Saúde

ERROS DE REFRAÇÃO SÃO PRINCIPAIS CAUSAS DEFICIÊNCIA VISUAL, DIZ MÉDICA

No mês das crianças, oftalmologistas dão dicas de prevenção
Lume ,  Salvador | 11/10/2024 às 19:11
Carla Cordeiro Vita
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Você sabia que os erros de refração - miopia, astigmatismo e hipermetropia - são as principais causas de deficiência visual na infância? Quem ressalta o assunto, no mês da criança, é Carla Cordeiro Vita, oftalmologista do DayHORC – unidade da Opty – Rede Integrada. Ela orienta que os pais fiquem de olho nos possíveis indícios de problemas na visão, nesta fase da vida, a exemplo de dor de cabeça frequente, coceira nos olhos constantemente, dificuldade para enxergar de longe, olhar cansado e queda de rendimento escolar.

No Brasil, estima-se que 12,8 milhões de crianças entre 5 e 15 anos apresentam deficiência visual por erros refrativos não corrigidos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, outras disfunções, como catarata e glaucoma congênitos, comprometem a visão de forma grave. Para o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, com base na estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil existam 26 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou controladas precocemente.

A melhor estratégia, portanto, é prevenir, diagnosticar e tratar a queixa ocular logo no seu início. De acordo com Carla Cordeiro Vita, os cuidados devem começar já na gravidez, durante o pré-natal, período em que o especialista realiza exames e acompanha condições nas gestantes que podem colocar em risco a visão do feto, como rubéola, toxoplasmose, sífilis e herpes.

A oftalmopediatra Renata Messeder, do Instituto de Olhos Freitas, que é outra unidade da Opty – Rede Integrada, explica que, “ao nascer ou logo na primeira semana do pós-parto, de preferência, os recém-nascidos precisam ser submetidos ao teste do olhinho. O exame é essencial para investigar males que exigem cuidados urgentes, tais como catarata e glaucoma congênitos, além do retinoblastoma (tumor na retina). Caso esteja tudo bem com a visão, um exame completo deverá ser feito no primeiro ano de vida e, a partir daí, anualmente”, detalha a médica.

Os cuidados continuam

Marta Hercog, oftalmologista da Oftalmoclin – também integrante da Opty – Rede Integrada, ressalta que, na pré-escola (dos 4 aos 6 anos) e na segunda infância (dos 6 anos até a puberdade), as crianças também não podem deixar de ter acompanhamento oftalmológico, já que nessas fases são comuns os casos de miopia (dificuldade de ver de longe), astigmatismo (a imagem é distorcida) e hipermetropia (objetos próximos ficam embaçados), sobretudo por conta do uso de telas, como celular, tablet, computador e televisão.

A oftalmologista ainda alerta para outra disfunção que pode afetar a capacidade visual na infância, que é o estrabismo - o desalinhamento dos olhos, que é uma condição que atinge cerca de 5% da população infantil e tem diferentes formas: para dentro, para fora, para cima ou para baixo.

“Vale lembrar que, até por volta dos seis meses, é normal o desvio dos olhos. Contudo, se permanecer depois dessa idade, um oftalmopediatra deve ser consultado. Com o estrabismo, os olhos não focam a imagem no mesmo sentido, ao mesmo tempo, o que pode levar à diminuição da capacidade de enxergar, perda da percepção de profundidade e visão dupla. Por isso a importância de iniciar a correção precocemente, com o tratamento especializado, que pode incluir o uso de óculos especiais, tampão, exercícios para os olhos ou cirurgia”, detalha Marta Hercog.

Por fim, Gustavo Rodrigues, oftalmologista da OftalmoDiagnose – outra unidade que integra a Opty - dá dicas aos pais com relação aos principais desconfortos visuais na infância.

1. Pisca ou esfrega os olhos com frequência – O motivo talvez seja erro de refração (miopia, astigmatismo ou hipermetropia), reação alérgica (por diferentes fatores) ou a algum corpo estranho no olho, ou tique por ansiedade, estresse. O ideal é consultar o oftalmopediatra.
2. Desatenção às atividades escolares – Crianças com problema de vista costumam perder interesse por atividades em sala de aula, evitando ler, desenhar, jogar ou fazer outros projetos que precisam de foco de perto. Elas podem ser sutis sobre isso e não falar sobre o que estão sentindo.
3. Olhos desalinhados – Um olho pode estar fixando para frente, enquanto o outro, para dentro, para fora, para cima ou para baixo. Assim, os olhos não fixam exatamente na mesma direção e ao mesmo tempo. Se não for resolvido, há risco de déficit de visão no olho com desvio.
4. Olhos dilatados ou pupilas grandes – É comum que as pupilas das crianças pareçam maiores do que as dos adultos, principalmente nos olhos claros expostos à luz natural ou artificial. Certos medicamentos afetam o tamanho da pupila, como fármacos receitados para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (o TDAH). Se uma pupila parece consistentemente maior do que a outra ou há dúvida, consulte o oftalmopediatra.
5. Sente desconforto e/ou coceira – São sinais que costumam ser temporários e associados a alergias. Podem ser acompanhados de lacrimejamento e/ou sensação de queimação e pálpebras inchadas. Evite que a criança crie o hábito de coçar os olhos, porque isso é prejudicial à córnea.
6. Apresentar crostas nos olhos – O excesso de oleosidade nas pálpebras e nos cílios pode formar crostas que causam inflamação das bordas das pálpebras (blefarite) e obstrução das glândulas sebáceas. Isto é a principal causa da formação de nódulos palpebrais, conhecidos como terçol. Nesses casos, é preciso consultar o oftalmopediatra.
7. Inclina a cabeça ou cobre um olho – Isso acontece porque a criança sente necessidade de ajustar a posição da cabeça para alinhar os olhos, tendo assim uma melhor visão. A consulta com o oftalmopediatra vai esclarecer se o comportamento é decorrente de desalinhamento dos olhos, olho preguiçoso (ambliopia) ou outra disfunção. Inclinar a cabeça também pode ser hábito por erro de refração. Algumas crianças com astigmatismo viram o rosto para o lado para ver com mais clareza.
8. Passa muito tempo diante de telas – Observe se a criança passa horas diante de telas e pouco tempo em ambientes ao ar livre sem exposição à luz solar. Esse hábito prejudica a saúde, inclusive ocular, como, por exemplo, eleva o risco de desenvolver ou agravar miopia.