Doença hereditária q atinge os negros. Com informações da SMS
Da Redação , Salvador |
17/11/2016 às 20:56
Exibição de capoeira
Foto: Jefferson Peixoto
Os Campos Temáticos da Doença Falciforme e da Saúde da População Negra, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), estão promovendo, durante o mês de novembro, uma série de encontros temáticos no Centro de Formação de Trabalhadores (Cefort), no Complexo Municipal de Saúde Clementino Fraga, nos Barris. Desde o dia 4 deste mês, especialistas têm disseminado informações com debates e discussões sobre a saúde coletiva da população negra no município, com participação de profissionais da Prefeitura.
Com o tema "Novembro Negro: um Coração Falcizado", a iniciativa tem como objetivo dar continuidade à implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra, diagnóstico precoce, fortalecimento do programa de atenção à Doença Falciforme da SMS, e assistência integral à pessoa.
Uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil, com um a cada 650 nascidos vivos portador da enfermidade, a doença falciforme atinge principalmente os negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país pode ser observada também em pessoas brancas ou pardas. A doença é caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo.
Nesta quinta-feira (17), o debate foi aberto com uma encenação de alunos da Escola Municipal Luiz Rogério, sob o comando do professor Denilson Ribeiro. Eles apresentaram a peça "A Verdadeira Abolição". Logo depois, o debate teve como tema "Doenças prevalentes na população negra de Salvador", com a enfermeira Edna Rezende.
"O que é complexo é como falar o que é prevalente na população negra, quando Salvador tem 80% de negros. Existem algumas coisas específicas, como questões de componentes genéticos e desigualdades sociais que agravam o cenário. Por isso é importante abordar o tema, pois quando apresentamos números e dados, reforçamos a importância de planejar as ações específicas para esta população", afirma a enfermeira.
Agente comunitária de saúde do Subúrbio Ferroviário há 18 anos, Aldalice Nunes, de 39, participou de todos os encontros e considera fundamental participar destas ações, que trazem informações relevantes dentro do trabalho como agente de saúde. "Essas iniciativas trazem uma consciência maior ao profissional de como o racismo tem interferido na vida das pessoas, e o cuidado com as doenças que são mais prevalentes em negros, para que tenhamos um olhar mais criterioso sobre essa população", observa.
Técnica do Campo Temático de Doença Falciforme, Marivone Monteiro salienta que as ações também são importantes, não só as palestras. "Programamos eventos também nos distritos sanitários de Salvador, de forma a atingir toda a população. Pensamos no profissional que vai atender a essa população específica, para que tenha a atenção especial, um olhar diferenciado. Se uma pessoa com doença falciforme sente uma dor, é diferente de uma pessoa comum. Com o racismo institucional, precisamos examinar os pacientes da forma correta, e assim evitar as complicações".