Saúde

Audiência pública debate a cobertura de fatos violentos pela mídia

Debate acontecerá 5 de maio, a partir das 10h, na Sala Herculano Menezes.
Marcelino Galo , Salvador | 04/05/2015 às 18:07
Audiência pública na Assembléia debate a cobertura de fatos violentos pela mídia
Foto: Divulgação /Sergio Monteiro

A cobertura de fatos violentos e de questões que envolvam os direitos humanos estará na pauta de uma audiência pública conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Combate ao Racismo, da Assembleia Legislativa da Bahia. Pesquisadores, estudantes, lideranças de organizações de jovens e de órgãos públicos confirmaram presença no debate propositadamente marcado para o Dia Nacional das Comunicações, 5 de maio, a partir das 10h, na Sala Herculano Menezes.

O professor Giovandro Ferreira, da Facom-UFBa, estuda o tema há alguns anos e foi um dos articuladores da criação do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania (CCDC), órgão suplementar da Faculdade de Comunicação, em junho de 2009. Em 2013 a Editora da UFBa lançou o livro “A Construção da Violência na Televisão e em Jornais Impressos na Bahia”, produzido pelo Observatório de Mídia e Direitos Humanos da Bahia. Ferreira acrescentará dados importantes ao levantamento feito sobre cobertura dos jornais Massa! e Correio, e de dois programas televisivos, Na Mira (TV Aratu, afiliada do SBT) e Se Liga Bocão (TV Itapoan, afiliada da TV Record), no período de agosto de 2011 a janeiro de 2012.

A repercussão da divulgação dos dados da pesquisa deu ainda mais consistência às manifestações de diversos movimentos sociais ligados à luta em defesa dos direitos humanos e de combate ao racismo. Demandado por essas organizações, o Ministério Público Estadual chegou a celebrar Termos de Ajustamento de Conduta com pelo menos três emissoras de televisão de Salvador. A promotora responsável pelos TACs, Isabel Adelaide, também confirmou presença no evento. Também a Defensoria Pública, que atuou em casos como a entrevista de uma repórter do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, com um jovem negro preso em flagrante por roubo. O caso repercutiu nacionalmente, e entidades do movimento negro assumiram a defesa do rapaz, então com 18 anos. A DPE estará representada pela defensora Eva Rodrigues, que falará sobre a atuação do órgão em casos semelhantes.

Entre as organizações da sociedade, participarão a ONG Cipó Comunicação Interativa, o Desbafo Social e o Grupo de Comunicadores Jovens Mídia Periférica. Lideranças jovens como Enderson Araújo e Monique Evele questionam a campanha que muitos veículos de imprensa fazem em favor da tese da redução da maioridade penal. Para eles, os fatos violentos praticados por jovens são superdimensionados, como se o confinamento de adolescentes bastasse para frear as estatísticas da criminalidade. Com dados oficiais na ponta da língua, essas lideranças que ganharam visibilidade nacional pelo trabalho nas periferias, defendem uma abordagem mais isenta para a sociedade poder se posicionar melhor sobre a matéria e sem clima de comoção.

“Mídia: quem está no controle?” é a segunda audiência pública conjunta das comissões presididas pelos deputados Marcelino Galo (Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública) e Bira Coroa (Comissão Especial de Combate ao Racismo). Na primeira, as duas salas conjugadas do espaço reservado às comissões do Legislativo ficaram lotadas para tratar do extermínio da juventude negra, e mobilizaram a atenção de parlamentares de outras comissões.