Sabe aquela gordura abdominal que insiste em não te largar? Ela pode trazer uma série de riscos à saúde, incluindo o diabetes. Estudos clínicos observam que a gordura acumulada na região abdominal traz mais riscos para o desenvolvimento de diabetes do que a gordura distribuída pelo corpo por igual. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes acomete mais de 13 milhões de pessoas só no Brasil. Sedentarismo, hipertensão arterial, histórico familiar e de doença cardiovascular devem acender sinal de alerta.
Diferentes tipos
Existem diferentes tipos de diabetes. O diabetes tipo 1 acomete principalmente indivíduos jovens (crianças e adolescentes). No entanto, também pode aparecer na fase adulta. Caracteriza-se pela ausência de produção de insulina, um hormônio produzido pelas células pancreáticas e responsável pela manutenção dos valores de glicose dentro da normalidade. O tratamento consiste na administração de insulina exógena.
O diabetes tipo 2 não está relacionado com a destruição das células beta pancreáticas e sim com a resistência periférica à insulina produzida. Fatores genéticos são muito importantes neste tipo. A pessoa com diabetes tipo 2 (DM2) geralmente é filho de pai, mãe ou ambos com diabetes. A doença costuma aparecer em idades mais avançadas, geralmente, a partir dos 40 anos. No DM 2, a influência do estilo de vida é decisiva, tanto que mesmo tendo os pais diabéticos, um indivíduo que pratica esportes com regularidade, segue uma alimentação balanceada e mantém peso normal pode passar toda a vida sem jamais desenvolver a doença. Dessa maneira, o diabetes tipo 2 é uma combinação de uma importante herança genética somada a hábitos de vida como sedentarismo e alimentação hipercalórica.
A seguir, a Dra. Milena Gurgel Teles Bezerra, assessora médica em Endocrinologia e Diabetes do Grupo Fleury, marca detentora da Diagnoson a+, em Salvador, esclarece algumas das dúvidas mais comuns sobre o tema:
Como posso saber se tenho diabetes?
Confirma-se o diagnóstico de diabetes nas seguintes ocasiões:
É possível levar uma vida normal com a doença?
Com certeza! A manutenção de hábitos saudáveis e controle dos valores da glicemia devem ser prioritários no cotidiano de pessoas com diabetes para evitar ou retardar o aparecimento de complicações graves que acometem diversos órgãos como rins, olhos, sistema cardiovascular, além de outros. O tratamento deve ser adaptado o máximo possível à rotina do paciente para facilitar sua adesão, sem abrir mão ,entretanto, do bom controle.
A gordura acumulada na região abdominal é mesmo preocupante?
Sim. O sobrepeso é um fator de risco ,principalmente, quando acomete a área do tronco. Estudos clínicos observam que a gordura acumulada na região abdominal traz mais riscos ao aparecimento de diabetes do que a gordura distribuída pelo corpo por igual. Isso acontece porque a gordura acumulada na barriga atrapalha mais a ação da insulina do que a gordura que está acumulada no quadril. Mas, vale frisar: nem todo obeso tem diabetes.
A medida considerada como saudável para a mulher é uma circunferência abdominal de até 80 cm e, para o homem, de até 94 cm. No Brasil, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO) considera 80-94 cm como faixa de risco para diabetes e 88-102 como alto risco.
Como o sedentarismo se relaciona com o diabetes?
O sedentarismo está relacionado, entre outras coisas, ao aumento da resistência à insulina. A falta de atividade física faz com que os músculos inativos captem mal a glicose – o que não acontece com músculos de indivíduos ativos. Sabe-se que a insulina tem melhor ação em indivíduos que têm o hábito de praticar exercícios físicos regulares pelo menos três vezes por semana. Pessoas com diabetes que fazem atividades físicas regulares usam menos medicamentos que os sedentários, graças ao melhor aproveitamento da ação da insulina.
Quem deve fazer exames para investigar diabetes?
A recomendação é de que todas as pessoas acima de 45 anos façam exames para rastrear diabetes. O exame deve ser repetido de 1 a 3 anos, a depender dos fatores de risco. Indivíduos com menos de 45 anos com sobrepeso (IMC igual o maior a 25) e ao menos um fator de risco também devem ser investigados.
Alguns dos fatores de risco para diabetes são: familiar de primeiro grau com diabetes, sedentarismo, síndrome dos ovários policísticos; elevação de triglicérides, níveis baixos de colesterol bom, hipertensão arterial, história de diabetes na gestação.
Quais são os sintomas da hipoglicemia?
Fraqueza, náusea, tontura, sudorese fria, sensação de desmaio, etc. Pessoas com diabetes que apresentam hipoglicemias frequentes podem perder os sinais de alarme. Ou seja, o cérebro passa a achar que todos esses sintomas são normais e se acostuma. Assim, ao invés de apresentar os sinais com glicemias abaixo de 70 mg/dL, os sintomas começam apenas com glicemias muito baixas (50 mg/dL ou menos) resultando em aumento do risco de complicações graves.
Quais os perigos da identificação tardia?
No caso do diabetes mais comum, o tipo 2, podem aparecer complicações da doença já no início do quadro – no momento em que foi feito o diagnóstico. Isso acontece porque a glicose se eleva lentamente durante anos, geralmente sem causar sintomas. Ao longo do tempo, o problema silencioso pode causar lesões em alguns órgãos, como na retina, levando à cegueira; nos rins, podendo implicar na necessidade de fazer hemodiálise ou mesmo transplante de rim, entre muitos outros.
Todo diabetes durante a gravidez é gestacional?
Não. Entende-se por diabetes gestacional somente casos em que a mulher não tinha alterações nos níveis de glicose e desenvolveu o problema ao longo da gestação.