Pediatra Márcia Barreto é presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sobape
Imprensa Pediatria , Salvador |
17/12/2019 às 17:41
Dra. Márcia Barreto
Foto: divulgação
O período de férias escolares requer atenção redobrada de pais e responsáveis para a prevenção de acidentes domésticos que costumam aumentar nessa época do ano, uma vez que muitas crianças passam a maior parte do tempo em casa. As quedas representam a causa mais comum de acidentes não fatais, mas figuram também entre as causas de morte em crianças e adolescentes, conforme explica a pediatra Márcia Barreto, presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape).
A maioria dessas ocorrências ocorre dentro das casas e 1/3 delas em escolas, parques e clubes. Para evitar lesões decorrentes das quedas, que podem até provocar traumatismos crânio-encefálicos e morte, a pediatra destaca cuidados fundamentais, como não deixar a criança sozinha ou permitir que ela suba em móveis, cadeiras, sofás sem a supervisão de um adulto.
Em casas com crianças bem pequenas, recomenda-se baixar o estrado e o colchão do berço assim que o bebê estiver sentando sem apoio. Não deixar travesseiros, brinquedos ou objetos soltos no berço, pois a criança vai utilizá-los como apoio para ficar em pé. Por outro lado, não se deve estimular o uso de andadores, já que são perigosos, especialmente em ambientes com escadas.
"A presença de um adulto monitorando a criança constantemente é a principal medida para evitar os acidentes domésticos. No momento que impedimos a criança de ter acesso sozinha a cozinha e banheiro, por exemplo, estamos evitando 45% dos acidentes domésticos" enfatiza a pediatra Márcia Barreto.
No rol das medidas preventivas estão a colocação de barreiras nas escadas, redes de proteção e travas de limitação de abertura em janelas e não deixar móveis em baixo delas, retirando o risco da criança escalar. Manter os portões da casa trancados e preservar o piso da casa limpo, seco e/ou com tapetes bem aderidos também estão entre as recomendações.
Brincadeiras e equipamentos de proteção
É importante avaliar os espaços onde acontecem as brincadeiras, evitando varandas, lages e terraços. Em passeios de bicicleta, patins e skate orienta-se o uso obrigatório de capacetes, luvas, cotoveleiras e joelheiras, observando os locais apropriados para a prática.
Afogamentos
Pais e responsáveis também precisam acompanhar as crianças e adolescentes no uso de piscinas, mesmo que elas estejam utilizando dispositivos de flutuação, como boias, coletes salva-vidas, ou que estejam tomando aula de natação. É essencial que essas áreas sejam protegidas com cerca alta em toda sua extensão, portão com fechadura e alarme. Também é importante manter os brinquedos afastados da área da piscina e deixá-la coberta quando não estiver em uso.
"Vale lembrar que banheiras, baldes, bacias e tanques também representam grande risco de afogamento e nunca devem ser deixados com água em seu interior", reforça Márcia Barreto.
Acidentes por obstrução da via aérea
Existe ainda os perigos de acidentes endoscópicos, que geram sufocamento pela obstrução de vias aéreas. "É importante orientar a família a manter objetos pequenos longe de crianças até quatro anos e, nas refeições, ensinar a criança a mastigar bem os alimentos .
Destaco também o valor de capacitar babás e cuidadoras para realizarem manobras de desobstrução das vias aéreas", pontua a pediatra da Sobape.
As Intoxicações podem vir, por exemplo, a partir da exposição e contato com produtos de limpeza, medicamentos, substâncias tóxicas e venenos. Sempre conservar esses itens em suas embalagens originais e guardá-los distante do alcance dos pequenos.
Queimaduras
Além de vetar o acesso dos menores a fósforos, isqueiros e quaisquer produtos inflamáveis, a pediatra Márcia Barreto chama a atenção para o risco de queimaduras por escaldamento por causa da temperatura excessiva da água no banho de chuveiro ou em banheira. Tomadas e fios elétricos precisam ficar devidamente cobertos.
"E para reforçar, não carregue a criança no colo enquanto estiver cozinhando ou ingerindo líquido quente. Jamais deixe uma criança sozinha, mantenha-a sempre com a supervisão de um adulto responsável", finaliza.