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PORTELA E IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE CANTAM A AMADA TERRA DA BAHIA

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| 20/02/2012 às 20:25
Vanessa da Mata interpretando Clara Nunes no carro alegórico da Portela
Foto: Rita Barreto

Os desfiles da Portela e da Imperatriz Leopoldinense viraram uma grande festa popular baiana, na noite de domingo de Carnaval, encantando e emocionando a Marquês de Sapucaí. A Portela com o samba-enredo "É o povo na rua cantando. É feito uma reza, um ritual", que fala de fé, festas populares e rituais da Bahia, foi a segunda escola a desfilar contagiando o público com sua alegria, com a harmonia do samba e a beleza de suas alegorias, que representavam os encantos da religiosidade e da cultura baiana. 


A fé e o sincretismo religioso baianos são mostrados na comissão de frente "Quero vestir a roupa da santidade", que apresentou filhos e filhas de santos, conduzidos pelo ator Milton Gonçalves, representando um babalorixá, reverenciando os Orixás que saiam de uma réplica de igreja barroca. O carro abre-ala trouxe uma grande águia dourada, símbolo da Portela, e os cantores Paulinho da Viola e Marisa Monte como destaques.  Paulinho da Viola fez comentários sobre o samba-enredo, considerado por ele vibrante e alegre. 


Em seguida, a ala "Olhai seus filhos com olhar sereno" apresentou uma coreografia com as vassouras utilizadas nas lavagens da Igreja do Bonfim e o carro alegórico trouxe uma réplica da Igreja do Bonfim com 30 mil fitas do Bonfim amarradas nos gradis do carro. Outras 20 mil fitinhas foram distribuídas ao longo do percurso. E um detalhe que provoca mais encanto, as 50 mil fitas foram bentas, segundo o carnavalesco da escola, Paulo Menezes, que também pediu licença aos Orixás para representá-los no sambódromo.


Depois de mostrar a Lavagem do Senhor do Bonfim, a Festa de Iemanjá foi saudada na avenida.  As alas foram enfeitadas com oferendas à rainha das águas, como flores e barquinhos, e o carro alegórico, que mais parecia um chafariz, com uma sereia esculpida, chamou a atenção pela beleza e grandiosidade. A Portela também mostrou outras manifestações culturais como o Maculelê, o Negro Fugido, o Terno de Reis e o Boi-bumbá.


Bateria Tabajara do Samba veio de Filhos de Gandhy

 

Outro momento emocionante do desfile foi a bateria Tabajara do Samba vestida de Filhos de Gandhy, que pintou de branco a passarela.  O carnavalesco incluiu uma ala atrás da bateria com a mesma fantasia para dar a dimensão que o bloco tem no Carnaval de Salvador. O Ilê Aiyê e o Balé Folclórico da Bahia fizeram bonito na Sapucaí. A ala dos passistas homenageou o Ilê Aiyê e na alegoria "Abram espaço nesta sagrada caminhada", o carro contou com dez integrantes do Balé Folclórico da Bahia.


As alas receberam nomes de letras de música que cantam a Bahia. Na ala "Tá no batuque que balança nego" lembrou o balanço da música baiana e foi a ala mais colorida da Portela, destacando o amarelo, o azul, o vermelho e o amarelo. "Abre alas porque o Olodum chegou" foi outra que destacou a percussão baiana. E a alegoria "O canto da cidade", uma reprodução do Pelourinho, o destaque foi Daniela Mercury que, emocionada, dançou e cantou o samba-enredo. O mesmo carro trouxe integrantes com corpos pintados fazendo alusão à banda Timbalada.


A grande festa popular da Bahia e da Portela lembrou outras manifestações culturais baianas como o Zambiapunga, a Festa de Santo Amaro da Purificação, a festa de Cosme e Damião, com os atores baianos Fábio Lago e Fabrício Boliveira, que representaram os santos. O forró foi tema de uma das alegorias, trazendo uma escultura de Gilberto Gil tocando sanfona e casais dançando no ritmo nordestino. E para finalizar o espetáculo, o último carro trouxe imagens de Orixás nas laterais saudando a Velha Guarda da Portela e, em destaque, Vanessa da Matta, representando Clara Nunes, que foi integrante da escola e que conduziu o enredo deste ano.


Bahia continuou na avenida com a Imperatriz Leopoldinense

 

A terceira escola da noite a desfilar, a Imperatriz Leopoldinense fez homenagem a Jorge Amado com o samba-enredo "Jorge, Amado Jorge". O carnavalesco Max Lopes explorou as fases da vida do escritor baiano, como a infância em Ferradas (Itabuna), Ilhéus e Salvador, sua ida para o Rio de Janeiro, sua entrada na faculdade de Direito, na Academia de Letras, seu engajamento político, a influência da cultura baiana em suas obras, personagens de seus livros e aspectos da vida dos baianos.


O abre alas veio com uma réplica da Igreja do Senhor do Bonfim com esculturas gigantes de baianas, com cinco metros de altura cada, e as escadarias sendo lavadas por baianas, representando o ritual da lavagem pelos adeptos do Candomblé. A ala das baianas, com vestidos rodados prateados, enriqueceu o traje típico, levando mais beleza e luxo à avenida. Barquinhos com imagens de Jorge nas velas e no casco os nomes de algumas de seus principais personagens, Tieta, Gabriela, Tereza Batista e Dona Flor, prenunciavam o que viria a seguir. 


Vendedores de frutas, de flores, de peixes, coqueiros e estátuas de baianas socando a massa do acarajé, são algumas das representações da Bahia de Jorge. Depois vem a ala retratando a ida de Jorge Amado ao Rio de Janeiro, viagem que inspirou o primeiro livro do autor, "País do Carnaval" (1931), é representada por um carro alegórico com diversas alas muito coloridas, simbolizando as descobertas feitas na cidade carioca.


A passagem de Jorge Amado pela Europa também rendeu uma alegoria que remetia a um baile de máscaras do Carnaval de Paris, todo feito nas cores da escola, verde, dourado e branco. E ao retornar ao Brasil, numa fase de engajamento político, Jorge encontra o grande amor de sua vida, Zélia Gattai, representada na ala "Doce flor" e também pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Filipe e Rafaela, com fantasias multicoloridas chamadas "Os Reis do Ilê Aiyê".


A relação de Jorge Amado com o Candomblé é mostrada pela escola em carro alegórico e através de fantasias de Xangô e Oxum. E na última alegoria, que contou com as presenças dos filhos do escritor, João Jorge e Paloma Amado, foi exibida uma réplica do Pelourinho e da Fundação Casa de Jorge Amado, além de ter apresentado alas simbolizando a capoeira, o Olodum e a Timbalada. Apesar de alguns contratempos, a Imperatriz Leopoldinense também levou muita emoção à Marquês de Sapucaí.