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Caravelas gasta R$ 765 mil no Carnaval, e não tem um médico em posto

Curioso é que, não obstante as denúncias de mau uso do dinheiro público pelo prefeito se acumulem, os órgãos de fiscalização nada fazem para barrar a farra
Rosane Santana , Caravelas | 29/01/2013 às 11:27
O Diário Oficial do Município de Caravelas, no extremo sul da Bahia, publicou nesta segunda-feira, dois contratos (PP003/2013 e PP004/2013), perfazendo um valor total de R$ 765.000,00, referente a contratação da empresa Target Comunicações & Eventos, para realização do Carnaval. A empresa, segundo denúncias não apuradas até o momento, teria estreita ligação com o prefeito Jadson Ruas, do PDT, cuja administração tem se notabilizado pela total falta de transparência. Note-se que o valor contrato para shows, num município de 19 mil habitantes, cinco mil deles no núcleo urbano, onde falta tudo, é superior ao cachê de Ivete Sangalo, segundo artista mais bem paga do país, depois de Roberto Carlos. 

Curioso é que, não obstante as denúncias de mau uso do dinheiro público pelo prefeito se acumulem, os órgãos de fiscalização nada fazem para barrar a farra com o dinheiro público, a exceção do Ministério Público que, recentemente, compareceu ao município para investigar reforma em um posto de saúde que teria custado R$ 1 milhão, quando na verdade não teria passado de R$ 50 mil. Jadson Ruas, do PDT, teve sua ficha de filiação abonada pelo presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, candidato a governador, que esteve no município para a cerimônia de filiação há pouco mais de um ano. 

Num momento em que a presidente da República, Dilma Rousseff, reunida em Brasília com prefeitos de mais de cinco mil municípios, anuncia a liberação de R$ 65 bilhões para as Prefeituras, é preciso que os órgãos de fiscalização fiquem atentos à aplicação do dinheiro público. Os municípios brasileiros, historicamente, são o foco maior de desvios, desmandos e irregularidades, como atestam as denúncias em Caravelas, terceira cidade fundada no paísl, onde a população fala abertamente sobre as irregularidades, já descrente de qualquer solução para o problema. Na localidade não há um só médico em posto de saúde há mais de seis meses, o transporte escolar e o ensino é precário e, no hospital local, doentes são alimentados com a ajuda da população.