De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2014, infecções hospitalares atingem cerca de 14% dos pacientes internados, além de ser responsável por mais de 100 mil mortes no Brasil todos os anos. Nos Estados Unidos, são mais de 400 óbitos por dia. O modo mais simples para se evitar a infecção hospitalar foi abordado durante a 10ª edição do Projeto Sinapse, realizado pelo Hospital Cárdio Pulmonar (CP), nesta quarta-feira (22), no Hotel Pestana Convento do Carmo, no Centro Histórico de Salvador. Estiveram presentes mais de 150 profissionais da área da saúde.
Durante o encontro, o coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Cárdio, o infectologista Alan Neves, apresentou a palestra “Higienização das Mãos e o Controle da Infecção Hospitalar”. De acordo com o especialista, o uso de solução de álcool em gel é a maneira mais eficaz, rápida, eficiente e acessível para se higienizar as mãos dentro de uma unidade de saúde.
Em comparação ao uso de água e sabão, a solução alcoólica consome entre 20 e 30 segundos enquanto a outra opção gasta de 40 a 60. “Você pode colocar um dispensador de álcool em gel em diversos locais e, inclusive, portar um. Já uma pia exige uma solução arquitetônica e para uma lavagem eficiente é preciso mais tempo e mais cuidado”, avaliou Alan Neves.
Na Europa, de acordo com o infectologista, são 4,5 milhões de casos de infecção hospitalar por ano e aproximadamente 7,5 bilhões de euros são gastos para o tratamento de pacientes com a doença. “Existem várias inovações para se evitar a infecção hospitalar, mas a mais barata e eficiente é a higienização das mãos com solução alcoólica nos cinco momentos especificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, reafirmou.
O coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Cárdio comemora a taxa de adesão à higienização das mãos de 78% alcançada no hospital, em junho, enquanto a média mundial é de 50%. No CP já são consumidos 60 ml de álcool gel por paciente/dia. “Os cinco momentos para higienização das mãos foram pensados para integrar completamente esta importante ação ao fluxo de trabalho dos profissionais de saúde, evitando não só as infecções exógenas, mas também impedindo que médicos ou enfermeiros levem bactérias de uma área infectada para uma área limpa do próprio paciente”, esclareceu dr. Alan Neves.
Projeto Sinapse
“Grandes problemas da medicina e suas soluções mais simples” foi o tema da 10ª edição do Projeto Sinapse. A abertura foi feita pelo coordenador da Medicina Cardiovascular e gestor de Prática Médica do CP, o cardiologista Eduardo Darzé, que falou sobre ética e cuidado. “O Sinapse teve início em 2011 e seguimos amadurecendo cada fez mais, desde o conteúdo programático até a produção. Nunca perdendo de vista a sua proposta inicial de unir medicina e arte, ciência e cultura”, disse dr. Darzé, um dos idealizadores do projeto.
O cardiologista também foi o responsável por falar sobre “TEP: A mais importante causa de morte hospitalar prevenível” e “Se são soluções simples e comprovadas, por que não funcionam no mundo real?” O médico apresentou o número de casos nos Estados Unidos a fim de mostrar que o Tromboembolismo Pulmonar (TEP) é um problema de saúde mundial.
A discussão sobre a implantação das inovações e sua aceitação foi discutida no último painel: “Se são soluções simples e comprovadas, por que não funcionam no mundo real?”. Eduardo Darzé fez uma explanação teórica para mostrar as dificuldades para conseguir a adesão do corpo clínico de uma instituição às mudanças. “Alguns fatores influenciam no sucesso e velocidade da implementação das inovações. Quanto mais fatores esta inovação reunir, mais chance tem de ser adotada. A instituição colabora se apoia e encoraja a implementação de novas ideias”, disse.
O Projeto Sinapse é uma iniciativa do Hospital Cárdio Pulmonar, que investe em atividades de pesquisa e educação continuada, estimulando a produção de conhecimento e a atualização científica. O Sinapse une ciência e arte, sendo a segunda parte da atividade sempre dedicada a uma atividade cultural. Nesta edição, ao final das apresentações, foi realizado um tour pelo Convento do Carmo, quer começou a ser erguido em 1586 pela Ordem Primeira dos Freis Carmelitas.