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BROWN leva proposta a Rui de instalar o Afródromo no CAB. Uma tragédia

Tem mais é que se misturar, se integrar a velha cidade da Bahia e não se isolar
Tasso Franco e Secom , Salvador | 12/08/2015 às 18:32
Governador Rui com Carlinhos Brown
Foto: Raul Golinelli
Um sonho antigo das entidades carnavalescas de matriz africana pode estar próximo de se tornar realidade. Durante audiência realizada na tarde desta quarta-feira (12), na Governadoria, o baiano Carlinhos Brown, acompanhado do presidente do Olodum, João Jorge, apresentou ao governador Rui Costa o projeto para realização de um circuito do Carnaval na área do Centro Administrativo da Bahia (CAB), voltado para o desfile de blocos afros.
 
O espaço contaria com arquibancadas de acesso gratuito, circuito de blocos, palcos, praça de alimentação, camarotes e toda a estrutura para transmissão da festa em redes de televisão. “Gostamos muito da ideia, vamos iniciar estudos de viabilidade econômica do projeto e ver de que forma o Estado pode apoiar, para que essas entidades tenham um lugar onde consigam mostrar toda a sua beleza”, disse Rui Costa.
 
Para Carlinhos Brown, o projeto defendido também pelo Olodum e Ilê Aiyê não compete, nem interfere no desfile dos outros blocos nos circuitos tradicionais. “Eles vão continuar desfilando, mas esse espaço permitirá que as nossas entidades tenham suas alegorias, fantasias e coreografias valorizadas e mostradas para o mundo, além de mais conforto para o público”, disse o artista. A vontade do cantor e compositor baiano é que ele já seja implantado no próximo carnaval.

OPINIÃO DO BJÁ

Inicialmente, o projeto do Afródromo foi apresentado ao então governador Jaques Wagner, em dezembro de 2012, para ser instalado no Comércio (Cidade Baixa) numa área com extensão de 2.5km na Av da França. Os mesmos protagosnistas e mais Vovô do Ilê. A idéia também foi considerada boa, mas, nunca chegou a ser executada.

Não houve vialidade econômica, a Segurança Pública entendeu que seria mais um circuito (fora do circuito mãe) que demandaria uma logistica complicada e o assunto perdurou algum tempo na midia, mas, ficou latente. 

Agora, surge a proposta de levar o Afródromo para o CAB. A proposta não deixa de ser ousada, mas, a logistica neste local é ainda mais complicada do que no Comércio, uma vez que a Av Luiz Viana (Paralela) é o principal corredor de tráfego na linha Sul-Norte da cidade e está em obras com o metrô.

Ademais, retirar os blocos afros do centro da cidade, do conjunto de sua arquitetura, em nosso entendimento não seria legal. O Olodum deixaria de desfilar na sexta do Pelô? A madrugada do Ilê no Campo Grande acabaria?  Os blocos afro no CAB não ficariam isolados da midia?

Há toda uma logistica no Carnaval de Salvador, a cidade, o povo, uma história e levar os blocos afros para um ermo, um descampado, seria uma tragédia. Os blocos afro que pregam tanto o fim do apartheid vão criar um apartheid?