Saúde

SOBAPE REFORÇA PONTOS FUNDAMENTAIS PARA REDIZIR A GRAVIDEZ PRECOCE

Medidas incluem participação da família na educação sexual dos filhos e capacitação constante dos profissionais de saúde
Imprensa Pediatria , Salvador | 14/02/2021 às 10:41
Pediatra Sandra Plessim
Foto: Divulgação

A prevalência de 400 mil casos de gestação de adolescentes por ano no Brasil mantém entre as autoridades de saúde a preocupação de reforçar as medidas de prevenção e orientação a pais, educadores e agentes de saúde. Na Bahia, o alerta é feito pela Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), diante dos números expressivos de 33 mil crianças geradas por adolescentes em 2019, o que corresponde a 17% dos nascidos vivos naquele ano.


Um extrato da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) mostra que entre 2010 e 2019, a cada 15 minutos nascia um bebê gerado por adolescentes de 15 a 19 anos. Considerando os números gerais, foram 413 mil nascimentos na respectiva década, o equivalente a 20% dos 2 milhões de nascidos vivos no estado no mesmo período. Segundo o IBGE, a Bahia ocupa a quinta posição no país em registros de gravidez na adolescência.


"As estratégias para enfrentar isso precisam envolver melhor assistência em saúde, educação sexual, envolvimento com profissionalização, esportes, artes, etc. Trata-se de uma tarefa árdua de todos os setores da sociedade. A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública", destaca a hebiatra da Sobape e professora associada do Departamento de Pediatria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Isabel Carmen Freitas.


Um material produzido pela Associação Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência (Sogia-BR), e reforçado pela Sobape, lista dez pontos fundamentais para reduzir as taxas de gestação desse público, com medidas que envolvem a capacitação e reciclagem periódica dos profissionais de saúde, oferta gratuita de métodos contraceptivos nas unidades básicas de saúde e formação de agentes multiplicadores para conscientização.


A pediatra e hebiatra da Sobape, Sandra Plessim, especialista no atendimento a adolescentes, também chama a atenção para a participação familiar no processo de educação sexual dos filhos. “Algumas famílias ainda apresentam dificuldades na conversa com seus filhos sobre sexualidade e métodos contraceptivos, o que também contribui para aumentar esses dados”.


Garantia de direitos


Em outra ponta, está a necessidade de haver uma interface do poder público Executivo e Legislativo no sentido de criar um ambiente favorável de estímulo ao desenvolvimento e garantia de direitos dos adolescentes.


“Vários fatores contribuem para esta gravidez, desde o desejo imaginário de ter alguém para cuidar, amar e ser amada, até o pensamento mágico de que comigo isto não irá acontecer, mesmo não me prevenindo”, pontua a pediatra Sandra Plessim.


Alguns itens propostos pela Sogia-BR fazem parte do trabalho realizado pela professora Isabel Carmen Freitas com estudantes de Medicina da Ufba desde 2002, e estendido para residentes no ano seguinte.


O plano de aulas é construído para formar os discentes para o atendimento do adolescente na visão biopsicossocial, abordando, entre outras coisas, a sexualidade, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), gravidez, contracepção e aborto, violência doméstica e violência sexual.