Saúde

Siamesa baiana separada tem piora no estado de saúde, diz hospital

Bebê Fernanda Neves já havia apresentado instabilidade e recebido dreno.
A irmã dela, Júlia, continua com quadro considerado grave, em Goiânia.
G1 , GOIÂNIA | 15/01/2016 às 10:55
Hospital Materno Infantil de Goiânia é uma referência nesse tipo de cirurgia
Foto: DIV
A siamesa separada Fernanda Neves, de 5 meses, teve uma piora no estado de saúde. Segundo o boletim médico divulgado pelo Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, na manhã desta sexta-feira (15), o quadro é considerado gravíssimo. Já a gêmea dela, Júlia, segue em estado grave. Ambas seguem internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e respiram com a ajuda de aparelhos.

Fernanda já havia apresentado um momento de instabilidade na quinta-feira (14) por causa de um pneumotórax, que é excesso de ar no diafragma. Segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, o problema provoca uma maior dificuldade na respiração. Por isso, foi implantado um dreno de emergência.

Conforme o médico, na ocasião, a situação foi percebida e normalizada imediatamente. “Logo que percebemos já foi colocado o dreno de emergência, que tira o ar para fora do diafragma, e ela voltou a ficar estável. Esse dispositivo deve ser removido em dois ou três dias só com uma anestesia local”, esclareceu o médico. No entanto, a menina voltou a apresentar piora.

A cirurgia de separação das siamesas foi realizada na última quarta-feira (13). As irmãs, que eram unidas pelo tórax e abdômen, compartilhavam o fígado e uma membrana do coração.
Calil ressaltou que durante as primeiras 48 horas após a operação as pacientes são monitoradas o tempo todo, mas esse tipo de reação, como o pneumotórax, já era esperado. “É um período crucial porque, depois que os siameses se separam, existe uma verdadeira catástrofe no organismo. Até então, não se sabe como o organismo vai reagir. Em fração de minutos muda completamente a condição deles”, alertou.

O cirurgião explicou ainda que, na maioria dos casos, os bebês maiores são os que mais sofrem com a separação porque eram os mais dependentes, como é o caso da Fernanda. “Ela é a maior, então comia menos, mas recebia mais nutrientes. A Júlia, que é a menor, se alimentava em maior quantidade, mas recebia menos nutrientes”, afirmou.

As siamesas separadas nasceram em Itamaraju, no interior da Bahia. Por conta da condição delas, os pais, Valdenir Neves e Lindalva Nascimento de Jesus, decidiram seguir para a capital goiana, em agosto do ano passado, para obter a cirurgia de separação. Desde então, elas aguardavam na Casa do Interior e, na última segunda-feira (11), as meninas foram internadas no HMI para iniciar o preparo.

Apesar da dificuldade de nutrição de uma das irmãs, Calil afirmou que o caso delas é menos complicado do que os gêmeos Arthur e Heitor, que passaram pela cirurgia de separação em fevereiro do ano passado. Eles eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia e compartilhavam o fígado e a genitália. Arthur não resistiu e morreu três dias após a operação.

Conforme o médico, o caso de Júlia e Fernanda é mais similar à situação enfrentada pelas irmãs Maria Clara e Maria Eduarda, que foram operadas em setembro de 2015. Elas também eram unidas pelo abdômen e compartilhavam fígado e uma membrana do coração.

Referência

O HMI é considerado referências no parto, tratamento e separação de siameses em todo o Brasil. Em 14 anos, essa será a 16ª cirurgia de separação. De acordo com Calil, foram 27 casos acompanhados pela equipe do hospital nesse período.

O primeiro procedimento foi realizado nas gêmeas Raniela e Rafaela Rocha Cardoso, de 12 anos, que nasceram unidas pelo abdômen, passaram pela cirurgia e praticamente não ficaram com sequelas: "Nossa história é impressionante”, afirmou Raniela ao G1 em dezembro de 2014.