Reunindo três mil integrantes, o Olodum inicia nesta sexta-feira, 4 de março, a sua participação no Carnaval 2011. O desfile começa às 19h30min horas no Pelourinho (Rua das Laranjeiras), seguindo depois para o Circuito Osmar.  Desta vez, o maior bloco afro baiano homenageia o papel da comunicação para união e transformação dos povos a partir do tema "Tambores, Papiros e Twitter". O Olodum pretende ressaltar na avenida a trajetória dos meios criados pela humanidade, através dos tempos, para se comunicar: dos tambores utilizados na era tribal até a influente e transformadora rede social dos dias de hoje.

"Queremos mostrar que a necessidade de comunicação é algo inerente ao ser humano, faz parte da sua evolução e compõe a sua natureza social, sendo um fator de desenvolvimento constante da humanidade", explica João Jorge Rodrigues, presidente do Olodum, lembrando que, ao longo da história, "temos exemplos marcantes do papel desempenhado pela comunicação para mudança da realidade. Nos dias mais recentes, vemos, por exemplo, a força da mídia social, representada pelo Orkut, Facebook, Twitter, entre outros, para a quebra de paradigmas e mesmo revolução em países africanos e asiáticos, como Egito, Tunísia e Libia".

A música principal do bloco neste carnaval também tem a comunicação  como tema: "Olodum Veste Letras", de Jucka Maneiro, Sandoval e Roberto Cruz, composição consagrada no Festival de Artes e Música do Olodum (FEMADUM), realizado  no final de janeiro, no Largo do Pelourinho. Também terá destaque no repertório do bloco o primeiro lugar na categoria samba poesia, "Olodum, Meu Sincero Amor", de Zenilton Ferra e Jorge Garcia. 

 

Desfile da sexta-feira

Em seu desfile de estréia, o Olodum mostrará toda a plasticidade dos figurinos preparados para apresentar ao público o tema "Tambores, Papiros e Twitter". Depois de deixar a Rua das Laranjeiras, local da concentração, o bloco faz uma parada estratégica em frente à Casa do Olodum, na Rua Gregório de Mattos, onde estarão reunidos dirigentes do grupo cultural, autoridades, artistas e formadores de opinião.  

 

 

De Restart a Zulu

O desfile do Olodum terá atrações extras, como a estourada banda Restart, atual sensação entre os adolescentes brasileiros. Fãs confessos do samba-reggae, os meninos "coloridos" manifestaram publicamente seu desejo em dividir o palco com o Olodum. Desejo atendido: no domingo, fazendo o circuito Barra-Ondina, eles se unem aos quase 100 percussionistas do bloco para cantar "Avisa Lá", entre outras canções, demonstrando na prática a diversidade de sons e ritmos que se tornou marca da personalidade Olodum.

Outra atração do Olodum em 2011 é o ator global Rafael Zulu, que brilha como o "Adriano" na novela "Ti-ti-ti". Ele desfilará todos os dias no trio do Olodum, inclusive na sexta-feira,  juntamente com a banda Olodum, entrando firme no tema do bloco com uma fantasia exclusiva criada pelo figurinista Eddy Savatti. Outro destaque será o artista camaronense Blick Bassy , destaque no universo da world music com sua música marcada por influências do soul, jazz e bossa nova.  

Homenagem à Mulher

O desfile do Olodum na terça de Carnaval, dia 8 de março, no Circuito Osmar, terá como foco central uma grande homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Três mulheres consideradas pelo bloco como "especiais" foram escolhidas para representar a participação feminina na sociedade: a senadora Lídice da Mata, a delegada de polícia Maritta Souza (que atua na área do Centro Histórico) e a maestrina de percussão do Olodum Andréia Reis. "São mulheres que representam a força feminina em espaços de destaques na comunidade", justifica João Jorge Rodrigues, presidente do Grupo Cultural Olodum.

Linguagem dos Sinais

O Olodum inova ao trazer para o circuito carnavalesco deste ano um especialista em Libras (Lingua Brasileira de Sinais) para possibilitar a leitura dos acontecimentos do bloco para pessoas com deficiência auditiva. Isso se tornou possível graças a uma parceria com a ONG Vida Brasil  e com a Associação Educacional Sons do Silêncio. "Ao falar de comunicação neste carnaval com o tema "Tambores, Papiros e Twitter", o Olodum fez questão de dar sua contribuição para uma maior acessibilidade", explica Cristina Calacio, coordenadora do Carnaval Olodum, observando que a tradução para a linguagem dos sinais acontecerá nos três dias de desfile do Olodum: sexta, domingo e terça-feira.

