Uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com base em dados do Ministério da Saúde aponta que os homens vão seis vezes menos ao urologista do que as mulheres vão ao ginecologista. Só em 2022 foram registradas mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por médicos ginecologistas no Sistema Único de Saúde (SUS) contra apenas 200 mil atendimentos de homens pelos urologistas. Essa estatística vai de encontro à necessidade real de cuidados em todas as fases da vida do homem. Além de consultas e exames preventivos ou para diagnóstico e tratamento de doenças, a adoção de hábitos saudáveis precisa fazer parte da rotina masculina.
Desde antes do nascimento ou logo após o parto, caso alguma malformação seja identificada durante o pré-natal ou assim que o menino nasce, ele pode precisar de um urologista para tratar, por exemplo, hidronefrose antenatal (dilatação dos rins, dos ureteres ou de ambos), extrofia de bexiga (órgão exposto para fora do abdômen), hipospádia (abertura da uretra abaixo do pênis, no escroto ou no períneo), hérnias inguinais e hidrocele (causadas pelo não fechamento do canal inguinal), válvula de uretra posterior (doença que dificulta a micção) ou criptorquidia (ocorre quando os testículos não descem para a bolsa testicular e permanecem no abdome após o nascimento do bebê).
De acordo com o urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans, desde os primeiros dias de vida de um homem, a correta higienização do pênis precisa ser feita para evitar infecções urinárias, odores e inflamações na pele que recobre o órgão genital (prepúcio). Contudo, quando o prepúcio “preso” impede que a glande seja exposta, a utilização de pomadas à base de corticoides que ajudam a soltar a pele aos poucos, indicada por um urologista, pode ser necessária. “Em certos casos, a correção cirúrgica com a postectomia, mais conhecida como circuncisão ou cirurgia de fimose, pode ser a solução para prevenir uma série de problemas, como é o caso das infecções urinárias, muito frequentes na primeira infância”, destacou.
Ainda de acordo com o médico referência do Hospital Mater Dei, dos 12 aos 18 anos, a consulta com um urologista é importante para a avaliação do desenvolvimento dos órgãos genitais e para a detecção e tratamento de possíveis disfunções miccionais que podem surgir nessa faixa etária. Neste momento, o especialista também pode orientar e tirar dúvidas sobre a vida sexual masculina e a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Antes dos 20, também é recomendável fazer uma primeira avaliação hormonal e da fertilidade, além de iniciar a prevenção contra o câncer de testículo, que pode surgir nesse período”, explicou Leonardo Calazans, que também é coordenador da residência de Urologia das Obras Sociais Irmã Dulce e diretor do núcleo de urologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
Para homens negros ou com histórico familiar de câncer de próstata, que apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença, o exame de toque e a dosagem de PSA devem ser iniciados a partir dos 45 anos de idade. Os demais podem começar esta investigação anual a partir dos 50, quando também são mais frequentes o crescimento benigno (hiperplasia) da próstata, disfunções sexuais e problemas na bexiga e rins. “A necessidade de reposição hormonal para pacientes com deficiência de testosterona (andropausa) tem sido cada vez mais comum nesta faixa etária”, completou o urologista. Além de consultas e exames, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regulares, parar de fumar, reduzir ou eliminar o consumo de bebidas alcoólicas e controlar o estresse são formas do homem contribuir para a promoção da longevidade e da saúde aliadas à qualidade de vida e ao bem estar.