O JulhoVerde divulga informações sobre esses tipos de cânceres, que têm como principais fatores de risco o tabagismo, o consumo de álcool, as infecções por HPV e o excesso de exposição solar
Ascom Aristides Maltez , Salvador |
05/07/2021 às 15:54
A Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) realiza mais uma vez este ano a campanha nacional de conscientização para prevenção sobre os tumores de cabeça e pescoço, que atingem boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago cervical, tireoide e seios paranasais. O tema deste ano é “O câncer na cara, mas as vezes você não vê”.
O médico Lucas Gomes Silva, representante da ACBG na Bahia e cirurgião de Cabeça e Pescoço no Hospital Aristides Maltez destaca que “a Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço intitulada #JulhoVerde tem como objetivo ampliar o número de diagnósticos precoces, por meio da conscientização sobre os fatores de riscos evitáveis e os sintomas evitando, assim, o crescente número de óbitos e mutilações graves que comprometem funções vitais, fala, respiração, entre outros”.
Este ano não será diferente, ainda mais com a pandemia do covid-19 que torna os pacientes traqueostomizados grupos de risco da doença, por precisarem de proteção ao estoma - uma abertura que possui acesso ao mundo exterior, facilitando assim infecções recorrentes e, consequentemente, a contaminação pelo coronavírus.
O JulhoVerde divulga informações sobre esses tipos de cânceres, que têm como principais fatores de risco o tabagismo, o consumo de álcool, as infecções por HPV e o excesso de exposição solar. São cerca de 10 mil mortes por ano no país, só para os cânceres de laringe e cavidade oral. Os sobreviventes enfrentam perdas significativas na qualidade de vida durante e após o tratamento.
O Brasil registra a cada ano cerca de 40 mil novos casos desses tumores malignos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os números correspondem a 4% de todos os tipos da doença, sendo terceiro mais incidente entre os homens brasileiros. No Brasil, o câncer de boca chega a ser o 3º tipo de tumor mais frequente em algumas regiões, ocorrendo sete vezes mais em homens do que em mulheres.
O tabagismo está relacionado a 97% dos diagnósticos de câncer de laringe. O álcool associado ao fumo aumenta o risco em 10 vezes para câncer nessa região. A infecção pelo HPV (papilomavírus humano) tem contribuído com o aumento na incidência da doença em jovens nos últimos anos em virtude da falta de uso de preservativos na prática do sexo oral. Esta é uma tendência mundial, que também já é identificada no Brasil.
Segundo o INCA, estima-se que serão mais 6.250 novos casos de câncer de pele só em 2018. O melanoma cutâneo é um dos que mais mata no Brasil e um dos fatores é a intensa exposição solar. “A Campanha Julho Verde é a oportunidade de trazer ao conhecimento da sociedade brasileira, a realidade da prevalência do câncer de cabeça e pescoço e alertar as autoridades sanitárias para a necessidade de identificação de casos iniciais que repercutirão nos resultados de tratamento”, explica Lucas Gomes Silva.
Segundo Dr. Lucas, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos no princípio da doença. O diagnóstico das lesões iniciais é fundamental para garantir que os índices de cura se aproximem de 100%. Com o seu desenvolvimento, alguns sinais e sintomas podem aparecer, como manchas brancas na boca, dor local, lesões com sangramento ou cicatrização demorada, nódulos no pescoço, mudança na voz e rouquidão, e dificuldade para engolir.
“Por estas razões, nosso objetivo é alertar sobre os fatores de risco, muito presentes entre a população brasileira, e falar da importância do diagnóstico precoce. Em 60% dos casos, a doença já está mais avançada quando é descoberta”, destaca Dr. Lucas.
Segundo ele as chances de cura são maiores se a doença for detectada no início. Com o autoexame, por exemplo, é possível e identificar se existem feridas na boca que não cicatrizam há mais de duas semanas ou inchaços no pescoço.
Além das terapias tradicionais, nos últimos anos algumas drogas promissoras têm conseguido melhorar o prognóstico dos pacientes, com uma ação mais eficiente e menos agressiva ao organismo, como as imunoterapias e terapias-alvo. A conscientização sobre essas doenças também reforça o trabalho de entidades como a SBCCP e ACBG, pelo maior acesso a tratamentos inovadores e suporte ao paciente pós-terapias.