A decoração também foi fator lembrado por Sérgio Bezerra, presidente da Associação Carnavalesca das Entidades de Sopro e Percussão
RV , da redação em Salvador |
17/05/2013 às 12:32
Mesa mediada pelo vereador Moisés Rocha (PT)
Foto: RV
Um retorno à tradição. A cultura seguindo lado a lado com o entretenimento. Essa foi a síntese do debate "Carnaval em movimento: do Afródromo às Fanfarras", mediada pelo vereador Moisés Rocha (PT), que encerrou os trabalhos no Panorama Carnaval - seminário realizado pela Comissão Especial do Carnaval, da Câmara Municipal de Salvador (CMS).
Na discussão sobre as diversas manifestações culturais que se apresentam na maior festa de rua do planeta, Alberto Pitta, presidente do Cortejo Afro e da Liga dos Blocos Afro, apresentou o projeto original do Afródromo e relembrou a história de alguns blocos que já não existem. "É uma pena. Eu adoro blocos de índio, mas hoje infelizmente só temos dois e o esvaziamento dos afros, afoxés e blocos de índio é consequência desse formato que o Carnaval assumiu".
Segundo Pitta, o Afródromo não se resume a ter um circuito próprio, mas sim a requalificar os blocos, fazendo-os participar de forma digna do Carnaval de Salvador. "A indumentária é importante e depois de muito tempo eu voltei a me dedicar a criar modelos de tecidos. O Carnaval precisa de memória. Precisamos resgatar essas tradições com as fantasias, a decoração", afirmou.
A decoração também foi fator lembrado por Sérgio Bezerra, presidente da Associação Carnavalesca das Entidades de Sopro e Percussão - pioneiro em antecipar o Carnaval para a quarta-feira, na Barra, com "um grande baile ao céu aberto". "A decoração está esquecida. Ninguém fala mais sobre a cidade, sobre a caracterização. O que precisa não é de circuito novo e sim do melhor aproveitamento do espaço que já temos. Circuito não se faz da noite para o dia", afirmou. Sérgio contou que na Barra já são mais de 30 blocos de sopro e percussão na quarta-feira, oficializada, inclusive, pelo Conselho Municipal do Carnaval (Comcar). "As famílias podem ir juntas para a rua, com crianças, para relembrar os antigos Carnavais e tudo com muita tranqüilidade".
O painel contou ainda com a presença de José Luiz Lopes, mais conhecido como Arerê, presidente da União das Entidades de Samba da Bahia (Unesamba). Ele apresentou o pioneirismo da Caminhada do Samba, que abre a temporada das festas populares antecedentes à folia momesca, sempre no último domingo de novembro em homenagem ao Dia do Samba (comemorado 2 de dezembro). "O samba que já é forte na quinta, sexta e sábado merece maior exposição através da cobertura das televisões no período da noite. O samba já traz a plasticidade como atrai artistas nacionais e público de todas as idades".