Todas as manhãs, mulheres como a administradora Nadja Habib, mãe de Rafael, de apenas quatro meses, recebem a visita de agentes do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. Elas participam da inciativa ‘Bombeiro Amigo do Peito’, que coleta leite materno das casas de doadoras voluntárias e encaminha para bancos de leite, como os da Maternidade Climério de Oliveira, no bairro de Nazaré, e do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), em Brotas. O material recolhido é tratado e utilizado para alimentar, por exemplo, bebês prematuros e/ou internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIse semi-UTIs.
A rotina dos militares começa cedo nos bancos, recolhendo o material necessário para a coleta e os novos kits que serão deixados nas casas das mulheres doadoras. O trabalho facilita o processo de doação e dá comodidade às mães, que não precisam se deslocar até os hospitais para entregar o leite coletado.
Para a coordenadora do banco do leite do Iperba, a nutricionista Cibele Correa, os Amigos do Peito são fundamentais para a manutenção do estoque. “Essa é uma parceria muito importante, porque faz com que aconteça essa coleta domiciliar. Um hospital possui muitas demandas e nem sempre há disponibilidade do nosso pessoal [realizar a coleta]. Sem os bombeiros, realmente, ficaria muito mais difícil”, explica.
Ato de amor
Com uma grande produção de leite, Nadja Habib recebe os bombeiros uma vez por semana. Ela entrega o leite - coletado e congelado - e recebe novos frascos, de vidro e com tampas de plástico, já esterilizados. Todo o procedimento de coleta e armazenamento foi explicado a Nadja por funcionários da Maternidade Climério de Oliveira, para onde vai o leite.
“Eles me ensinaram como coletar e o processo de me tornar doadora foi muito simples e fácil. Eu imagino uma mãe que não pode amamentar seu próprio filho e penso no quanto esse gesto é valioso para ela. Por isso, eu vou ajudar enquanto puder”, afirma a administradora.
Para a subtenente do Corpo de Bombeiros Joice Gonçalves, que atua no projeto, enquanto mãe e mulher, poder ajudar outras mães é muito gratificante. “Eu vou à casa de doadoras de todas as classes sociais, de mulheres que saem dos seus cuidados de mãe para fazer esse gesto tão bonito de amor, de ajudar outras crianças que não podem ser amamentadas. E, em nome do Corpo de Bombeiros, nós só temos a agradecer a todas essas doadoras”.
Como doar
Sobre o estoque dos bancos de leite, a neonatologista e coordenadora do banco da Maternidade Climério de Oliveira, Sandra Faria, é categórica em afirmar que “quanto mais, melhor”. “As mulheres ficam entre dois e quatro meses nas condições de fazer essa doação e é um período relativamente curto, porque logo o bebê cresce e consome todo o leite ou, com o passar do tempo, ela vai produzindo menos. Estamos sempre precisando [de leite], porque parte desses bebês passam meses internados e a necessidade de leite é sempre grande. Não podemos esquecer que doar leite é doar vida”, conta.
Para ser doadora, a mulher precisa estar saudável e produzindo mais leite do que seu bebê precisa. O primeiro contato com as instituições deve ser feito pelo telefone, quando as mães já são orientadas sobre o processo, que é simples e feito de casa, sem a necessidade de se deslocar ao hospital. A Maternidade Climério de Oliveira atende pelo número (71) 3283-9264 e o Iperba pelo telefone (71) 3116-5118.