Saúde

ITÁLIA: 11.591 MORTOS PELO COVID-19 E EFEITOS DA EMERGÊNCIA PSIQUICA

Uma prisão domiciliar coletiva num país de ponta-a-ponta
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/03/2020 às 14:34
Idosos vão ao mercado na Itália
Foto: IM

Existem 1648 novas infecções do dia. Mais da metade em comparação com ontem.
Registro positivo para os curados que são 1590
812 morreram (ligeiramente acima dos 756 de ontem).
11.591 mortes totais desde o início da epidemia.

COMENTÁRIO DO IL MANIFESTO

Não é apenas um evento épico, que marca um antes e um depois na história. É também um choque coletivo que afeta nossos corpos. Não seguimos apenas os eventos na tela; sofremos os efeitos todos os dias. O biovírus assassino, invisível e incompreensível, que tira o fôlego e causa uma morte horrível, também afeta a vida diária de milhares de maneiras.

O pânico inicial, exorcizado nas varandas, foi substituído por um sentimento de tristeza, espanto e resignação amarga. Decreto após decreto, tudo diminuiu a velocidade e parou. Isso nunca aconteceu: uma nação inteira em prisão domiciliar. E seria também a maioria dos "privilegiados" em comparação com todos aqueles que são forçados a trabalhar nessas circunstâncias dramáticas: médicos, enfermeiros, trabalhadores de supermercados, motociclistas, motoristas, caminhoneiros, etc.

Quando começamos a abordar a questão da recessão econômica, que agora está sobre nós, continuamos a discutir os aspectos mais políticos dessa crise, a saber, a gravidade do estado de emergência, o perigo das "medidas" adotadas. Afasta a margem do movimento prometendo, de fato, garantir a imunização ao cidadão-paciente que, mais ou menos de boa vontade, aceita todas as regras de higiene e saúde. É assim que essa nova forma de democracia imunológica funciona.

Mas por quanto tempo? E com quais efeitos? Há outra emergência que não foi discutida até agora e é a emergência psíquica. Como se fosse um tabu, um tópico a ser removido, permaneceu à margem do debate público. Sobre os testes de diagnóstico e, de maneira geral, sobre a cura, vários especialistas, virologistas, médicos e técnicos ministeriais já admitiram as falhas de saúde no território, deixadas quase exclusivamente nas mãos dos clínicos gerais. E você sabe a que preço. O problema, no entanto, não é apenas o corpo.

O risco de prisão domiciliar em massa, uma experiência nunca antes vivida, é uma enorme implosão psíquica que abrirá o silêncio fantasmagórico dos dias de hoje. A vida de muitos mudou da noite para o dia. Nada parece engolir. O trabalho, as atividades habituais, a rotina agitada - tudo é subitamente suspenso. Os relacionamentos humanos estão paralisados.

Amigos, parentes, conhecidos são apenas vozes distantes, rostos filtrados por telas. É claro que, graças a Deus, temos esses meios técnicos, sem os quais o isolamento seria ainda mais difícil e insuportável.

É preciso reconhecer que os efeitos letais do coronavírus são, infelizmente, não apenas mortes, mas também a imposição da distância com tudo o que traz: tristeza, raiva, sensação de desamparo, frustração, solidão, insônia, angústia, depressão. A epidemia é psíquica. E tem proporções imponderáveis.