Mensagem peca por falta de dados objetivos da gestão governamental
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. Em sua mensagem na abertura dos trabalhos legislativos do ano 2012 lida no plenário da Assembleia Legislativa no último dia 15, o governador Jaques Wagner (PT) optou pelo tom da moderação, aliás próprio do seu estilo, sem inflexões de voz e arroubos, mas foi bastante econômico sobre as perspectivas de seu governo, no quadriênio que abre o novo Plano Plurianual 2012-2015.
2. De novo, entre prováveis projetos alinhados, citou apenas que a Bahia está "em vias de receber um dos maiores parques navais do país", o Estaleiro Enseada do Paraguaçu para reforma e construção de navios e plataformas de petróleo.
3. No mais, talvez o clima não fosse propenso para isso diante do trauma da greve da PM, o governador preferiu enumerar projetos que já estão em curso, casos da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) e da Arena Fonte Nova, e outros três de grande porte já definidos, o Metrô da Avenida Paralela até Lauro de Freitas, o Porto Sul (Ilhéus) e a ponte Salvador-Itaparica para abrir um novo vetor de desenvolvimento via Recôncavo/regiões Sudoeste e Oeste do Estado.
4. Pólo acrílico, energia eólica, Jack Motors, mineração e agronegócio só fez citações.
5. Wagner foi muito genérico nos programas base do governo - educação, saúde e social - também destacando continuidades de projetos, salvo a promessa de que concluirá o Hospital de Seabra; e, no seu bom programa de recuperação de estradas, à frente seu vice-governador e secretário de Infra-Estrutura, Otto Alencar, deu apenas pinceladas e sequer falou no nome de Otto.
6. A cultura só mereceu uma palavrinha sobre o Carnaval. E o Parque Tecnológico da Bahia, provavelmente um dos projetos mais significativos do governo, a ser implantado ainda neste semestre com 17 empresas, 16 laboratórios e todas as universidades do estado não foi lembrado.
7. Diria que o discurso foi fraco, mal produzido em termos de números (o governo tem muito mais coisas a apresentar) e sem uma diretriz mais consistente do que poderá acontecer, em 2012. As finanças da Sefaz, ponto frucal, não foi devidamente tocado. O Planejamento, idem.
8. Sobre Salvador, por exemplo, o governador foi muito econômico, e sua gestão tem mais coisas do que o metrô e a Arena Fonte Nova. Mas, paciência, o governador entendeu que assim fosse sua fala e ponto final (veja neste site discurso na íntegra).
9. Na parte política, o governador colocou uma retórica consistente na medida em que defendeu o Estado de Direito, repudiou a greve da PM da forma que foi deflagrada com distúrbios e atos de vandalismo, e citou mais de uma vez ser adepto do diálogo: "Como democrata que sou, estarei sempre aberto ao diálogo e não me movimento por rancor, por ódio ou qualquer tipo de revanchismo".
10. Seu governo, em parte, tem sido assim. Mas, causa desconforto na manutenção dessa assertiva, o fato do chefe do executivo ter utilizado o expediente de enviar projetos a Assembleia Legislativa sempre com a rubrica de urgente, em alguns casos "urgência urgentíssima".
11. Então, esse diálogo, em tese, fica comprometido. Veja que, agora, o governo envia a Assembleia a gratificação dos PMs, as polêmicas GAPs 4-5, em regime de urgência quando só valerão no mês de novembro próximo, a primeira, e a outra em 2014. Assim aconteceram com vários projetos na ALBA, em 2011, e, apontam-se novos com essa mesma dinâmica, o mais recente, é o que se comenta nos bastidores da Casa, a autorização para um empréstimo junto ao Bird de US$700 milhões.
12. Destaco, ainda, que o governador foi pouco atencioso com o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo, o qual trabalhou muito para a desocupação da Casa ocupada por PMs amotinados, primeiro pacificamente em reuinão com o líder grevista; e depois solicitando a intervenção do Exército, e não recebeu sequer uma palavrinha de conforto do governador, este destacando a presidente Dilma Rousseff, o arcebispo dom Murilo Krieger, e o presidente da OAB, Saul Quadros.
13. O governador advertiu, ainda, para um fato relevante e preocupante diante da crise internacional da Europa, o que está afetando a economia mundial, avisou que fará um contingenciamento atrelado e proporcional ao que fizer o governo federal (R$54 bilhões é o federal) e terá um ano eleitoral de corda-curta para novos movimentos reivindicatórios no plano politico de servidores e outros, e na contenção de exigências dos prefeitos visto que se atravessa o ano eleitoral.
14. São nossas considerações sobre essa matéria. O processo de toda esse trauma que foi a greve da PM ainda está em curso e, se Wagner deixou lacunas ao mostrar mais coisas do seu governo e o que pretende daqui pra frente; seu tom moderado e conciliador foi o ponto alto de sua fala. Não fosse um puxar de palmas pelo secretário Nestor Duarte Neto teria sido ainda mais linear.