Verba solicitada ao Ministério da Saúde ainda não chegou a OSID e a situação da Instituição é pré-falimentar
Da Redação , Salvador |
17/05/2022 às 06:04
Maria Rita Pontes comandou o encontro
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Profissionais das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) se reuniram na tarde desta segunda-feira (16), na sede da instituição (Avenida Dendezeiros do Bonfim), para discutir a grave crise financeira que ameaça a continuidade dos serviços prestados pela entidade. O encontro contou com a participação da superintendente das Obras Sociais, Maria Rita Pontes, que detalhou a gravidade da situação e o risco para a manutenção dos atendimentos prestados a milhares de pessoas diariamente, em especial, ao pobre, ao doente, ao mais necessitado.
A instituição da Santa Dulce dos Pobres vive hoje a pior crise financeira da sua história, com um déficit operacional de R$ 24 milhões, valor que ainda pode ser acrescido em R$ 20 milhões até o final de 2022 – resultando em um déficit acumulado de R$ 44 milhões. O delicado momento é resultado do subfinanciamento do SUS, cujo contrato não é reajustado há 5 anos – cenário esse agravado pela pandemia e pelo avanço da inflação nos preços dos insumos, como material hospitalar e medicamentos.
Para tentar amenizar tal situação, no último mês de fevereiro foi solicitado um aporte financeiro urgencial ao Ministério da Saúde, mas até hoje não houve uma resposta positiva. “Até o momento, não obtivemos nenhum retorno favorável do Governo Federal, em relação ao aporte financeiro solicitado para a cobertura do déficit do contrato da OSID”, ressaltou a gestora de Saúde da instituição, Lucrécia Savernini.
Campanha – Diante da situação crítica que a OSID vem atravessando, foi lançada, no mês de abril, com a participação de diversos artistas baianos, a campanha “Um Milhão de Amigos Para Santa Dulce”. A iniciativa tem como objetivo convidar toda a sociedade a contribuir mensalmente com a manutenção do trabalho social prestado pela instituição do Anjo Bom do Brasil – entidade que acolhe anualmente 2,9 milhões de pessoas, incluindo pacientes oncológicos, idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas, crianças e adolescentes em risco social, entre outros públicos. As doações para a campanha em ajuda às Obras Sociais já podem ser feitas, a partir de R$ 10, através do Pix amigos@irmadulce.org.br ou pelo site www.1milhaodeamigossantadulce.org.br.
A OSID HOJE – Uma das mais respeitadas instituições filantrópicas do Brasil, a OSID responde por números expressivos de atendimento junto à população:
- 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano na Bahia;
- 2,9 milhões de pessoas acolhidas por ano no estado;
- 23 mil cirurgias e 43 mil internamentos realizados anualmente na Bahia;
- 2,1 milhões de refeições servidas por ano para os pacientes;
- 954 leitos hospitalares somente na sede da OSID, em Salvador;
- 10,8 mil atendimentos por mês a pessoas com deficiência, na capital baiana
- 9 mil atendimentos mensais para tratamento do câncer em Salvador.
Fundada em 26 de maio de 1959, por Irmã Dulce, a organização conta com um perfil de serviços único no país, distribuídos em 21 núcleos que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Ensino Fundamental e na preservação e difusão da memória de sua fundadora. A OSID é fruto da trajetória de amor e serviço de Santa Dulce dos Pobres, que peregrinou durante mais de uma década em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador. As raízes da instituição datam de 1949, quando Irmã Dulce, sem ter para onde ir com 70 doentes, pede autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio, na capital baiana. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro.