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BAILE DA INDEPENDÊNCIA ACONTECE DIA 3 JULHO NO LARGO DO CAMPO GRANDE

Dia 3 de julh, 18h
DP ,  Salvador | 25/06/2025 às 08:45
Orquestra de Fred Dantas
Foto: DIV


No dia 3 de julho, a partir das 18h, o Campo Grande, em Salvador, se transforma em um grande salão a céu aberto com a realização do Baile da Independência. Unindo celebração cívica, tradição popular e música de qualidade, o evento integra a programação oficial do 2 de Julho, data magna da Bahia, e convida o público a dançar em homenagem à libertação do povo brasileiro.

Com regência do maestro Fred Dantas, à frente da Orquestra Fred Dantas, o baile apresenta um repertório vibrante e eclético, pensado para embalar o público do começo ao fim. Nesta edição, a grande homenagem será prestada ao sambista Walmir Lima, ícone da música baiana, cuja obra será revisitada com arranjos especiais e participações emocionantes.

O Baile da Independência é realizado junto ao Monumento aos Heróis do 2 de Julho, próximo aos carros do Caboclo e da Cabocla, e resgata a atmosfera dos antigos bailes de quermesse que, desde o século XIX, integram as celebrações populares da Independência da Bahia. A iniciativa é promovida pela Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

Todos os anos, a Orquestra convida artistas representativos da cultura baiana. Além da homenagem a Walmir Lima, o baile recebe dois convidados especiais: a jovem cantora Letícia Coutinho, artista em ascensão nos palcos universitários e culturais da cidade, e o cantor Mário Bezerra, parceiro de longa data da Orquestra e nome marcante da cena musical baiana.

Repertório - A noite se inicia com o “Hino ao Dois de Julho”, em arranjo especial para voz e orquestra popular, evocando o espírito cívico da data. Mas o  repertório, cuidadosamente curado por Fred Dantas, viaja por diferentes paisagens sonoras: do axé music à música afro-baiana, do swing americano ao choro brasileiro, incluindo temas autorais do maestro e grandes clássicos dançantes.

Um dos momentos mais esperados será a homenagem a Walmir Lima, com destaque para canções como “Mudança da Ribeira”, “Santo Amaro é uma Flor” e a emblemática “Ilha de Maré”, considerada um hino afetivo do povo baiano. Com arranjos exclusivos, a Orquestra transforma essas canções em novas experiências sonoras e coreográficas.

Como todo grande baile, o evento reserva espaço para os boleros, muito aguardados por casais e academias de dança, além de um bloco descontraído com versões orquestrais de clássicos do axé, incluindo sucessos de Ivete Sangalo e hits carnavalescos, encerrando com o espírito irreverente do trio elétrico e de Moraes Moreira, com faixas como “Chame Gente” e “Chão da Praça”.

Para o maestro Fred Dantas, o Baile da Independência representa “uma ocupação cidadã do espaço público num clima de paz e alegria”, onde a música reafirma seu papel como expressão da liberdade e da identidade baiana.

O Baile da Independência é gratuito e aberto ao público. Traga seu par, sua alegria e seus passos de dança — o Brasil livre e a Bahia em festa esperam por você no Campo Grande.

Walmir Lima: o samba baiano em corpo, alma e poesia

Nascido em Salvador em 18 de junho de 1931, Valmir Lima construiu uma trajetória musical marcada pela elegância melódica, pela força poética e por uma atuação decisiva na projeção do samba baiano em âmbito nacional. Ainda nos anos 1970, quando o gênero era fortemente associado ao Rio de Janeiro, Walmir Lima já havia gravado quatro LPs e circulava entre Salvador, São Paulo e a capital fluminense com naturalidade, sendo uma das figuras mais respeitadas da cena musical.

Sua música carrega a tradição, mas também aponta caminhos novos. Filho de maestro — seu pai atuava na Orquestra Bahia Serenaders — Walmir teve desde cedo o contato com a música popular e erudita, compondo a primeira canção, “Sem o seu amor”, em 1954. Em 1962, venceria seu primeiro concurso com a marchinha “Sonho de Pierrô”. Mas foi nos anos 1970 que começou a firmar seu nome entre os grandes. Suas composições passaram a ser gravadas por nomes como Ederaldo Gentil, Alcione e Beth Carvalho, consolidando uma ponte entre a Bahia e o grande circuito da música popular brasileira.

Sua obra mais célebre, “Ilha de Maré”, lançada por Alcione em 1977, se tornou um clássico e é considerada por muitos o segundo hino da Festa do Bonfim, evocando com lirismo a paisagem e o espírito do Recôncavo baiano. Regravada por Mariene de Castro, a canção perpetua sua conexão com o sagrado e o popular.

Walmir Lima é, acima de tudo, uma referência. Um sambista de voz própria, que ajudou a dar rosto e sonoridade ao samba da Bahia, sem nunca perder a conexão com as raízes populares e com a poesia que pulsa nas ruas, becos e colinas de Salvador.

Emocionado ao participar de um show em homenagem à Independência da Bahia, Walmir declarou:

“É uma coisa muito especial eu participar do show em homenagem à independência da Bahia. E foi a primeira parte pra se tornar independente do Brasil. Eu me sinto tremendamente orgulhoso, muito orgulho. Beleza aquele que me escolheu pra acontecer, esse grande o maestro Fred Dantas.” — Walmir Lima

Aos 70 anos de carreira, Walmir segue influente nas rodas de samba, no Carnaval e na memória afetiva do povo baiano.