O mau hábito de utilizar medicamentos sem orientação médica é um verdadeiro perigo à saúde da população brasileira e os números mostram isso. Segundo estudo divulgado pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os medicamentos são a principal causa de intoxicação no país, com 40% dos 39.521 casos ocorridos em 2016, data do último levantamento sobre o tema.
Por isso, e em lembrança ao Dia do Farmacêutico (20/01), o Hospital Aliança conversou com dois dos seus farmacêuticos sobre os riscos desse uso indiscriminado. O coordenador da Farmácia do Aliança, Armando Ribeiro, pontuou sobre os males deste nocivo costume. “Entre os riscos está o desconhecimento se aquele medicamento pode trazer algum efeito adverso, especialmente se combinado a ingestão de outras substâncias, como a bebida alcóolica por exemplo. ”
O farmacêutico Rafael Matos ressaltou a possibilidade de o medicamento consumido – entre os mais comuns, analgésicos, antialérgicos e anti-inflamatórios – estar mascarando a doença raiz da pessoa. “Você acaba tratando o sintoma e não a doença e a consequência disso pode ser a exacerbação do seu quadro clínico e não a sua melhora”.
Armando completa que um dos órgãos mais atingidos por esse uso indiscriminado é o estômago. “Algumas drogas podem trazer problemas para a mucosa gástrica, por exemplo. Existem muitas pessoas que, por conta dessa automedicação, muitas vezes em altas doses, desenvolvem problemas de gastrite e úlcera”. Ele conta que o paracetamol, que é um analgésico bastante utilizado pela população, pode causar danos ao fígado semelhantes a hepatite ou cirrose se consumido em alta dosagem.
Para evitar tais problemas no futuro, os farmacêuticos reforçam a necessidade de procurar uma orientação especializada. “Buscar informações na internet não está acima de uma análise clínica de um profissional competente. Uma simples mancha no dedo pode fazer com que as pessoas achem que estão com câncer ao pesquisar na internet. E, na grande maioria das vezes, não é isso”, avisa Armando. “Com uma simples mudança no estilo de vida, acompanhada de perto por um médico, você consegue se livrar de algumas doenças. É preciso se conscientizar sobre o uso racional dos medicamentos”, orienta Rafael.
Crianças e Idosos
Se os prejuízos já são grandes para os adultos, no caso de crianças e idosos, o cuidado deve ser intensificado. “As crianças e os idosos não entram na hora do teste para fabricação dos medicamentos por serem grupos de risco. Então, o uso dos medicamentos para estes públicos tem de ser feito com cautela e observação. Alguns deles não são sequer recomendados. Vale ressaltar que o idoso tem um organismo que não corresponde exatamente ao do adulto, pois suas taxas hormonais e metabólicas são outras. Por isso, é muito importante evitar a automedicação em idosos. Alguns remédios, inclusive, trazem consigo o risco de queda e muitos não sabem. Aqui no Hospital Aliança, por exemplo, nós temos um alerta sobre isso com o objetivo de aumentar a segurança no uso destes medicamentos. No momento da emissão da prescrição, já consta impresso o risco de queda inerente ao medicamento, como alerta para a equipe de enfermagem no cuidado àquele paciente”, explicou Armando.