 

Três vezes Olodum

 

Um dos mais tradicionais blocos afros de Salvador, com um papel de destaque na abertura do Carnaval baiano para a cultura afrodescendente, o Olodum sairá durante três dias da folia: na sexta-feira, no Pelourinho (Circuito Batatinha); no domingo na Barra (Circuito Dodô) e na terça-feira no sentido Campo Grande-Centro (Circuito Osmar). Em todos os dias, terá como carro-chefe a marca mais forte do bloco na avenida: a sua percussão, que dá vida e colorido ao samba-reggae. Cerca de 100 percussionistas desfilarão este ano, além da banda Olodum (16 componentes). A força do percussão será ressaltada na avenida, em consonância com o tema oficial escolhido para este Carnaval baiano.

" Queremos reverenciar os nossos percussionistas e a nossa percussão, reconhecida em todo o mundo, na figura do nosso maestro Memeu (Bartolomeu Pereira) e da maestrina Andreia Reis, discípulos de Neguinho do Samba, criador do samba-reggae", explica Cristina Calacio, coordenadora do Carnaval Olodum.

No desfile, integrantes e convidados estarão vestidos com abadás que, a cada dia, homenageiam um dos itens do tema central. Pela ordem: Tambores (sexta), Papiros (domingo) e Twitter (terça). Os abadás temáticos são uma criação do design Adriano Big. Além dos abadás, criações específicas foram feitas para as fantasias das alas de dança e de percussão, respectivamente pelos designers Eddy Savatti e Miguel Carvalho. Cada um procurou explorar o tema com originalidade, utilizando muitas cores e adereços. 

 

O maior bloco afro do país vai desfilar um repertório que já caiu no domínio público, conhecido dentro e fora do país através dos shows que a banda realiza e de parceiros famosos comquistados ao longo do tempo, como Michael Jackson, Paul Simon, Jimmy Cliff, Sadao Watanabe, Peter Gabriel, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Canções como Grudou, Nefertiti e Olodum, Lindo Arco-Íris, Requebra, Rosa, Avisa - lá, Alegria Geral e I miss her, bem como históricas músicas de protesto político, como Lutar é Preciso, Faraó, Protesto Olodum, Madagascar Olodum, Revolta Olodum serão cantadas na avenida, tendo sempre à frente a Banda Olodum, onde brilham os vocalistas Lucas Di Fiori, Matheus e Nadjane Souza.

História Olodum

O grupo surgiu numa brincadeira carnavalesca em 25 de abril de 1979, entre os amigos Carlos Alberto Conceição, Geraldo Miranda, José Luiz Souza Máximo, José Carlos Conceição, Antônio Jorge Souza Almeida, Edson Santos da Cruz e Francisco Carlos Souza Almeida. O que era para ser uma opção de lazer momentânea para os moradores do Maciel-Pelourinho ganhou o mundo, constituindo-se hoje como uma marca forte de musicalidade, criatividade e compromisso social.

A palavra Olodum é de origem Yorubana, idioma falado pelos Yorubás vindos da Nigéria e do Benin para a Bahia em séculos passados. Olodum é uma abreviatura para  Olodumaré - o Deus criador, o Senhor do universo, que representa no Candomblé um princípio vital, a Suprema Ordem Fundamental - SOF.

As cores que representam o grupo também não foram escolhidas ao acaso. Todos juntas formam a base do Pan-Africanismo, Rastafarianismo e do Movimento Reggae. São as cores internacionais da diáspora africana e constituem uma identidade internacional contra o racismo e a favor dos povos descendentes da África. O verde representa as florestas equatoriais da África. O vermelho, o sangue da raça negra. O amarelo, o ouro da África (maior produtor mundial). O preto significa o orgulho da raça negra, enquanto o branco simboliza a paz mundial.

A banda Olodum, um dos carros-chefes do Grupo Cultural Olodum, já percorreu países, como França, Estados Unidos, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Suíça, Escócia, Noruega, Dinamarca, Inglaterra, Argentina, Espanha, Eslovênia, Canadá, Japão, Chile, Escócia, Cuba, Angola, Senegal e Benin, Portugal, Irlanda, Irlanda do Norte, Turquia, Israel, Finlândia, México, Venezuela, Austrália, Guiana Francesa e Coréia, Senegal.

Já encantou artistas como Michael Jackson, Linton Kesey Johnson, Paul Simon, Julian Marley, Gal Costa, Caetano Veloso, Xuxa, Ivete, Cidade Negra, Caetano, Gil, Tim Maia, Jorge Ben, Elba Ramalho, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. Conquistou títulos como de Torcida Oficial da Copa do Mundo, enquanto os percussionistas já estiveram em duas aberturas de jogos mundiais.