A guitarra baiana será a grande homenageada no Carnaval de Salvador do próximo ano, que acontecerá entre os dias dias 7 e 12 de fevereiro. O tema foi eleito por unanimidade pelos membros do Conselho Municipal do Carnaval (ComCar) presentes na reunião realizada, nesta segunda-feira (11), na sede da Empresa Salvador Turismo (Saltur), no Dique do Tororó.
"A escolha da guitarra elétrica será mais uma oportunidade de mostrarmos para o Brasil e o mundo a nossa riqueza cultural. A guitarra é um dos instrumentos mais importantes na folia do Carnaval. O instrumento é um patrimônio da Bahia, criado pelos saudosos Dodô e Osmar, e, que logo em seguida transformou-se na ferramenta fundamental para a criação do trio elétrico, dando origem à explosão que representa a musicalidade do Carnaval de Salvador", explica o presidente do ComCar, Pedro Costa.
Para o presidente da Saltur, Jonga Cunha, o tema fará um resgate histórico da maior festa popular do mundo, já que a guitarra baiana possui interatividade com o público, principalmente, por aqueles que conhecem a história do carnaval de Salvador, considerado pelo Guiness Book como a maior festa popular do mundo. Já o instrumentista Armandinho, também presente à reunião, anunciou que fará um CD que levará o nome do tema escolhido, Guitarra Baiana, como forma de homenagear a história da cidade, da festa e do carnaval de Salvador e dar um presente para os foliões baianos.
Neste ano, o tema escolhido para a festa momesca foi o centenário do escritor baiano Jorge Amado. Em 2010 e 2011, as homenagens foram para os 60 anos do trio elétrico e a percussão, respectivamente. O conselho é composto por 25 membros - representantes de entidades carnavalescas e governos municipal e estadual. Segundo Vera Lacerda, da Coordenação do ComCar, durante a reunião também foi confirmada a realização do II Fórum do Carnaval de Salvador na segunda quinzena de agosto, além de apresentar as ações da diretoria do conselho.
História
Em apresentação na cidade de Salvador em 1942, o violonista clássico Benedito Chaves (RJ) mostrou pela primeira vez ao público local um "violão eletrizado". Adolfo Antônio Nascimento (Dodô) e Osmar Álvares Macedo (Osmar), ávidos em conhecer tal instrumento, foram assistir ao show no Cine Guarani e ficaram extremamente entusiasmados. Embora fosse um violão comum, importado e com um captador inserido à sua boca, o instrumento era muito primitivo e possuía microfonia.
Dodô, porém, na busca da superação deste problema, construiu em poucos dias um violão igualzinho ao de Benedito Chaves para ele e um cavaquinho para Osmar. Apesar da microfonia persistir, os dois uniram-se mais uma vez para formar a "Dupla Elétrica" e começaram a se apresentar em diversos lugares.
Em um determinado dia, Dodô resolveu esticar uma corda de violão sobre a sua bancada de trabalho e prendê-la nas extremidades; sob a corda, colocou um microfone preso à bancada. Quando a dupla ligou o microfone, algo inacreditável aconteceu: um som limpo, que parecia até o de um sino. Estava, então, descoberto o princípio e logo foi possível perceber que o "cêpo maciço" evitava o fenômeno da microfonia - e assim, com o nome de pau elétrico, nasceu a guitarra baiana.