Em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas 171 mil internações por Acidente Vascular Cerebral (AVC). A doença é responsável por mais de 100 mil óbitos por ano no país, sendo aproximadamente um a cada cinco minutos. As inovações no tratamento do AVC serão o tema de um workshop promovido pelo Hospital Cárdio Pulmonar (HCP), no dia 1º de outubro, das 8h às 12h30, no Hotel Mercure, Rio Vermelho.
“Nós somos a quarta capital do país e, infelizmente, apesar de toda a estrutura física, tecnológica e de pessoal disponível, temos poucos pacientes tratados na fase aguda. Vários são os impasses, mas é crucial que a população saiba reconhecer os sintomas do AVC e consiga chegar rápido, dentro das primeiras seis horas, a um serviço especializado. A conscientização é um dos pontos-chave que abordaremos nesse evento”, destaca o neuro-intervencionista do HCP, Alexandre Drayton.
O encontro também discutirá o papel das redes de atendimento pré-hospitalar e das unidades de referência no tratamento da fase aguda, com base nos resultados dos últimos estudos internacionais. Além disso, visando a abordar um tema atual e bastante recorrente, o encontro traz, ainda, uma palestra sobre o tratamento minimamente invasivo dos aneurismas cerebrais.
Para o evento, o Cárdio Pulmonar vai reunir alguns dos maiores especialistas do país. “É nosso intuito organizar uma manhã com aulas de alto nível, nas quais todos os profissionais envolvidos no tratamento do AVC (neurologistas, neurocirurgiões, intensivistas e emergencistas, residentes das áreas afins, futuros médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos) receberão informações relevantes passadas por colegas de renome nacional”, acrescentou Alexandre Drayton, um dos coordenadores do evento.
AVCI E AVCH
Enquanto no AVC isquêmico (AVCI) existe um entupimento do vaso sanguíneo, no AVC hemorrágico (AVCH) ocorre um rompimento do vaso, com extravasamento do sangue. “Muitas vezes, o AVC, independente do seu subtipo, é um avento imprevisível. Portanto, o monitoramento dos hábitos de vida e a consulta regular com um médico, sobretudo a partir da quarta década de vida, é dever de todos”, destacou o coordenador do Serviço de Neurologia do Cárdio Pulmonar, o neurologista Murilo Souza.
Dos pacientes internados no serviço público com diagnóstico de AVC , somente 70% realizam tomografia de crânio e apenas 30% tem investigação completa das possíveis causas. Menos de 1% dos AVCI recebem trombolítico, que é o único tratamento medicamentoso disponível na fase aguda da doença, visando a fragmentar os coágulos. Mesmo considerando o caráter continental de nosso país, existem menos de 50 unidades de AVC credenciadas pelo Ministério da Saúde no Brasil.
Sintomas
O especialista ressalta que muitas mortes e sequelas poderiam ser evitadas caso o atendimento dos pacientes fosse realizado até seis horas após os primeiros sintomas da doença. De acordo com Murilo Souza, uma avaliação rápida das funções motoras pode revelar se um AVC encontra-se em curso. “Deve-se pedir para o paciente sorrir e ver se há um desvio na boca, em seguida solicitar que fale uma frase e ver se ele mantém a clareza na fala. Outro teste importante é o da firmeza nos braços. Deve-se pedir um abraço, por exemplo, para a pessoa com suspeita de ter sofrido AVC e avaliar se há sinal de fraqueza em um dos lados”, explicou o neurologista.
O especialista orienta que, se o teste for positivo para qualquer um dos quesitos, o paciente deve ser levado imediatamente para um hospital ou deve ser acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).