Colunistas / Miudinhas
Tasso Franco

WALDIR, O PT E A HISTÓRIA - II

Como Lomanto perdeu a eleição de 1986 e desapareceu da política
13/03/2010 às 07:20
            Esta semana em encontro com o líder PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Leur Lomanto Jr, disse-me o seguinte: - Conversei com o senador César Borges (PR) sobre as próximas eleições e lembrei-lhe do episódio do meu avô (ex-governador Lomanto Jr), no pleito de 1986. Ele seguiu ACM e a chapa de Josaphat Marinho e perdeu sua eleição ao Senado, quando saiu como favorito e parecia que ganharia fácil.

            Vamos a história: Naquele ano, Waldir disparou à frente de Josaphat com base na campanha de marketing político "Mudar a Bahia", a primeira após a Lei Falcão onde tudo se podia dizer na TV e sua mensagem se encaixou como uma luva na cabeça da população. Como aconteceu com Wagner, em 2006, a Bahia queria mudar do domínio político de ACM. Waldir além de ter sido eleito, arrastou consigo Ruy Bacelar e Jutahy Magalhães ao Senado.

            Ora, ACM já fora governador nomeado em duas oportunidades (1971/1974) e (1979/1982) e havia feito sucessor com João Durval (1983/1986). Era hora de mexer na panela. A população fez sua parte e depositou no PMDB toda sua confiança. Em 1988, com um ano de governo no Estado, Waldir se dizia boicotado (como era de fato) por ACM mantido ministro das Comunicações de Sarney, e pelo próprio presidente, e cunhou uma frase (Pra Mudar a Bahia é preciso Mudar o Brasil) que foi a senha para lançar-se candidato a presidência da República.

            Bateu de testa, no PMDB, com Ulisses Guimarães e perdeu a indicação. Quando seus partidários esperavam que recuasse e se dedicasse a Bahia, pasmem, passou o governo para Nilo Coelho, em maio de 1989, e foi ser vice de Ulisses, numa chapa que ficou em 7º lugar e já nasceu morta. Quem venceu a eleição para presidente foi Fernando Collor no segundo turno contra Lula.

Nilo assumiu o governo e mudou tudo, deu uma guinada de 180 graus e os waldiristas ficaram chupando dedo.

            Quando chegou 1990, eleição no Estado, a cabeça do eleitorado tinha mudado de novo, em direção a ACM, eleito governador pelo voto direto e Josaphat ao Senado. O PMDB em frangalhos apelou para o ex-governador Roberto Santos, o qual, foi para o sacrifício. Waldir se mandou para o PDT de Brizola (3º lugar no 1º turno das eleições presidenciais de 1989) e elegeu-se deputado federal mais votado no estado com 147.689 votos.

            Mas, desta feita, o PT lançou o nome de José Sérgio Gabrielli ao governo. Embora colocado em 5º lugar (112.233 votos, 3.46% do eleitorado) o partido elegeu dois federais: Alcides Modesto e Jaques Wagner, este com 11.916 votos, na rabeira; e 3 estaduais (Edval Passos, Geraldo Simões e Nelson Pellegrino). Só lembrando: o deputado estadual mais votado foi Otto Alencar. É este mesmo Jaques aí que é o atual governador do Estado e tem a missão de formatar uma chapa para reeleger-se.

             Aqui do meu palanque vejo o seguinte: quem errar vai ficar como Lomanto e Josaphat, em 1986, sem mel e sem a cabaça.