O dispositivo esteve em desenvolvimento durante mais de uma década e foi aprovado na Europa em março de 2008
Varjão Comunicação , Salvador |
24/07/2017 às 17:11
Antônio Lisboa N. Ferreira, 44 anos, aposentado por invalidez, após passar mais de 60 dias internado no Hospital da Bahia, submeteu-se a procedimento cirúrgico que salvou sua vida. O paciente foi submetido ao implante do Mitralclip, um procedimento inovador que devolve a saúde para portadores de insuficiência cardíaca. "Eu cansava e sentia muita falta de ar, quando fui internado estava com um quadro de infecção pulmonar, mas logo depois do tratamento com antibióticos e implante do mitralclip recuperei totalmente minha saúde, hoje sou um homem salvo graças à eficiência e avanço da medicina".
A válvula mitral desempenha um relevante papel na regulação do fluxo sanguíneo dentro das cavidades cardíacas. “O Mitralclip é um dispositivo indicado para reconstrução da Válvula Mitral quando por diversas patologias cardíacas ou da própria válvula, ela se torna insuficiente para desempenhar o seu papel de regulação do fluxo de sangue entre o átrio e o ventrículo esquerdo. “O procedimento se realiza mediante a aproximação tecidual em pacientes com insuficiência cardíaca causada pela regurgitação mitral e em pacientes com alto risco para correção cirúrgica convencional, que é o tratamento padrão para tal condição”, explica o cardiologista Antônio Azevedo. Pacientes que sofrem com insuficiência cardíaca, tanto na etiologia primária (degenarativa), quanto na secundária (pós-infarto, doenças do músculo cardíaco, entre outras) podem ter indicação para realização do implante.
Dr. Azevedo afirma que o procedimento surge como alternativa terapêutica menos invasiva, sendo inserido no coração por via percutânea através da punção da veia femoral. “Uma vez que o dispositivo é implantado, corrigindo a regurgitação mitral, permite que o coração passe a bombear sangue de forma mais eficiente, aliviando os sintomas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”.
Segundo ainda o Dr. Azevedo, o paciente implantado obtém uma melhora da insuficiência cardíaca (falta de ar e cansaço), além da diminuição de reinternamentos, o que, consequentemente, traz um impacto positivo na qualidade de vida. “A insuficiência mitral é uma condição comum, afetando uma em cada dez pessoas com 75 anos ou mais. A maioria é tratada apenas com medicamentos, ou com a opção cirúrgica de troca de válvula sendo a intervenção reservada para situações mais graves”, ressalta.
Mitralclip
O dispositivo esteve em desenvolvimento durante mais de uma década e foi aprovado na Europa em março de 2008, passando a ser comercializado em setembro do mesmo ano. Nos Estados Unidos, a aprovação surgiu mais tarde, em 2013.
No Brasil, o Mitralclip foi liberado em dezembro de 2014 pela Anvisa, e, desde então, já foram realizados cerca de 200 implantes em todo o país, inclusive no Hospital da Bahia. Na instituição, além de Dr. Antônio Azevedo, a equipe responsável pelo procedimento é composta pelos cardiologistas intervencionistas Marcelo Góes, Adriano Dourado e José Carlos Brito responsável pelo serviço de intervenção percutânea. O Centro de Cardiologia do Hospital da Bahia é coordenado por Marianna Andrade e tem como diretor Jadelson Andrade.