“Com a Copa do Mundo e o aumento de visitantes de todo mundo, há um risco aumentado de surgir novos vírus e é preciso tomar medidas para conter uma epidemia de gripe”, destaca o médico Guilhardo Fontes
Carolina Campos , Salvador |
21/05/2014 às 20:04
Com o crescimento habitual da incidência de doenças respiratórias entre 35% a 50% no período de inverno, uma preocupação dos médicos é a capacidade de atendimento nos serviços de saúde. As emergências estão sobrecarregadas em todo o país e as vagas para internamento são insuficientes”, alerta o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro. “O pronto atendimento e a precisão diagnóstica podem salvar muitas vidas”, acrescenta o médico.
Para discutir a melhor abordagem das doenças de inverno, o programa de educação continuada do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Izabel promove o 3º Simpósio Doenças do Inverno, no próximo dia 4 de junho, no Auditório Jorge Figueira. O Simpósio, que tem coordenação do médico Guilhardo Fontes Ribeiro, conta com o apoio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia. As inscrições para o evento, voltado para médicos e estudantes de medicina, são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (71) 2203- 8367, de segunda à sexta, das 7 às 14 h, ou pelo e-mail pneumohsi@scmba.com.br As vagas são limitadas.
“As doenças respiratórias podem ser divididas em alérgicas e infecciosas, embora em certos pacientes ambas as situações estejam presentes, aumentando o risco de complicações e criando um ciclo vicioso. As alergias favorecem as infecções assim como as infecções, especialmente as virais, agravam as doenças alérgicas”, explica o especialista.
Em Salvador a taxa de pacientes com rinite alérgica é próxima aos 40% em crianças de 6 a 7 anos, a maior entre as cidades brasileiras. A prevalência de asma brônquica no grupo etário de 13 a 14 anos é de 27,1%.
O frio torna as vias aéreas mais susceptíveis aos fatores ambientais, como ácaros, fumaça de cigarro, odores fortes (perfumes, incenso, detergentes), pelos ou proteínas liberadas por animais (como a da saliva do gato). No inverno, ocorre a chamada inversão térmica, o frio e o tempo nublado impedem a dispersão de poluentes na atmosfera, que permanecem em baixa altitude e em maior concentração, contaminando as pessoas e desencadeando crises alérgicas nos indivíduos geneticamente predispostos, como portadores de Asma, Rinite e DPOC (conhecida no passado como bronquite e enfisema).
“As infecções no inverno são mais preocupantes nos idosos e crianças, em função de alterações do sistema imunológico, particularmente na população de baixa renda,” esclarece Guilhardo Fontes.
O uso freqüente da automedicação, principalmente com antitérmicos, anti-inflamatórios, descongestionantes e analgésicos, pode mascarar o quadro clínico de muitas destas doenças, retardando o diagnóstico, além de poder desencadear efeitos colaterais graves. Segundo a OMS, 23% das internações hospitalares no Brasil são relacionadas ao uso inadequado de medicamentos, duas vezes mais que a estatística mundial, que é de 10% .
“Prevenir não é só melhor que remediar, é mais vantajoso. Então, se você antecipa o diagnóstico e inicia o tratamento mais precocemente, o resultado é sempre mais eficiente e mais barato que o tratamento em estados mais avançados. Infelizmente, não é o que ocorre na pratica diária, especificamente na população carente que carece de informação e acesso fácil ao médico,” afirma.