Saúde

SÃO JOÃO HUMANIZADO NO HOSPITAL ESPANHOL QUE ATENDE PACIENTES COVID

Sanfoneiro, casamento na roça, máscaras estilizadas, forró andante pelas enfermarias, altas com alegria e a energia humanizada de todos os dias. Assim foi o São João no Hospital Espanhol.
Tasso Franco , da redação em Salvador | 28/06/2021 às 21:35
Humanização
Foto: DIV


Os profissionais da saúde se caracterizaram com adereços descartáveis, enfeitando as máscaras e toucas. A equipe da musicoterapia percorreu os leitos das enfermarias, levando música junina,tocada ao vivo, e embalando o forró dos corpos cansados da luta contra a Covid-19. O clima de humanização é característico no Hospital Espanhol que realiza ações frequentes para cuidar das emoções à flor da pele.

E o São João não poderia ser diferente. Muitos pacientes internados são do interior do Estado e chegam à Unidade pelo Sistema de Regulação. São naturais de cidades onde o sangue junino corre nas veias dos interioranos. Estar internado, num Centro de Tratamento para Covid-19, em um segundo ano sem São João... não é a opção de ninguém. Foi pensando, também, neste aspecto que as ações juninas foram realizadas.

São João sem música, não é São João. Hospital Espanhol sem musicoterapia, não é o Hospital Espanhol. Implantada em maio de 2020, quando o Hospital tinha apenas um mês de reaberto para atender à pandemia, a musicoterapia se tornou um suporte emocional de pacientes e profissionais, um amenizador de angústias e cansaços. E foi ela que alegrou o São João da Unidade.

Anadeti Ribeiro Matos, 72 anos, está internada na Enfermaria 3C do HE, desde o dia 16 de junho, se tratando da Covid. Ela é baiana e sempre gostou de São João. Foi morar em São Paulo, há muitos anos, e desde então, quando pode, vem para o Nordeste no mês de junho. Foi o que fez este ano, mas a Covid a prendeu num leito hospitalar. “Estamos vivendo um momento muito triste. Cheio de mortes no mundo. Parece que as pessoas perderam o amor pelo outro e por si próprias. Não se cuidam, como deveriam. Eu peço a todos que não saiam, não aglomerem. Façam suas festinhas em casa, só com a família. Porque eu não desejo a ninguém passar esta falta de ar que eu estou passando aqui, em pleno São João.” Este foi o recado de D. Anadeti, usando máscara enfeitada de beijo, sentadinha no seu leito, por trás da armação simulando uma Barraca do Beijo, criada pela equipe do HE.

A música alivia a tristeza do isolamento

“Os pacientes estão em isolamento, longe de seus familiares. A Covid é uma doença que gera extrema ansiedade. Então, nós não medimos esforços para ofertar amor, carinho e alegria, tentando amenizar as coisas ruins que a pandemia nos traz. Mesmo sem festa, nem aglomeração, é motivo para gente promover um pouco de leveza no ambiente hospitalar, trazendo lembranças positivas das festas juninas” – comentou Claudiana Pereira, Coordenadora das Enfermarias, natural de Jequié/BA e fã de São João.

Depois do Forró Itinerante pelas enfermarias, chegou o momento de alguns profissionais da saúde, em revezamento, para não comprometer a assistência, aproveitarem um pouquinho o momento junino. Na parte externa do Hospital, a Banda da Guarda Civil Municipal (GCM) os aguardava para tocar um repertório junino dos melhores, fazendo a plateia relaxar o corpo, dentro das roupas privativas. Teve até Casamento na Roça de “Sr Saúde e SraBahia”, realizado e abençoado por uma freira improvisada pela psicóloga Jaqueline Amorim, ao som da Banda da GCM e com os colegas dos noivos prestigiando o ato.

Quando a dança pela comemoração ao casório acontecia, a maior alegria de um hospital chegou para a festa: altas de três pacientes que deixaram a Unidade em cadeiras de rodas, passando pela gratidão e vibração de um túnel humano formado por aqueles que trabalham e se dedicam para proporcionar as altas!

Josina Pereira dos Santos, 63 anos, natural do município baiano de Rio Real, foi passar o São Joãoem casa, depois de uma semana internada na Enfermaria 5C do Hospital Espanhol. “Muito obrigada! Muito obrigada a Deus e a vocês que me ajudaram a vencer esta luta, sempre me dando tanto carinho e força. Agora eu vou para casa!” Disse D. Josina, ao sair da cadeira de rodas e entrar no carro da família que a aguardava.

Antônio Fernando Santos Filho, 42 anos, de Itinga, em Lauro de Freitas, também recebeu alta para passar os festejos juninos em casa, depois de seis dias em tratamento na Enfermaria do HE.

Alta, aniversário e São João

E a celebração tripla ficou por conta da alta do paciente Ladilson João de Oliveira que completou 51 anos, no último dia 23, e o seu presente foi voltar para casa, em Cícero Dantas, a 320km de Salvador,depois de passar uma semana internado na Enfermaria.

Quem o aguardava na Recepção do HE, emocionado e animado com a Banda da GCM, filmando tudo com o celular, foi o seu irmão gêmeo, Ladson José que foi buscá-lo para juntos celebrarem a saúde, o aniversário, o São João... a vida!

A Banda da GCM tocou o Parabéns pra Você, em ritmo de forró, assim que Ladilson surgiu na Recepção do HE, ainda na cadeira de rodas. Quanta surpresa boa!...

“É uma benção de Deus eu estar indo para casa hoje! Só tenho a agradecer com o coração maravilhosamente cheio de alegria. E a enfermagem deste Hospital é muito ótima. Me trataram tão bem que eu me curei com a graça de Deus e destes profissionais daqui. Muito obrigado mesmo!” – agradeceu um dos aniversariantes do dia e paciente da alta 3.195 do Hospital Espanhol.