Senadora diz que fará oposição ao PT e certamente será crítica ao governo de Rui Costa
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. Os institutos que fizeram pesquisas na Bahia para divulgação e estudos internos dos candidatos - Ibope, Sensus, Babesp, Ipesp, Dataqualy, Vox, etc - erraram feio nestas eleições. Pode-se imaginar que houve até uma possível manipulação de alguns deles diante de dados tão diferenciados do que apareceram nas urnas.
2. Tudo bem até que tivesse alguma diferença aceita, como eles próprios difundem, a chamada margem de erro entre 2% a 3%, mas, o que vimos com Rui vencendo a eleição no primeiro turno com mais de 54% dos votos válidos, o que ninguém previu, nem de longe - até o candidato petista era discreto em suas declarações, assim como Wagner - foram erros grotescos.
3. Ora, imaginar que Rui só tivesse dado esse salto no dia da votação ou até na semana da votação, parece absurdo, ou então os institutos com toda tecnologia que dispõem não conseguiram ver isso durante o decorrer da campanha. O mais sensato é acreditar que, o candidato petista, há algum tempo - não saberíamos precisar qual, mas, há pelo menos uns 20 a 30 dias - estava à frente de Paulo Souto.
4. Como então, não detectar isso?
5. O Ibope, que foi o instituto contratado pela TV Bahia com indicadores mais difundidos, há 15 dias das eleições dava Rui com 27% e Souto com 43%; e somente no último sábado, 4, véspera da eleição, é que aproximou os dois candidatos colocando 46% x 46% de votos válidos. E o que vemos, hoje, é Rui com 54% dos válidos e Souto com 37%, uma diferença de 17%. Não estamos falando de 2%/3% e sim de 17%!
6. Ora, nós que atuamos no mundo da midia política, somos (em tese) induzidos a acreditar e a divulgar dados dos institutos em nossos comentários e ficamos à mercê dessas situações. O Babesp, que foi o instituto que a campanha de Rui utilizou muito em sua propaganda eleitoral, também errou feio, pois, sempre deu Souto à frente de Rui com pequena margem de erro e só no final, numa simulação de segundo turno é que dava a vitória de Rui.
7. E as pesquisas dos deputados da oposição! A gente chegava na Assembleia Legislativa e alguns deputados mostram em seus iphones pesquisas de tais e quais municípios, sempre Paulo Souto com 40% a 50% e Rui lá atrás com 21%, 23% e parlamentares atestando que a "eleição estava ganha". Tudo furado.
8. O que vimos nesta eleição (no Brasil também teve muito furo do DataFolha e do Ibope e só só vê Aécio com 34% dos votos válidos que, ninguém, nem de longe percebeu) é que os institutos precisam mudar seus métodos de análises, aprofundar mais seus estudos; que essas pesquisas qualitativas são furadíssimas; e que precisam ir mais à fundo para conseguir detectar a cabeça do eleitorado.
9. Caso contrário, pelo menos tomando como base da Bahia, ninguém acredita mais em pesquisas.
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10. A senadora Lídice da Mata, que concorreu ao governo da Bahia pelo PSB, disse neste domingo (5) que seu futuro político na Bahia será manter o projeto iniciado nesta eleição, de construir no Estado uma terceira via viável para quebrar a histórica polarização entre DEM e PT.
11. Em entrevista coletiva no comitê central de sua campanha, após a consolidação do resultado das urnas que apontou a vitória do petista Rui Costa, Lídice afirmou que manterá posição política de independência dos dois grupos políticos hoje majoritários no Estado.
12. “Não tem porque eu ir para lugar nenhum. Eu tentei construir uma terceira via na Bahia. Não tem porque eu tomar uma decisão de apoiar o PT. Para que eu vou apoiar PT? Ele já elegeu seu governador”, disse, ao responder a uma pergunta sobre a possibilidade de haver uma repactuação com o PT, que saiu vencedor da eleição.
13. Ainda sobre o futuro, Lídice evitou fazer análise sobre as expectativas quanto à gestão do governador eleito, salientando que ele teria ao menos 90 dias para começar a apresentar a identidade de seu governo. Somente então seria possível uma avaliação. Ela reclamou, porém, da pobre discussão política que marcou a campanha eleitoral, dominada por ataques e uso excessivo do poder econômico.
14. “O fato de a vitória política eleitoral ser uma realidade do PT não quer dizer que esse seja o caminho melhor para o processo democrático de nosso país, muito menos de nosso Estado. A Bahia precisa de oxigenação política. O fato de nós decidirmos campanhas e mais campanhas do tempo de Antônio Carlos até os dias atuais sempre no primeiro turno é uma revelação, na minha opinião, do pouco debate político que ocorre em nosso Estado”, disse.
15. Lídice disse que há uma tendência inercial à continuidade, que ela quer quebrar. “E, para quebrar isso, não quer dizer que eu tenha saído derrotada, quer dizer que fomos derrotados neste primeiro momento. Ninguém vence sem dar o primeiro passo. Demos o primeiro passo para tentar uma quebra de paradigma. Vamos prosseguir neste passo”, disse.
16. Numa análise do resultado eleitoral, ela voltou a endossar a necessidade de uma reforma política e afirmou que lutará, no Senado, para que ela ocorra. “Aqui na Bahia, as candidaturas tinham fôlego para disputar entre si. As pesquisas de antes do início da campanha mostravam que havia competitividade. Se essas regras, quando entram em jogo, desequilibram, então estas regras estão erradas”, destacou.
17. Ataques a Marina – Apesar do resultado negativo de Marina na disputa presidencial, que ela creditou aos ataques sofridos durante a campanha e à falta de apoios regionais, Lídice comemorou o surgimento de candidaturas com pautas de esquerda.
18. “Está se formando um novo pensamento crítico de esquerda no Brasil. A eleição de Lula foi um grande momento de ascendência da esquerda no Brasil. Ele sem dúvida realizou inclusão social, mas a continuidade do projeto criou descompasso da esquerda no governo, que perdeu a capacidade de autocriticar-se. Praticamente ficou proibido falar mal”, disse.
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19. Este é o pensamento de Lidice. Em certo sentido ela ter razão. Vamos comentar, posteriormente, que a senadora saiu dessa campanha menor politicamente do que entrou. Evidente que, como ela própria afirma, trata-se de um primeiro passo (de perde) e depois virão os ganhos.