"Com este silêncio imenso, o pessoal fica até tenso por aqui, é triste demais. A música, hoje, veio alegrar o ambiente, achei bem criativo. Teve pessoa doente que até dançou, aqui do lado". As palavras do paciente J.F.M., 27 anos, internado no 1º andar do Hospital Geral Roberto Santos, definem o clima de descontração e alegria criado pelo coral Amigos do Canto. No final da manhã e início da tarde de hoje (10), o coral percorreu todos os andares do HGRS, cantando antigas marchinhas de Carnaval ao som de violão e percussão.
Por onde passavam, com máscaras e adereços coloridos, os integrantes do coral do HGRS iam chamando a atenção de pacientes, acompanhantes e funcionários. "Achei bonito, engraçado, veio descontrair a gente aqui, todo o pessoal gostou. Levantei até da cama", disse G.M.M., 32 anos, internada em uma enfermaria do 3º andar. Jussimara Silva, 22 anos, acompanhante de uma amiga, E., que ocupa um leito em uma enfermaria do 2º andar, também achou divertido ouvir o coral. "Ela não pode andar, mas, se pudesse, estava acompanhando", disse, referindo-se à amiga.
Já as auxiliares de enfermagem Maísa e Jurema, paradas no corredor para ver a evolução do coral, que ensaiava passos de dança enquanto cantava, queriam mais agitação. "Tinha que ter mais fantasia, mais adereços, mais colorido, para chamar a atenção. Mas está bonito, é um incentivo importante para nós e eles estão de parabéns".
Para o regente do Amigos do Canto, maestro Carlos Veiga Filho, foi uma iniciativa "bacana" a iniciativa dos integrantes do coral. "É uma forma de trazer um pouquinho da felicidade do Carnaval para pessoas que, provavelmente, não vão poder ir para as ruas". As marchinhas, segundo Veiga, não são um tipo de música muito comum para corais. "Nós fizemos alguns arranjos para essas músicas, adaptando ao canto coral, e o restante foi espontâneo. O importante é a alegria, a descontração do Carnaval", afirmou.
O repertório contou com marchinhas de antigos carnavais que já se tornaram clássicos da nossa música popular, como "Ô abre alas", de Chiquinha Gonzaga, considerada a primeira marcha carnavalesca brasileira, e outras composições que estão na memória do povo e vão se perpetuando, como "Alá-lá-ô", "Cachaça não é água", "Cabeleira do Zezé", "As águas vão rolar", "Taí", "Bandeira branca", "Mamãe eu quero", "Jardinheira", "Me dá um dinheiro aí", "Se a canoa não virar" e "Colombina". Todos os integrantes do coral são funcionários do Hospital Roberto Santos.