos de verão/Carnaval. Enquanto isso, os blocos de Salvador (a exceção do Olodum) dormem em berço esplêndido.
30. A novidade agora é o Go Pro (vara para acoplar a máquina fotográfica e fazer selfie). Nos camelôs é vendida com o nome de Go Pobre. O povo é sábio.
31. Governadores do NE querem a volta da CPMF e da CIDE. Toda vez que 'neguinho' se vê sem caixa atocha na classe média.