Em Florianópolis, pediatra foi vítima de agressão numa UPA
Imprensa Pediatria , Salvador |
10/01/2020 às 17:45
Dolores Fernandez - presidente da Sobape
Foto: divulgação
A Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape) se associa à Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e demais entidades para repudiar qualquer forma de violência contra profissionais que atuam nas unidades de saúde no país. No último dia 5, o pediatra Cláudio Santos Pacheco foi violentamente agredido numa UPA em Florianópolis.
A presidente da Sobape, a Dolores Fernandez, reforça o pedido da associação baiana para que as autoridades reforcem a segurança nas unidades públicas para que os profissionais da assistência à saúde possam desempenhar suas funções com tranquilidade, fazendo o melhor pelos seus pacientes.
“É um absurdo a violência contra médicos. As pessoas têm uma revolta e descontam nos profissionais como se nós, médicos, fôssemos os culpados pelo mau funcionamento do sistema de saúde. Na realidade, somos tão vítimas quanto a população”, desabafa Dolores Fernandez.
“Somos considerados descartáveis quando os recursos são parcos. Nos obrigam a fazer atividades que nos sobrecarregam quando, na realidade, era para termos mais profissionais trabalhando. Os salários atrasam e são baixos, levando à necessidade de termos que trabalhar em muitos lugares”, diz a pediatra.
“Ao tempo em que manifestamos solidariedade ao dr. Cláudio e a todos os colegas que já foram vítimas, solicitamos a atenção do poder público para a garantia da segurança nas unidades públicas de saúde”, diz Dolores Fernandez .
Pesquisa
A pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido da SBP, revelou a dimensão do problema da violência que afeta os pediatras brasileiros. Segundo o estudo, que captou, em janeiro de 2017, a percepção de 1.211 pediatras de todos os estados, dois em cada dez pediatras no Brasil têm sido submetidos frequentemente a atos de violência em seu ambiente de trabalho.
Em estruturas da rede pública de saúde, a incidência de tais casos aproxima-se de 30%, atingindo 26% do universo de médicos dessa especialidade. Em hospitais e consultórios privados, o indicador é de 12%. Outra revelação do levantamento é que 53% dos profissionais dividem o tempo entre expedientes das duas esferas.
O sentimento de exposição à violência é maior entre as mulheres (24%) e nas faixas etárias que vão de 26 a 34 e de 35 a 44 anos (30%em cada uma). Do ponto de vista da distribuição geográfica, a percepção é mais significativa nas regiões Norte (26%) e Sudeste (25%). Por outro lado, ela é menor no Sul (16%) e nos municípios do interior (19%), que é seis pontos percentuais abaixo do que se relatado nas regiões metropolitanas (24%).
Mais segurança
Diante dos frequentes relatos de violência contra profissionais da área de saúde, a SBP, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e outras entidades médicas têm recorrido aos Ministérios da Saúde e da Justiça e Segurança Pública, pedindo que invistam em ações para ampliar a proteção dos profissionais.
Entre os pedidos das entidades médicas estão o reforço de policiamento nas unidades de saúde e a consolidação, por parte do Ministério da Justiça, de um relatório que reúna informações sobre os casos. Tais informações, segundo as entidades representativas dos médicos, auxiliariam na elaboração de estratégias mais efetivas de combate aos ataques.
CAMPANHA – Além do apelo às autoridades brasileiras, no ano passado o CFM veiculou ainda uma campanha institucional focada nos médicos orientando-os sobre como proceder em caso de serem vítimas de agressões no ambiente de trabalho. Em uma série de informes e vídeos, os profissionais recebem o passo-a-passo para denunciar os abusos.