Dia 28 abril, 14h
Da Redação , Salvador |
27/04/2019 às 10:12
Olodum 40 anos
Foto: Amanda Oliveira
Para marcar os 40 anos de história, o Olodum se apresenta neste domingo (28), às 14h, na Praça Tereza Batista, no Pelourinho. Intitulado 'Olodum 40 Anos & Convidados', o show terá as participações do cantor Jau, ex-integrante da banda, e do grupo Adão Negro. Além disso, haverá o lançamento do tema do bloco para o carnaval de 2020. A entrada custa R$ 50.
O Olodum surgiu em 1979, na localidade conhecida como Maciel, sobrenome de família dona de imóveis no Pelourinho. Desde o início, se afirmou como espaço de luta por reconhecimento e respeito para os moradores do local.
Nas atividades do bloco afro, muitos jovens negros encontraram uma nova forma de vida e perspectiva de futuro. Foi assim com o vocalista Lazinho. Na época com 21 anos e três filhos, o cantor trabalhava como lavador de carros.
“Naquela época, muita gente dizia que eu não chegaria aos 18 anos porque a violência estava entranhada não só em mim, mas na maioria de nós, jovens negros do Pelourinho. A gente saia para o carnaval e as festas de largo para brigar. Isso também era alimentado porque as pessoas tinham medo da gente sem nos conhecer. O Olodum salvou muitas vidas, inclusive a minha. Me fez deixar de sobreviver para viver”, conta Lazinho.
Abrindo o Pelourinho para o mundo
Em um trabalho de desconstrução da imagem negativa que a própria população de Salvador tinha sobre o Pelourinho, a música foi a forma encontrada para unir mundos distintos de uma mesma cidade. O presidente do grupo, João Jorge, destaca o legado não apenas para os integrantes. “O Olodum deu um salto qualitativo no que era a cultura negra em 1979. Nós abrimos o Pelourinho para o mundo”, afirma.
A potencialização do Pelourinho como um berço de efervescência cultural cresceu junto com o Olodum. O grupo se tornava conhecido além das ruas históricas da primeira capital do país. Na década de 90, artistas brasileiros e internacionais se renderam à batida do samba-reggae criado por Neguinho do Samba, um dos fundadores do bloco.
O Olodum arrepia
Entre os parceiros, nomes como Milton Nascimento, Gilberto Gil, o jamaicano Jimmy Cliff e os norte-americanos Paul Simon e Michael Jackson. A partir daí, os caminhos se abriram e o Olodum se apresentou em todos os continentes. Um dos ganhadores do Oscar 2019, o diretor Spike Lee veio a Salvador com Michael Jackson para gravar com o Olodum.
“Eu lembro que Michael Jackson chorou quando terminou a gravação do clipe da canção 'They Don’t Care About Us'. Ele disse que foi o único lugar que ele viu a África de verdade, pois os tambores falaram com ele de verdade, mais do que mestres e professores. Ele tava ali emocionado como eu fico, ainda hoje, quando escuto o Olodum”, acrescenta João Jorge.
Mulheres no Olodum
Da banda de batucada em latas formada por moradores do Taboão para o time principal de percussionistas do Olodum. Essa foi a trajetória da primeira maestrina de percussão do grupo. Trinta e dois anos depois do convite de Neguinho do Samba, Andreia Reis comemora o espaço conquistado pelas mulheres graças à resistência feminina dentro do grupo. “Quando chegamos na sede do bloco, a nossa inscrição foi negada. Foi aí que Neguinho bateu o pé e disse que a partir daquele momento estava autorizada a participação feminina”, revela Andreia.
Perfume das Rosas
No carnaval de 2019, em comemoração aos 40 anos, o bloco levou para os circuitos da folia baiana o tema 'Perfume das Rosas', título de uma das canções do grupo. O desfile teve apoio do Governo do Estado, por meio do programa Carnaval Ouro Negro, que apoia projetos e entidades que trabalham o enaltecimento da cultura africana na folia baiana.