Dia 6 de março
Théâtre Comunicação , Salvador |
12/02/2020 às 12:58
Me Brega, Baile!
Foto: divulgação
A Sala do Coro do Teatro Castro Alves voltará a ser palco de um grande baile de dança de salão e política com o espetáculo Me Brega, Baile!, com estreia no dia 06 de março, às 20h. Produzido pelo Coletivo Casa 4, cinco bailarinos intérpretes-criadores homossexuais utilizam a dança de salão como discurso político para reivindicarem a liberdade de serem e de existirem. O espetáculo fica em cartaz até 15 de março, de sexta a domingo, e os ingressos pode ser adquiridos antecipadamente nas Bilheterias do SAC ou pela plataforma da Ingresso Rápido.
Com direção e provocação coreográfica de Leandro Oliveira (ex-bailarino do Balé do TCA, de 2014 a 2018), o espetáculo questiona a heteronormatividade como padrão de comportamento nas danças de salão e propõe outras possibilidades de se pensar e praticar as danças a dois. Para isso, transforma o adjetivo “brega” em verbo e convida o “baile” - e por que não o espectador? - a se entregar à breguice, ao excesso, ao dramático, ao cafona.
Vale lembrar que, no Brasil, o Brega é um movimento musical em que os sentimentos são exacerbados, sem pudores. “Em consonância, Me Brega, Baile! é um apelo para que nos deixem ser aquilo que queremos. Nos deixem usar salto, saia, brilho, paetê, vestido; dançar do jeito que a gente quiser, com quem a gente quiser, em qualquer ambiente, sem julgamentos, sem conservadorismo, sem amarras”, declara Guilherme Fraga, bailarino-intérprete de Me Brega, Baile!.
Além de Fraga, estão em cena com Alisson George, Jônatas Raine, Marcelo Galvão e Ruan Wills. As coreografias surgem a partir de temáticas sócio-políticas e vivências cotidianas dos bailarinos. Os bailarinos-intérpretes Ruan Wills e Jonatas Raine, por exemplo, expressam a dificuldade da relação afetiva entre homens gays negros em uma das cenas. “Somos os únicos corpos negros neste espetáculo e queremos discutir afetividade, empoderamento e reconhecimento da beleza preta”, pontua Wills.
Outra vivência foi a participação do coletivo no II Encontro Contemporâneo de Dança de Salão, realizado em 2018 em São Paulo. Após apresentarem Salão, primeira montagem da Casa 4 para mais de 700 pessoas, o evento recebeu um ação judicial movida por um grupo de pessoas que considerou que a montagem não deveria possuir classificação indicativa livre, devido aos "gestos obscenos" feitos pelos bailarinos.
A participação do Casa 4 no Movasse Festival (AM) também foi propulsora para a criação deste novo espetáculo. Após a apresentação de Salão no Teatro Amazonas Pará mais de 700 pessoas, o evento recebeu uma ação judicial movida por um grupo de pessoas que considerou que a montagem não deveria possuir classificação livre, devido aos “gestos obscenos” feitos pelos bailarinos.
Para o Casa 4, a ação se deu pelo fato dos bailarinos serem gays “e defendermos nossa existência, nosso jeito de ser!”. O coletivo defende e exalta a diversidade, o diferente, a liberdade de existir do jeito e da forma que se quer. A breguice foi o caminho escolhido para reafirmar “o nosso lugar no mundo”. Me Brega, Baile! é um movimento dançante em prol da liberdade de ser e de existir em qualquer ambiente!.
Musicalidade
Em Me Brega, Baile!, o público pode esperar uma diversidade de sonoridades: da música disco ao forró nordestino, que recria sucessos internacionais de forma brilhante – e brega! Clássicos nacionais e internacionais das décadas de 70 e 80 ganham destaque na trilha sonora. Estas músicas, por sua vez, reúnem a carga dramática e o sentimentalismo exacerbado deste gênero musical. Foram excluídas canções e artistas assumidamente lgbtfóbicos.
Casa 4
O Casa 4 nasce das inquietações do bailarino Marcelo Galvão a respeito do ser gay na dança de salão, um ambiente que recrimina principalmente os dançarinos que não seguem as normas – como viados que dão “pinta”. O nome Casa 4, por sua vez, refere-se aos ensaios que por um bom tempo foram na sala da casa de Jônatas.
Galvão convida Alisson George, Jônatas Raine e Guilherme Fraga para pesquisarem como as danças a dois se davam em seus corpos gays, quais questões surgiam, quais sensações, vontades. A partir destas pesquisas surge Salão, primeiro espetáculo do coletivo, dirigido também por Leandro de Oliveira, que circulou por Belo horizonte, Salvador, Recife, São Paulo e Manaus.