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40ª Noite da Beleza Negra faz grandes homenagens

Dia 16 de fevereiro
Viva Interativa , Salvador | 11/02/2019 às 19:16
Daniela Mercury
Foto: André Frutuoso

A grande expectativa de quem vai à Senzala do Barro Preto próximo sábado (16) é conhecer a nova Deusa do Ébano, aquela que ocupará o posto de Rainha do Ilê Aiyê em 2019. Mas o roteiro da 40ª Noite da Beleza Negra do Ilê Aiyê vai muito além. O espetáculo gira em torno de três grandes homenagens: os 40 anos do concurso, os 45 anos do bloco e os 10 anos sem Mãe Hilda, iyalorixá que deu o nome de batismo e definiu a linha filosófica do trabalho do Ilê, sendo mãe biológica de Antonio Carlos Vovô, Vivaldo Benvindo, Dete Lima e Hildelice Santos, fundadores e diretores do bloco.

Com o tema Afrofuturismo, a Noite da Beleza Negra 2019 tem patrocínio da Avon, Bahia Gás e Governo do Estado da Bahia. A realização é do Ilê Aiyê e Caderno 2 Produções. “A linguagem afrofuturista estará presente no cenário, na trilha musical, nos vídeos e figurino. Para além do próprio Ilê, que é Afrofuturista desde 1975”, comenta Ridson Reis, responsável pela direção artística do evento, que este ano ganha um caráter especial de comemoração.

As atrações musicais confirmam a grandiosidade desta edição da festa, que há 40 anos ininterruptos exalta o valor e a beleza da mulher negra, sendo o único concurso no país com esse cunho e que acontece há tantos anos. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury sobem ao palco, ao lado da banda anfitriã, a Band’Aiyê, abrindo mão de cachês para fazer da sua música um canto de reverência à história desse evento, que promoveu uma revolução estética e ofereceu um novo patamar de reconhecimento às mulheres negras brasileiras.

Uma saudação a Exu, com Russo Passapusso e o ator Fábio Santana (Bando de Teatro Olodum), abre a noite. A performance mistura coreografia, música e texto. “Esse é o único momento que trazemos texto falado por um ator no palco. Sendo uma edição de aniversário, priorizamos momentos de depoimentos em telão para contemplar pessoas e fatos que contam a história do bloco, do concurso e de Mãe Hilda. Fora isso, teremos muita música. Os arranjos das performances têm direção musical de Jelber Oliveira”, informa o diretor.

“A nossa primeira edição foi na ladeira em frente ao terreiro, com candidatas e jurados sendo convocados na hora; depois fomos para o Clube Comercial, que parecia que ia desabar de tanta gente, depois para o Clube da Polícia Militar, mas impacto mesmo foi quando levamos o concurso para a Associação Atlética, lembro que sofremos muita resistência”, conta Vovô, presidente e fundador da entidade.

“A Beleza Negra é uma das grandes ações afirmativas do Ilê Aiyê, mudou o comportamento das mulheres, colaborou para a cidade assumir sua negritude e deu uma contribuição que nem conseguimos medir ao certo a sua dimensão. Até o fato de hoje haver candidatas negras em concursos como Miss Bahia e Miss Brasil, tem relação com a ascendência que o nosso evento deu ao reconhecimento da beleza da mulher negra”, reforça ele.

“O perfil das candidatas mudou muito nesses 40 anos, tanto em comportamento quanto, por exemplo, em nível de formação. No início, quando se perguntava a profissão delas, era comum ouvir estudante de primeiro grau ou empregada doméstica; hoje temos empresárias, professoras e universitárias. Nesta edição, temos uma finalista que acabou de concluir mestrado”, cita Dete Lima, diretora, fundadora e estilista do Ilê. Ela conta que antes havia muita desarmonia entre as concorrentes, muita competição. “Hoje a consciência é outra, muito além de adversárias de um concurso, elas estão unidas em prol de um discurso de afirmação da sua identidade”.  

Se 40 anos significam 40 deusas, reunir algumas delas no palco compõe uma das cenas da performance em homenagem ao aniversário de 40 anos da Noite da Beleza Negra. Presença confirmada é a da primeira Deusa do Ébano eleita, Mirinha (Rainha de 1979), que além de ter na sua vida a marca de um título que fez uma revolução na sua maneira de enxergar a si e ao mundo, é até hoje uma grande amiga e parceira da casa.

Para celebrar os 45 do bloco afro mais antigo do Brasil, foi escolhida uma das vozes mais representativas da força do canto negro na Bahia. É Lazzo Matumbi que canta “Ilê Aiyê”, canção de Gilberto Gil (álbum Refavela, 1977) cujo refrão, Que Bloco é Esse?, constitui o tema do Carnaval 2019 da entidade. “Vídeos reviverão antigas saídas do bloco e, através de testemunhos, o público será convidado para fazer um passeio pela trajetória do Ilê”, adianta Ridson. 

Promete ser um dos momentos mais emocionantes da noite a passagem que homenageia Mãe Hilda, cujos detalhes o diretor artístico prefere manter em segredo. Ele só adianta que a memória dessa mulher que foi e é a guia espiritual do bloco será reverenciada pela voz da cantora lírica Irma Ferreira, acompanhada de um duo coreográfico. “O Terreiro Ilê Axé Jitolu também subirá ao palco”, releva Ridson fazendo mistério.

A filha de Jimmy Cliff, a cantora e atriz Nabiyah Be – presente no elenco do filme Pantera Negra - participa com a canção “Ser Mulher”, escolhida também para fazer uma homenagem ao seu compositor, o jovem cantor Roy (ex-vocalista da banda O Círculo), falecido no último mês de janeiro.

Ao fim da noite, terão sido eleitas uma Rainha e duas Princesas do Ilê Aiyê. Além do Troféu Perfil Azeviche (2º e 3º lugares) e do Troféu Deusa do Ébano (1º lugar), as vencedoras serão premiadas com fantasias do bloco Ilê Aiyê. Para o júri estão confirmados nomes como a coordenadora do Instituto Avon, Mafoane Odara, e a professora de dança Amélia Conrado.



SERVIÇO

40ª Noite da Beleza Negra

Dia: 16 de fevereiro (sábado)

Horário: 20h

Local: Senzala do Barro Preto – Ladeira do Curuzu, Liberdade

Ingressos: R$ 60 (pista); R$ 120 (camarote) – Valores Promocionais

Vendas: Senzala do Barro Preto e Boutique do Ilê (Pelourinho)

Vendas online: Sympla