Os compositores Thales Bigbig e Sammy Coelho fizeram em quatro minutos a música "Vai no cavalinho", que se espalhou pelo repertório de Ivete Sangalo e outros artistas de axé, sertanejo, pagode e funk em 2013. Thales, de 22 anos, diz ao G1 que a música já rendeu cerca de R$ 1,5 milhão. O valor total inclui pagamentos de direitos autorais por execuções e autorizações de gravação. O aval para o registro pode custar até R$ 150 mil, segundo o músico. Ele divide a renda com Sammy, de 26 anos, descontados 25% para a editora da música, a WS Edições Musicais. O dono da WS é Wesley Safadão, cantor do grupo Garota Safada.

"Vai no cavalinho" saiu de Fortaleza, cidade em que moram os dois compositores, e corre rumo ao sucesso no Sudeste do país sem se amarrar a uma voz ou ritmo. A primeira versão foi no final de 2012, do grupo cearense Forró da Curtição. Logo desceu à Bahia, no axé do Trio da Huanna e do Gasparzinho. Um arranjo sertanejo apareceu em Brasília, por Guto e Benitti. Outros sertanejos foram Raffael Machado (GO) e Leo Rodriguez (SP). A faixa tem vários vídeos com mais de um milhão de visualizações no YouTube. O funkeiro paulista MC Gui também canta a música.

Ivete dedicou a Feliciano

Além de registros de estúdio de muitos artistas, o "potoc, potoc" da canção foi ouvido em shows de Ivete Sangalo. Em junho, em Jequié (BA), a cantora dedicou ironicamente os versos sobre "palmadinhas" e "galopes" a Marco Feliciano, após criticar o deputado (veja o registro de um fã no YouTube). Também já levaram o "cavalinho" ao palco Claudia Leitte (veja vídeo de fã), Parangolé, Wesley Safadão, Munhoz & Mariano e Cristiano Araújo. Thales diz receber cheques mensais de até R$ 22 mil do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) pelas execuções da faixa. O escritório não divulga valores distribuídos para os autores.

Sobre os alegados R$ 150 mil para autorização de gravação, a produção do cantor Leo Rodriguez, um dos intérpretes, não quis divulgar o valor exato pago pelo artista. Mas a produção disse que o preço informado por Thales está de acordo com o valor atual de músicas em alta no mercado. Dependendo do potencial da faixa e do interesse de artistas menos conhecidos de gravá-la, o valor pode chegar até a R$ 300 mil, diz a produção de Leo Rodriguez. O G1 apurou com fontes do mercado fonográfico que o valor máximo informado de R$ 22 mil em um mês condiz com as execuções da música atualmente.

Saiba mais

"É a música da minha vida e do Samir. A galinha dos ovos de ouro. Nunca imaginamos que isso aconteceria com 'Vai no cavalinho'", diz Thales, que chegou a estudar dois anos de Filosofia na Universidade Estadual do Ceará, mas hoje se dedica a composições e produção musical. Solteiro, ele pretende investir o lucro em imóveis e terrenos.

A dupla de compositores que se conheceu há três anos também gasta dinheiro em baladas - mas com justificativa profissional. "A festa dá inspiração para as músicas", explica o cearense. Foi em uma festa no dia 11 de março de 2012, um sábado, que eles se inspiraram para o "cavalinho". Um dia depois, fizeram a faixa em quatro minutos, conta.

Eles já haviam emplacado outros versos e coreografias tão simples quanto "Ela pirou de vez, tá pensando que eu sou seu cavalinho", acompanhada de um galope desajeitado, que chega a lembrar o de "Gangnan style", de Psy. "Empinadinha", gravada por Cristiano Araújo e Garota Safada, tem 16 milhões de cliques somados no YouTube. "Carro pancadão", de Israel Novaes, já supera 1,2 milhão. Eles ainda esperam estourar "Ei, seu namorado é feio". "Eu sou mais bonito / Trai ele comigo", continua o atrevido refrão.

Aposta para 2014

Os autores esperam que o "cavalinho" chegue mais longe. No "Esquenta", Preta Gil dançou e cantou a faixa citada no programa como "aposta para 2014". Ao G1, o veterano do funk carioca DJ Marlboro também citou a música como possível hit para o ano que vem. Thales diz que a editora de "Vai no cavalinho" foi sondada pela equipe de "Em família", próxima novela das 21h da TV Globo, que terá cenas em Goiás. A assessoria da novela diz que a trilha não está fechada.

O compositor afirma que chegou a vender a exclusividade da gravação para a dupla Guto e Benitti, mas depois a editora pagou para reverter o direito exclusivo e poder vender a outros artistas. Mas agora, Thales quer evitar liberar mais registros. O plano é não soltar mais o "cavalinho" para "Deus e o mundo", conta.