Com a incidência geral de 1 a cada 700 nascimentos, a Síndrome de Down é uma condição amplamente conhecida, causada por uma alteração genética no cromossomo 21, que resulta em uma série de características físicas e propensão a certos tipos de problemas de saúde. Mas um equívoco comum quando o assunto são as pessoas com a condição, é a ideia de que elas não podem estudar, trabalhar, se relacionar e ter hobbies.
Débora Gil, de 32 anos, desconstrói cada uma dessas afirmações ao falar de sua lista de atividades. A jovem é atriz, modelo fotográfica, dança, canta, é youtuber e autodefensora da Federação das Apaes do Estado da Bahia (Feapaes-BA). Cursos profissionalizantes, aula de inglês e musculação também estão entre os programas já feitos pela jovem, que é ativa até nos momentos de lazer. “Eu amo dançar para aumentar a minha autoestima. Gosto também de pintura artística e de customização de roupas, pois amo moda”, conta Débora.
Tânia Brandão, terapeuta ocupacional especializada no atendimento de pessoas com deficiência e coordenadora de Envelhecimento da Feapaes-BA, desmistifica alguns conceitos. “Começo com o fato de que a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma condição inerente à pessoa. E, apesar de possuir similaridades, as pessoas com síndrome não são todas iguais. Como qualquer indivíduo, elas possuem características genéticas herdadas de seus familiares”, conta Tânia. A profissional ressalta a importância de estimular a autonomia e a independência desse grupo. “Vale destacar que elas podem estudar, podem trabalhar, casar e participar do mundo social”, finaliza Tânia.
Apesar dos avanços significativos na luta da Síndrome de Down, Débora conta que algumas pessoas ainda são intolerantes e os enxergam de forma negativa. Acostumada a derrubar barreiras, a jovem conta com o apoio da família para superar as adversidades. “Minha família me incentiva bastante e o meu pai me ensina a ser forte. Eu tenho autonomia, me sinto equilibrada e determinada”, conta Débora.
Atendida pela Apae há mais de 10 anos, Débora Gil é um nome conhecido na instituição. A jovem participa de cerimônias, campanhas, eventos artísticos e ocupa um cargo no Programa de Autogestão e Autodefensoria da Apae, formado com o intuito de contribuir para a autonomia de pessoas com deficiência, e estimular a participação efetiva em ações da Apae e na sociedade no geral. “Nada sobre nós, sem nós. Esse é o lema da autodefensoria. Me sinto ouvida e valorizada, a Apae é como um lar para mim”, destaca. Débora planeja novos projetos artísticos para o futuro, mas o seu maior sonho é outro. “Desejo que cada vez mais a sociedade nos veja como pessoas e que nos respeite”, conclui.