Profissionais ligados às áreas da saúde e educação estão preocupados sobre a possibilidade de crianças serem diagnosticadas e tratadas de maneira equivocada sobre o autismo. Para debater o assunto, acontece em Salvador o encontro internacional “Perturbações autísticas: dos novos conhecimentos às novas abordagens clínicas”, que será de 24 a 26 de abril, no Colégio Gregor Mendel (Unidade do Loteamento Aquarius), na Avenida Magalhães Neto – Pituba. O público-alvo são profissionais, pesquisadores e estudantes das áreas de saúde, educação e afins. Por ter número limitado de vagas, as inscrições precisam ser realizadas antecipadamente.

Um dos objetivos do encontro é orientar os profissionais para que redobrem a atenção no momento de fechar um diagnóstico clínico de Transtorno Autista. Radicada na França, a doutora em psicanálise e vice-presidente da Associação Preaut, Graciela Crespin, explica que a partir de maio de 2013, a Associação Americana de Psiquiatria publicou o DSM-5, um manual de diagnóstico e estatística que tem como proposta classificar e padronizar os distúrbios mentais. 

O documento aumentou a quantidade de sintomas que compõem o Transtorno do Espectro Autista. Assim, se o diagnóstico não for criterioso, pessoas com indicações que também podem ser características de outros transtornos, poderão ser diagnosticadas como autistas. Por exemplo, problemas psicóticos e distúrbios de linguagem podem fazer com que os seus portadores diminuam a interação com o meio social. Tais sintomas estão presentes no espectro autista, mas, ao mesmo tempo, os mesmos traços também podem ser encontrados em outras espécies de transtornos.  

Segundo a doutora em psicologia clínica, formada pela UFBA, Claudia Mascarenhas, durante o diagnóstico e tratamento, além da atenção criteriosa com o portador do transtorno, é necessário estender o cuidado aos familiares do paciente. Fragilizados pelo problema necessitam de acolhimento e orientação correta. Uma análise equivocada neste momento poderá trazer consequências negativas de grande proporção.

Outro problema mundial que preocupa parcela da comunidade científica internacional é a cultura da medicalização. Neste caso do DSM-5, por exemplo, quanto maior o número de pessoas diagnosticadas como autistas, maior será a ação da indústria de medicamentos na venda se seus produtos. Segundo o professor livre-docente da USP, Vladimir Safatle, em publicação na revista Cult, nº 184, aproximadamente 70% dos profissionais de saúde que trabalham com o DSM-5, tem em sua carreira recente vínculos financeiros com a indústria farmacêutica.

O Encontro Internacional que debaterá o assunto é coordenado pelo Instituto Viva Infância, uma organização do terceiro setor, de Salvador, sem fins lucrativos, que atende gratuitamente, por ano, mais de mil crianças e seus famílias de baixa renda.

 

Para repercutir o assunto sugerimos como fonte a psicóloga clínica Claudia Mascarenhas e a psicanalista Graciela Crespin.

Mini-currículo: Claudia Mascarenhas é psicanalista e doutora em psicologia clínica. Diretora clínica do Instituto Viva Infância. Membro do Espaço Moebius Salvador. Participou da elaboração, em abril de 2013, pelo Ministério da Saúde, do documento "Linhas de Cuidado para Atenção ás Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo e suas famílias no Sistema Único de Saúde".

Nos dias do Encontro Internacional a palestrante, doutora em psicanálise, Graciela Crespin, também estará disponível para entrevista.

Mini-Currículo: Graciela Crespin é nascida em Córdoba, Argentina, vive na França, onde é psicanalista. Membro da Associação Lacaniana Internacional, do grupo francês filiado à WAIMH (World Association for Infant Mental Health) e da Coordenação Internacional de Psicanalistas que se ocupam de crianças com autismo (CIPPA). Vice-presidente do PREAUT (www.preaut.fr) e é responsável por diversas iniciativas institucionais inovadoras que visam um olhar pluridisciplinar a crianças com TED/TSA

 

Serviço:

O que: Encontro Internacional “Perturbações autísticas: dos novos conhecimentos às novas abordagens clínicas”.

Quando: 24 a 26 de abril de 2014

Onde: Colégio Gregor Mendel (Unidade do Loteamento Aquarius) – localizado na Avenida Magalhães Neto, rua G, nº 63, Quadra 51 – Pituba.

Inscrições: R$ 300,00 (estudantes) e R$ 350,00 (profissionais).

Mais informações: http://www.vivainfancia.org.br/