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AFRÓDROMO faz teste no Campo Grande e precisa ser melhor discutido

Agora, isolar os grupos afrobaianos num circuito distantes dos outros três seria preocupante do ponto de vista da integração, da igualdade.
Tasso Franco , da redação em Salvador | 16/01/2013 às 18:24
Reunião de Brown com secretário de Turismo e a decisão de desfilar domingo no Campo Grande
Foto: Valter Pontes
   A decisão da Prefeitura em permitir uma prévia do Afródromo no desfile do Carnaval domingo, 11h, no Campo Grande, com 11 blocos e artistas do movimento afrobaiano será um teste interessante para revitalizar o circuito Osmar, que andou caído nos dois últimos carnavais diante da preferência do circuito Dodô, Barra/Ondina.

   Se for um desfile organizado como se supõe, hora agendada, 11h, não provocará engarrafamentos na sequência da tarde. Agora, como os blocos afros têm ritos próprios, poderá acontecerá um bagunçaço na programação, até porque foi uma decisão unilateral, sem o aval do Comcar, chamado no evento de integrado por "atravessadores", segundo Carlinhos Brown.

   O Afródromo, que está previsto para estrear em circuito próprio, em 2014, na área do Comércio, na Cidade-Baixa, salvo melhor juizo precisa ser melhor discutido com a organização do Carnaval, com a cidade, pois, no modelo que se apresenta pode funcionar ainda mais excludente para os afrobaianos, os quais ficariam segregados num circuito próprio, sem interação com o resto da cidade.

   Salvador tem 3 circuitos do Carnaval que, bem ou mal, se integram, se interagem. O Pelourinho (Circuito Batatinha), ponto original dos primeiros entrudos carnavalescos em meados do século XIX, apagou-se com a evolução do circuito Campo-Grande/Sé e foi reoxigenado e rebatizado por Paulo Gaudenzi, na década de 1990; o circuito Osmar (Campo Grande/Praça Municipal), originário nas primeiras décadas do século XX; e o circuito Dodô (Barra/Ondina), nascido nos anos 1980/90.

  Criar mais um circuito fora desse eixo é para se analisar com muita atenção, a logistica, a segurança, o atendimento à saúde e assim por diante. Tudo é possível desde que haja investimentos. Agora, isolar os grupos afrobaianos num circuito distantes dos outros três seria preocupante do ponto de vista da integração, da igualdade.

   A cidade comportaria uma logistica dessa natureza com meios de comunicação participando, blocos afros de trios, blocos de samba, blocos de indio, os afoxés, ou seriam só os afrobaianos intitulados de raiz?

   Problema complexo este e que não pode ser levado por zelo e ação de Brown, um grande ativista carnavalesco, sem considerar o Carnaval como um todo, integrado.