Especialista alerta: asma é a quarta causa de internação no país, mas pode ser controlada com tratamento adequado
Carolina Campos , Salvador |
18/06/2013 às 12:17
Guilhardo Fontes Ribeiro
Foto: DIV
Próxima sexta-feira, dia 21, comemora-se o Dia Nacional de Controle da Asma. Quarta causa de internação no país, a doença atinge cerca de 20 milhões de brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, em 2011 a doença foi responsável por 174.500 mil hospitalizações. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 300 milhões de pessoas no mundo são portadoras de asma, sendo considerada um problema de saúde pública global e uma das mais frequentes causas de falta à escola e ao trabalho e diminuição da produtividade.
A doença, que pode ser controlada com o tratamento adequado e alguns cuidados, é responsável por cerca de 250 mil mortes prematuras a cada ano. No Brasil, cerca de três mil mortes por ano e oito por dia são registradas decorrentes das asma. Não é por acaso que o Dia Nacional de Controle da Asma é comemorado no mesmo dia de início do inverno, estação do ano que traz não apenas chuva, mas também o frio e provoca o aumento das doenças respiratórias em 35 a 50 % com consequente elevação do número de atendimento nas unidades de emergência. Segundo o pneumologista Guilhardo Fontes Ribeiro, “a asma continua sendo subdiagnosticada especialmente na população de baixa renda e dentre os idosos, já que nos mais velhos o chiado no peito e tosse são interpretados, muitas vezes, como ‘normais’ devido ao fato de terem fumado na juventude”.
Dificuldade para respirar, aperto no perto acompanhado, habitualmente, de chiado e tosse são alguns dos sintomas de uma crise asmática. Além de mudanças climáticas e infecções respiratórias, resfriados e gripes, o contato com agentes causadores de alergias, como mofo, poeira, fumaça, pelo de animais (gatos e cães) e perfumes, pode ajudar a desencadear uma crise de asma, que, em um grau mais avançado, pode levar às internações e causar a morte. Ambientes fechados com pouca renovação de ar e cheiros fortes também são fatores que podem desencadear as crises. A asma também pode ser desencadeada por fatores emocionais. “É importante lembrar que os portadores de asma têm uma hipersensibilidade das vias aéreas e podem apresentar reações como coriza, tosse e chiado no peito mesmo em ambientes onde outras pessoas não asmáticas sentem-se totalmente confortáveis”, explica o médico Guilhardo Fontes Ribeiro.
A estação mais fria do ano exige cuidados especiais para portadores de doenças respiratórias como a asma, a rinite e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) , dentre outras. O frio torna as vias aéreas mais susceptíveis aos fatores ambientais, como ácaros, fumaça de cigarro, odores fortes (perfumes, incenso, detergentes), pelos ou proteínas liberadas por animais (como a da saliva do gato). No inverno, ocorre a chamada inversão térmica, o frio e o tempo nublado impedem a dispersão de poluentes na atmosfera, que permanecem em baixa altitude e em maior concentração, contaminando as pessoas e desencadeando crises alérgicas nos indivíduos geneticamente predispostos.
Quase 90% dos portadores de asma têm rinite e 40% dos pacientes portadores de rinite grave têm ou poderão ter asma se não tratados. Na verdade a asma e a rinite são doenças inter-relacionadas. Em Salvador a taxa de pacientes com rinite alérgica é próxima aos 40% em crianças de 6 a 7 anos, a maior entre as cidades brasileiras. A prevalência de asma brônquica no grupo etário de 13 a 14 anos é de 27,1%.
O uso freqüente da automedicação pode mascarar o quadro clínico das doenças respiratórias, retardando o diagnóstico, além de poder desencadear efeitos colaterais graves. Segundo a OMS, 23% das internações hospitalares no Brasil são relacionadas ao uso inadequado de medicamentos, duas vezes mais que a estatística mundial, que é de 10% .
“Prevenir não é só melhor que remediar, é mais vantajoso. Então, se você antecipa o diagnóstico e inicia o tratamento mais precocemente, o resultado é sempre mais eficiente e mais barato que o tratamento em estados mais avançados. Infelizmente, não é o que ocorre na pratica diária, especificamente na população carente que carece de informação e acesso fácil ao médico,” afirma o especialista Guilhardo Fontes.