Abertura da folia teve sabor especial com verdadeira aula de história momesca
Agecom , Salvador |
03/02/2016 às 22:35
Carlinhos Brown no centro da cidade
Foto: Arthur Garcia
O som dos batuques, guitarras baianas e diversos instrumentos de sopro invadiram a Rua Chile para dar uma verdadeira aula de “História da Folia” sobre a festa de rua mais conhecida do Brasil. Em uma ação inédita realizada pela Prefeitura, o Carnaval de Salvador de 2016 teve início oficial na noite desta quarta-feira (3), através de um cortejo entre a Praça Castro Alves e o Terreiro de Jesus.
Para acompanhar a tradicional entrega das chaves da cidade pelo prefeito ao Rei Momo, 18 atrações fizeram o percurso em direção ao Centro Histórico tocando um repertório dinâmico, relembrando desde as primeiras batucadas, passando pelas fanfarras e chegando por fim ao trio elétrico e à explosão da axé music. O cortejo que reverenciou as transformações do Carnaval foi liderado por Carlinhos Brown a bordo da Caetanave, arrastando uma multidão.
Sobre resgate dos carnavais antigos proposto através do cortejo desta quarta-feira, Brown prefere outro termo para denominar a abertura. “Isso é tradição e a tradição está sendo respeitada. Com isso as pessoas vão se reeducando em relação ao Carnaval, que também é assim”, destacou o cacique.
Retrospectiva
O som da guitarra baiana ficou a cargo de Fred Menendez e seu Rixô Elétrico – um tipo de carro movido a pedais –, que executou clássicos carnavalescos como “Pombo Correio”, “Frevo da Vassourinha” e “Chame Gente”. O rixô, segundo Menendez, também faz jus ao tema da festa este ano, que faz homenagem à rua, estando o modesto veículo na altura dos foliões e bem próximo ao chão.
Para o músico, trazer a abertura oficial na Praça Castro Alves é a melhor homenagem que a Prefeitura poderia ter feito à festa. “Foi aqui que nasceu o Carnaval de Salvador e hoje nós temos as mais diversas manifestações culturais que trazem à tona essa nossa identidade, mostrando passado e presente dessa festa que tomou proporções tão grades”.
Pela Rua Chile também desfilaram grupos tradicionais como o Olodum, Quebales, Pierrots da Plataforma, Didá, Mutantes, as Ganhadeiras de Itapuã, a Ala das Baianas, o Grupo João de Barros, Wilson Café e Seus Tambores, o Micro Trio de Ivan Huol, a banda de Fred Dantas, além do cantor Thierry.
Homenagem à rua - Encerrando a abertura da maior festa de rua do país, Saulo levou a contemporaneidade da axé music aos foliões. “Sinto-me honrado, é uma responsabilidade grande abrir uma festa que é tão importante para muitas pessoas”, explicou ele, que também não economizou elogios a iniciativas da Prefeitura, como o pré-Carnaval com o Furdunço, tornando a festa cada vez mais democrática.
Este ano, o ex-vocalista da Banda Eva só vai participar do Carnaval em trios sem cordas. Para ele, a Prefeitura está no caminho certo com a temática “Vem curtir a rua”, prestando grande valor ao folião da pipoca. “Traz diversidade, respeito e baianidade. O baiano agora diz: 'Agora eu me aproprio de minha cidade, a rua tá liberada e posso pular à vontade'".