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GRITO DE CARNAVAL LEVA MILHARES ÀS RUAS DE MARAGOGIPE, NO RECÔNCAVO

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| 12/02/2012 às 16:25
Grupo de mascarados no Carnaval de Maragogipe
Foto: Ascom Ipac

Surpreende a semelhança, mas a folia carnavalesca de Maragojipe, cidade a 150 km de Salvador, pode ter influências do Carnaval de Veneza, na Itália. O município localizado no Recôncavo da Bahia realiza um ‘Grito de Carnaval' até a madrugada de hoje, dia 12 (fevereiro, 2012), com apoio das secretarias estaduais de Cultura (Secult), Turismo e Infra Estrutura do Estado, reunindo milhares de foliões locais, de outros estados e estrangeiros de diversos países.


Segundo especialistas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) que estudaram a manifestação ao longo de dois anos, publicaram livro - disponível para download no site http://www.ipac.ba.gov.br/ - e produziram um DVD-documentário, o Carnaval de Maragojipe tem influências das fantasias e máscaras europeias, mais conhecidas através do Carnaval de Veneza, na Itália.


Existem registros do carnaval veneziano desde 1268, mas os estudiosos avaliam que as máscaras transformaram-se em adereço popular somente no século XVII, quando integrantes da nobreza as usavam como disfarce para participar da folia junto ao povo. A prática se tornou comum, e até hoje, no século XXI, encontramos os mascarados em Veneza durante o período de quaresma, como uma das atrações turísticas dessa cidade que fica no nordeste da Itália, região do Vêneto, às margens do Mar Adriático. A festa dura 10 dias, quando acontecem bailes em salões e desfiles nas vias públicas.


"Não se pode afirmar que as máscaras e fantasias de Veneza são as mesmas da de Maragojipe, mas a cultura do uso delas e até a inspiração da imagem de alguns personagens usados hoje nesta cidade baiana, com certeza, são uma tradição vinda da Europa, semelhante à veneziana", afirma o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça.


Os trajes de Veneza são mais característicos do século XVIII, com máscaras brancas, roupa de seda negra e chapéu de três pontas. Contudo, personagens parecidos com os da ‘Commedia dell'Arte' são vistos no Carnaval de Maragojipe, o que reforça a teoria da semelhança. "A ‘Commedia' surge como um teatro de rua, mambembe e improvisado, desde o século XVIII, com companhias que se tornaram itinerantes com personagens voláteis e alguns fixos, como o Arlequim, a Colombina, o Pantalone, imagens que eventualmente podemos ver também em Maragojipe", informa Mendonça.


Este ano o Carnaval de Maragojipe ganhou aporte de R$ 270 mil da Secult/IPAC, via o programa ‘Outros Carnavais', criado para apoiar manifestações carnavalescas tradicionais. São apoiadas atrações que conferem a singularidade e tradição da festa, como os blocos de mascarados, charangas e orquestras. O governo estadual também está na folia com a pavimentação das ruas no circuito de trios elétricos, via Seinfra e apoio artístico-turístico da Bahiatursa/Setur.


A folia maragojipana é considerada excepcional ainda por suas heranças afro-indígenas, presentes principalmente nos instrumentos musicais, cantigas e aculturação da festa. "Trata-se da única manifestação espontânea nas ruas da Bahia que ainda tem profusão de máscaras e fantasias dos antigos carnavais", diz Mendonça. Em 2009, graças às pesquisas do IPAC, o Estado decretou o Carnaval de Maragojipe como Patrimônio Imaterial. Além da população de 44 mil habitantes, o município recebeu neste domingo (12) mais de dois mil visitantes, que ocuparam todas as pousadas e hotéis. A Secult realiza ainda o Carnaval Ouro Negro, Carnaval Pipoca e Carnaval Pelourinho, totalizando R$ 13,5 milhões de investimentos neste ano (2012).