ACM Neto foi cauteloso e diz que vai analisar mudanças tecnicamente e culturalmente antes de implementá-las. Defendemos um Carnaval da Igualdade.
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. Quem esperava anúncios bombásticos e coisas do gênero para o Carnaval 2014 por parte do prefeito ACM Neto se frustrou. O prefeito foi contido e não prometeu nada de novo sem que, antes, a Prefeitura promova os estudos técnicos necessários para sua implementação. Claro que, medidas pequenas e corriqueiras, nem precisam serem anunciadas, pois, a administração municipal, em parte, já realizou neste Carnaval.
2. De novo, a intenção da Prefeitura é encontrar uma fórmula de valorizar o circuito Osmar, Campo Grande, que passou a ser preterido com a ascensão do Dodô (Barra/Ondina). A proposta da Prefeitura é inverter a mão do circuito para o fluxo carnavalesco (da Rua Chile para o Campo Grande subindo o São Bento) e deixando livre a Carlos Gomes. Nos parece, a priori, algo como trocar seis por meia dúzia.
3. O Campo Grande carece de organização do desfile e a colocação de blocos importantes. Veja que, no domingo, e até em parte da terça, o circuito é valorizado. Colocar nesse espaço os blocos de samba na segunda, por exemplo, seria uma alternativa. E, a performance que seria do Arfródromo também nesse espaço, idem. Observem que o Cortejo Afro estava previsto para desfilar 19h30 e saiu às 23 horas.
4. O Afródromo, da forma que está sendo proposto, já dissemos aqui é um tiro-no-pé da cidade e sua população. O Carnaval é para integrar e para apartar. Criar um espaço exclusivo para os blocos afros seria isolá-los no gueto e se a Prefeitura entrar nessa, no campo político, ACM Neto pode ficar com essa pecha do apartheid. É uma situação bastante complicada e que merece uma debate bem mais aprofundado.
5. Digamos, então, que a posteriori Afródromo se queira cirar o Euródromo e depois o Tupinambádromo seria departamentalizar os espaços por etinias. O Rio abre seu Carnaval para os blocos de rua. Recife tem o Galo da Madrugada para todos. A Batalha das Flores em Barranquilla é uma festa de integração na Colombia.
6. Não tem sentido, portanto, se criar um Afródromo com essa terminologia, com essa proposta. Ora, que se ponha o nome de Circuito do Porto, Circuito do Cais Dourado da Velha Bahia (como era chamado o local antigamente) e que seja reservado para todos, afros, brancos, tupinambás, amarelos, trios, indios, samba, semba e assim por diante.
7. Nos parece, ainda, que o grande desafio do Carnaval é conter a violência. O Carnaval de Salvador parece uma batalha. 30.000 policiais armados e com coletes a prova de balas, 370 cirurgicas bucomaxilares. Alguma coisa tem que ser feita neste campo, uma forte campanha Estado e Prefeitura, conscientrização dos malhados, trabalho intenso.
8. No mais, Prefeitura e estado avançaram com suas ações. Muita coisa melhorou, embora ainda se tenha muito a fazer e menos a falar. Não adianta algumas autoridades municipais ficarem ditando normas sem analisar isso com a comunidade. O Carnaval tem rito próprio e a pobreza precisa ser integrada dentro desse processo.