Saúde

Fumaça da fogueira e dos fogos podem agravar quadros de COVID-19

Especialistas alertam que tradição junina deve ser evitada nesse São João por conta do risco de desencadear doenças respiratórias e crises alérgicas
Paula Pitta , Salvador | 22/06/2020 às 12:37
Fumaça pode provocar uma crise alérgica ou agravar quadro de quem está com COVID
Foto: Divulgação

A fogueira e os fogos de artifícios não são bem-vindos neste São João. Por conta da pandemia do novo Coronavírus, algumas cidades, como Juazeiro e Camaçari, proibiram essas tradições juninas na festa desse ano. Outros municípios não chegaram a vetar, mas recomendam que a população não acenda fogueira ou solte fogos. De acordo com especialistas, essas medidas são justificadas, já que a fumaça pode prejudicar a saúde de quem tem alguma doença respiratória, como a Covid-19.

 

"A fumaça de fogueira e o cheiro da combustão dos fogos de artifício causam irritação nas vias aéreas, podendo desencadear mecanismos biológicos que facilitam a entrada da Covid-19 no organismo ou agravar o quadro de pacientes que já estejam infectados", explica a médica clínica da S.O.S. Vida Patrícia Bagano. Mesmo quem está com um quadro leve ou recuperado da Covid-19 pode ficar vulnerável a uma complicação por conta da fumaça, já que o novo Coronavírus atinge o sistema respiratório, deixando-o mais sensível.

 

Além dos pacientes com Covid-19, quem é alérgico ou tem um histórico de doenças respiratórias também deve evitar as tradições juninas, já que a fumaça é um importante fator de risco. "Não é determinante, mas a fumaça pode desencadear falta de ar, broncoespasmo e causar uma inflamação, facilitando os quadros de alergia, como rinite e asma", explica o infectologista da S.O.S. Vida Matheus Todt.

 

Ele ressalta que nesse período de pandemia é aconselhável evitar qualquer fator que possa iniciar uma crise para não deixar a pessoa mais suscetível a doenças virais. "Pegar outra doença pode deixar a via aérea inflamada, o que reduziria a imunidade do paciente, deixando-o mais vulnerável a outra enfermidade respiratória, como o novo Coronavírus", acrescente o infectologista.

 

Doenças respiratórias - O mês de junho, quando começa o inverno no Brasil, já é um período mais propenso as doenças respiratórias, já que o tempo mais frio aumenta a umidade do ar e faz com que as partículas em dispersão aérea fiquem mais tempo viáveis. Esse ambiente é mais favorável a propagação de infecções virais, como o novo Coronavírus.

 

Para o infectologista, a pandemia deve complicar ainda mais esse cenário, já que o aumento de outros quadros virais vai sobrecarregar ainda mais as unidades de saúde. Os especialistas orientam que pessoas com sintomas leves evitem procurar uma unidade de saúde, pois elas podem acabar se contaminando nessas instituições ou no trajeto. A ida à emergência só é recomendada quando a febre alta por mais de três dias, falta de ar e prostração excessiva.  "As pessoas que tem asma ou que já encontram-se infectadas por resfriados, gripes ou outras doenças respiratórias têm inflamação no sistema respiratório e aumento na produção de muco, o que favorece, sim, o contágio por Covid-19", explica a médica clínica Patrícia Bagano. Por isso, a orientação é manter repouso, hidratação e o tratamento em casa.

 

Além disso, Matheus Todt ressalta a dificuldade de diferenciar essas doenças, que têm sintomas parecidos. A infecção respiratória causada pelo novo Coronavírus provoca sintomas que se assemelham aos apresentados por pacientes acometidos de outras síndromes respiratórias brandas, como a gripe e o resfriado. Os quadros mais comuns apresentam febre, tosse seca, fadiga e dificuldade de respirar. No entanto, existe um sintoma bem característico, que é a anosmia, ou ausência de olfato, que não atinge todas pessoas, mas com sua presença liga o sinal de alerta para essa doença. 

 

A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus Influenza, com grande potencial de transmissão. Os enfermos costumam apresentar tosse, febre, congestão nasal, dor de garganta, dor de cabeça, fadiga e dor muscular. A maioria dos sintomas melhora depois de três a cinco dias, porém alguns podem durar um pouco mais.

 

Já o resfriado comum é uma infecção viral que acomete as vias respiratórias superiores (nariz e garganta), que costuma ter sintomas mais brandos do que a gripe, que desaparecem em poucos dias.

 

Os sintomas da Covid-19 e recomendações sobre o tratamento da doença estão detalhados em um ebook produzido pela S.O.S. Vida para orientar sobre cuidados e medidas de prevenção ao novo Coronavírus. A publicação está disponível gratuitamente no site da S.O.S. Vida (https://sosvida.com.br/coronavirus-ebook/).