Polícia Federal: A Lei É Para Todos, dirigido por Marcelo Antunez, Brasil, 2017. Antes de começar a escrever sobre o filme, tive o cuidado e a curiosidade em pesquisar em, ao menos seis críticas distintas , para saber se ,de fato, minhas ideias batiam com aqueles que escreveram aos principais jornais do país, e eis que, minha surpresa: todos em unânime acordo, taxaram o filme como Anti-Lulista.
É fácil assistir ao filme e afirmar que a operação Lava-Jato veio para destruir o PT, mas não foi, e nem está sendo, bem assim. Como o próprio subtítulo do filme reafirma: A lei é para todos, e foi isso que vi do filme; agora se existiam mais corruptos do PT, então a polícia federal não a mínima culpa disso.
Outro fato também discutido na obra fílmica fora os primeiros passos da operação surgirem seis meses antes da campanha presidencial da Dilma, em sua reeleição. Coincidência ou não à parte, estamos falando da maior operação contra a corrupção da História do Brasil de 1500 até os dias de hoje.
E o filme começa justamente fazendo este paralelo. Ou seja: contando como se formou a identidade das autoridades brasileiras desde o tempo em que era colônia portuguesa. Sim, até mesmo por ter um único e soberano dono, Portugal, é que tiveram tantas roubalheiras “a torto e a direita”.
FAzendo uma analogia a Portugal e ao PT, o filme fala em “alto e bom tom”, que o este partido, o PT, não poderia ser , hoje, o nosso Portugal dos tempos de 1500, pois hoje, quem rouba têm de pagar, e isso independente de quem seja: um ex-presidente ( bem interpretado pelo Ary Fontoura), ou um funcionário público corrupto, pois a lei é para todos, ou ao menos deveria ser, e os agentes da PF acreditam, desacreditando nisso, sob a ótica do nosso jeitinho brasileiro e nosso passado corrupto de todo o sempre.
A operação toma corpo, e nome, quando descobrem cocaína levada em um caminhão numa estrada em São Paulo. As pistas levam a um cara que era dono da mercadoria, que usava postos de gasolina para lavar dinheiro sob as drogas vendidas. A grana era repassada a um doleiro chamado por Alberto Yussef, este que tinha braços de polvo e presença na alta cúpula da Petrobras.
Prendendo o doleiro Yussef a PF chega a um dirigente da Petrobras que comandava todo o esquema de corrupção da maior roubalheira dos nossos cofre públicos que já se tinham conhecimento ( ate hoje...), que foi, ou ainda é chamado de Petrolão; este que dava de pau em qualquer Mensalão, Mensalinho, Anões do Orçamento, Fiat Elba e outros e quaisquer esquema de desvio de dinheiro público que o Brasil já teve conhecimento.
O esquema era, de fato, sofisticado e o Paulo Roberto Costa conta com detalhes como funcionava e dava cifras, inclusive, 51 Bilhões de reais desviados, não milhões, mas bilhões, onde quem paga essa conta não é a PF nem os partidos, mas sim nós: o povo, obviamente.
Pois bem: com o ex-dirigente da Petrobras, Paulo Roberto Costa, abrindo o berreiro em prol de uma delação premiada ( esta que sabemos que virou moda em Brasília) que oferecia prisão domiciliar ao réu, a PF chega às empreiteiras ( estas , sabemos que eram inúmeras, porém o filme foca-se somente na Odebrecht e o seu Marcelo, por tratar apenas da fase inicial da Lava-Jato) que lucravam cerca de 20% nas diversas obras superfaturadas que o Brasil “necessitava” para crescer nos Governos Lula e Dilma, mas que já acontecia isso bem antes também.
Ou seja: é difícil mensurar em qual governo isso começou, talvez até tivéssemos esquemas de obras superfaturadas desde os tempos da ditadura militar, ou antes dela, vai saber.
Um filme, com ou sem tendências partidárias, que merece ser conferido para entendermos um pouco mais como formou-se, ao longo da história do Brasil, a cabeça de quem dita as ordens por aqui, desde 1500 até os presentes dias: o tal do jeitinho brasileiro, que já passou da hora de ter um fim para que , um dia, transformarmos este local, bonito por natureza, em um lugar decente, pois a esperança deve ser a última a ser a abatida.