Os blocos afro perderam bonde da história e não emplacam músicas
Foto: Foto: Silvio Cobra |
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Tatau incrementa carreira solo na disputa por espaço na vitrine carnavalesca Salvador |
Miudinhas globais:
1. A diversidade musical no Carnaval de Salvador (axé, pagode, samba, reggae, afro-reggae, samba-reggae, etc) faz com que a festa realizada na capital baiana se torne um atrativo para as produtoras nacionais e, desse caldo de cultura, saia alguns DVDs e CDs que passarão a ter bons indicadores de vendas. Alguns, inclusive, já foram produzidos e estão à venda em Salvador e daqui ganharão o Brasil.
2. Daí essa disputa intensa entre as principais estrelas e astros do Carnaval, especialmente entre Ivete Sangalo e Cláudia Leitte, as duas maiores da constelação, e de espaços que são ocupados (no caso da axé) por Daniela Mercury, Alinne Rosa, Larissa, Sátira e outras, e também entre os homens, Bell Marques, Durval Lélis, Netinho, Tatau, André Lélis, Rapazola e outros.
3. Há, atuando numa faixa mais pobre da população os grupos de pagode que também vendem bastante e têm entre seus representantes mais famosos Xandy, Márcio Vitor (Psirico), Ed (Fantasmão), o Parangolé, o Blake Style e o Leva Nóis. Além do esquecido em 2009, Bonde do Maluco, que tanto sucesso fez em 2008.
4. Curioso nessa disputa é que os blocos afro estão perdendo o bonde da Lapinha e não emplacaram músicas que atingem a grande massa, ficando suas composições (muito longas por sinal) restritas a determinados segmentos da comunidade afro-mestiça baiana. Uma música como Faraó, nunca mais apareceu, e Margareth Menezes, cantora que criou o movimento afro-pop, neste Carnaval, se apagou.
5. Na comunidade do samba nada de novo além das músicas sucesso de Belo, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Nelson Rufino e outros. O samba baiano está envelhecido e não tem surgido nada eloquente e que tenha caído no gosto do povo. Mas, há um movimento ascendente em curso e daí pode resultar, lá adiante, produtos de samba bem baianos. O Terra Samba, sempre uma esperança, é de altos e baixos.
6. Nessa miscelânia, quem tem mais poder de comunicação e uso da mídia paga leva vantagem sobre os demais. O primeiro trabalho acontece em setembro/outubro com divulgação paga das músicas carro-chefe de cada grupo, nas emissoras de rádio. Em seguida, massificar essas músicas nos ensaios gerais e, finalmente, já com refrões na boca do povo, durante o Carnaval.
7. Não é à toa que o Fantasmão investiu pesado no ritmo angolano do Kuduro, comprou espaços nas rádios, postou outdoors na cidade e está aí nas paradas. O Blake Style aproveitou a fama de Leo Kret do Brasil e fez o mesmo com a música Perereca. E, Márcio Vitor, campeão do ano passado com seu Toda Boa, emplacou Cole na Corda, em 2009.
8. É o jogo. Quem não entrar nele fica de fora. E, os blocos afro, ao invés de ficarem choramingando pelos cantos precisam também participar desse jogo senão ficarão, a cada ano, mais segregados. Jogo que passa pelo Faustão, pelas emissoras de rádio de Salvador e pelos produtores da "máfia-baiana".
9. Outro detalhe é que os grandes compositores carnavalescos estão passando por momentos de reflexões e Gil, Caetano, Moraes, Brown, Gerônimo não realizaram canções além do pula-pula da axé e dos versos simples. Beijar na Boca e Dalila são primaríssimas. Vencem mais pela exaustão.
10. Vai uma de curiosidade sacanal. Um japonês de nome Nataka está fazendo o maior sucesso com seu batuque carnavalesco no Pelourinho. Mas, será que esse japa não tinha outro nome para colocar no seu bloco: o Batuque Nataka.
11. A cantora Ivete Sangalo, à frente do bloco Coruja, em frente aos Camarotes do Campo Grande, neste último dia de folia, brincou com o prefeito João Henrique e com o governador Jaques Wagner provocando gargalhadas dos foliões.
12. Primeiro, comentou sobre a roupa do prefeito. "Eu gosto de você assim, João, gosto de você despojado,com as mangas da camisa arregaçadas". E ainda brincou com a primeira-dama da cidade. "Essa camisa é para combinar com o cabelo de sua esposa, prefeito?", perguntou Ivete.
13. Depois, a cantora sentiu falta do governador Jaques Wagner. "Cadê Jaquinho? Cadê Jaquinho? Jaquinho Cadê você, carniça? Ficou até tarde na folia ontem, acordou tarde e não veio me ver, não é?"
14. A cantora, quando viu o cantor da banda Psirico, Márcio Victor, aproveitou para cantar a melhor música do carnaval anterior. Enquanto
Toda Boa era executada, a vereadora Leo Kret, em um dos camarotes, rebolava e mostrava o seu lado dançarina, para delírio dos foliões.
15. Pra fechar sua estonteante passagem pelo Campo Grande, Ivete ainda homenageou os trinta anos de carreira do cantor Carlinhos Brown e recebeu os troféus de melhor cantora e de melhor música do Carnaval de alguns veículos de comunicação.
16. Como vai a vida desse folião de vários carnavais? Otto me mandou um e-mail dizendo que vc estava procurando pelas minhas fotos no jornal. É o seguinte: estou no estaleiro me recuperando de uma hérnia de disco e compressão das vértebras C5 e C7.
Forte abraço, Xando Pereira, fotógrafo.
18. É mole! Xando tem 28 anos de trabalho como fotógrafo profissional. Daí que, enfrentando vida de repórter e outras lambanças mais não tem C5 e C7 que aguente.
19. Agora, a sandália de grife da repórter de A Tarde fazendo matéria na condição de carroceira. Santo pai!
20. A charge de Simanca sobre Dalula & Dalila valeu o Carnaval.
21. A cantora Ivete Sangalo faz nesta terça-feira (24), no circuito Campo Grande, o último dia de carnaval do Coruja em 2009. Para incrementar sua fantasia de Deusa africana, a musa incorporou adereços originais de tribos da África, todos importados pela estilista Patrícia Zuffa. Dizem que vieram de Luanda.
22. As atrizes Fernanda Souza, Natália Rodrigues, Gisele Itié, Carol Castro, Fernando Torquato e o DJ Zé Pedro foram alguns "Dendês no Sangue" que passaram na sala vip do camarote da cantora. É da sala vip para o aeroporto. Pisar o pé no chão jamais.
23. A vendedora ambulante Lúcia Simões, de 36 anos, estava vendendo geladinho no Terreiro de Jesus, próximo a Igreja de São Pedro, quando entrou em trabalho de parto. Ao se queixar de dores, imediatamente o socorrista do SAMU 192, Jorge Luis Ribeiro, chegou ao local e levou a paciente carregada em uma maca para o posto de saúde do Terreiro.
24. Cerca de 10 minutos depois nasceu de parto natural o sétimo filho da vendedora. Uma menina, segundo a obstetra Simone Moura. Por pouco a criança não nasceu no meio da rua. "Quando cheguei na Igreja o neném já estava coroando. Por isso tivemos que correr para o posto", explica o socorrista.
25. Alguns blocos de matriz afro-baiana insistem em usar peças e roupas do candomblé. As mães-de-santo mais tradicionais da Bahia reprovam essa atitude.