Saúde

NOVEMBRO AZUL TAMBÉM CONSCIENTIZA SOBRE A RETINOPATIA DIABÉTICA

Novembro Azul também conscientiza sobre a retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira no mundo
Secom Salvador , Salvador | 13/11/2023 às 18:45
Novembro Azul também conscientiza sobre a retinopatia diabética
Foto: ilustração | Freepik

Nem todo mundo sabe, mas o Novembro Azul vai além da conscientização do câncer de próstata. Esta cor também é utilizada no mês para chamar a atenção sobre o diabetes, enfermidade que acomete cerca de 17 milhões de brasileiros e tem o seu dia mundial de alerta relembrado no dia 14 de novembro. A estimativa da incidência dessa doença para 2030 chega a 21,5 milhões de casos, segundo dados do Atlas da Federação Internacional de Diabetes. E nesse sentido vale o alerta! Uma das consequências da falta de controle de açúcar no sangue pode ser a retinopatia diabética – doença oftalmológica caracterizada por lesões na retina que podem levar à baixa visão ou à cegueira.

“Tanto pacientes com diabetes tipo 1, quanto aqueles com diabetes tipo 2, podem desenvolver a Retinopatia Diabética (RD). O tempo de doença é o principal fator de risco, sendo que 20 anos após o diagnóstico do diabetes, praticamente 100% das pessoas com diabetes tipo 1 e 50 a 80% daquelas com diabetes tipo 2 poderão apresentar a RD. A população masculina geralmente costuma não se cuidar com a mesma frequência que as mulheres; assim chamamos ainda mais a atenção deste grupo. A conscientização das pessoas em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce é fundamental, uma vez que apenas com essas medidas é que conseguiremos tratar de uma maneira adequada e assim diminuir a cegueira pelo diabetes”, afirma o médico Murilo Barreto, oftalmologista da OftalmoDiagnose – empresa do Grupo Opty na Bahia.

A retinopatia diabética é uma complicação bastante severa do diabetes, consequência do nível alto de açúcar no sangue, que provoca lesões nas paredes dos vasos que nutrem a retina. O aumento da permeabilidade vascular pode gerar acúmulo de líquido na retina (o edema), levando a um comprometimento da visão. “Com o tempo, a doença se agrava e os vasos podem se proliferar e se romper, provocando hemorragias que podem estar associadas ou não ao descolamento da retina tradicional”, explica o oftalmologista. O diabetes também pode causar o surgimento de vasos sanguíneos anormais na íris, ocasionando o temido glaucoma neovascular.

“Nas fases iniciais da retinopatia diabética, não se percebe perda de visão, e isso é um problema, pois as pessoas procuram atendimento médico apenas em casos de retinopatia avançada, quando a situação muitas vezes já é irreversível”, conta o oftalmologista. Uma vez instaladas, as alterações retinianas não se modificam significativamente com a normalização da glicemia, necessitando de tratamento oftalmológico específico, como a fotocoagulação a laser, as injeções intravítreas ou o tratamento cirúrgico.

Vale reforçar que o controle rigoroso do diabetes retarda o aparecimento da retinopatia e reduz a progressão da doença e suas complicações como as neuropatias e alterações cardiovasculares. A melhor maneira de prevenir a retinopatia é o controle adequado da glicemia. Dessa maneira, controla-se o diabetes e a chance de apresentar complicações como a retinopatia é menor”, enfatiza Murilo Barreto.

*Jovens também são atingidos*

As alterações da visão também podem ocorrer em indivíduos jovens, nessa faixa etária a incidência de diabetes do tipo 1 nessa população é mais frequente. Assim, a retinopatia pode aparecer mais precocemente e causar perda de visão. No entanto, estudos mais recentes apontam um aumento significativo de alterações na visão causadas por retinopatia diabética em jovens com diabetes tipo 2, aquele causado por fatores genéticos juntamente com maus hábitos de vida, como consumo exagerado de açúcar, gordura, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, que provocam defeitos na produção e na ação da insulina no corpo.

*Diagnóstico e tratamentos*

O médico Frederico Faiçal, oftalmologista da Oftalmoclin – clínica que também integra o Grupo Opty na Bahia, explica que a retinopatia diabética pode ser diagnosticada na avaliação oftalmológica básica. Exames como o mapeamento de retina e o exame do fundo de olho devem ser realizados para detectar o seu surgimento. “É bastante frequente o oftalmologista fazer o diagnóstico de diabetes através do exame de fundo de olho, com as hemorragias observadas na retina sendo características do diabetes”, conta.

Os exames oftalmológicos devem ser realizados anualmente em pessoas com ou sem diabetes. Já os pacientes que apresentam algum grau de retinopatia devem ser examinados com mais frequência e realizar tratamento específico. Em casos mais avançados, recomenda-se ainda mais atenção na tentativa de prevenir dano visual definitivo.

Quando o assunto é tratamento, em casos moderados, a terapia antiangiogênica, com ou sem laser, é a principal forma de tratar a doença. A fotocoagulação vem como uma coadjuvante. Nos avançados, a cirurgia vítreo-retiniana (vitrectomia via pars plana) deve ser realizada para a retirada do sangramento e/ou colocação da retina na posição correta.

“Existe muita pesquisa na área do diabetes, pois o número de pessoas com esta doença aumenta a cada ano. Com o auxílio da tecnologia, existem medicamentos diversos, eficazes e disponíveis no mercado. Mas, vale sempre destacar que o controle do diabetes é fundamental para impedir o aparecimento e a progressão da retinopatia”, conclui Frederico Faiçal.